Diogo Dantas - O Globo
William Rogatto, conhecido como o "Rei do rebaixamento", foi detido em Dubai, nos Emirados Árabes, na manhã desta sexta-feira, pela Interpol.
Ele é acusado pelo Ministério Público do Distrito Federal de manipulação de jogos no Campeonato Brasiliense de Futebol quando era gestor do clube Santa Maria (DF).
A Polícia Federal (PF) foi informada da detenção pelo senador senador Carlos Portinho (PL-RJ) , membro da CPI no Senado investiga a manipulação de apostas e resultados esportivos.
O senador trocou informações com a PF, com o propósito de viabilizar a extradição do ex-empresário e um acordo de delação premiada, além da apresentação das provas que William Rogatto disse possuir.
Em audiênica, o “Rei do Rebaixamento” afirmou ter provocado 42 quedas em 26 estados brasileiros. O réu ainda expôs que comprava árbitros, jogadores, dirigentes e presidentes de clubes.
A partir daí, os senadores iniciariam articulações para localizá-lo, já que estava foragido fora do Brasil.
R$ 300 milhões faturados
Rogatto afirmou ter faturado algo em torno de R$ 300 milhões com manipulações de resultados que culminaram em 42 rebaixamentos, nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, e em nove países, como a Colômbia. O mais recente deles foi o do Santa Maria (DF), que fez apenas três pontos no Estadual deste ano e caiu na última colocação.
A suspeita de manipulação no Santa Maria ligou o alerta no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que aponta Rogatto como chefe do esquema e responsável por influenciar em pelo menos dois jogos do campeonato. Ele assumiu o cargo de gestor do clube candango, oferecendo garantias de que montaria uma equipe competitiva para o Estadual, mas acabou enfraquecendo o elenco e convencendo jogadores a adulterarem resultados.
Segundo o Ministério Público, dois atletas do Santa Maria estão sendo investigados por agirem “de forma deliberada” para manipular placares de jogos do Candangão 2024.
– (Sou) Réu confesso, totalmente. Comecei a trazer jogadores de nome, mostrando para ela (Dayana) que eu iria fazer um excelente campeonato. Daqui a pouco, eu falei que meus jogadores de nome não tinham condições de ir, mas que ia dar tudo certo. E, infelizmente, eu vim a rebaixar o Santa Maria. Desculpa, mais uma vez, peço perdão para as pessoas... — relatou Rogatto.
O empresário tem 34 anos, reside em Portugal, e depôs à CPI por meio de videoconferência. Sua carreira no mundo das apostas se iniciou em 2009, quanto tinha 19 anos e voltou de uma viagem a Las Vegas — cidade dos EUA conhecida pelos jogos de azar — convencido a investir no ramo.
— Eu rebaixei 42 clubes no Brasil. Eu só posso ganhar dinheiro com eles caindo — frisou Rogatto. — Quando eu comecei, eu comecei sozinho, mas a ganância me dominou. Para isso, eu tinha que colocar mais algumas pessoas no sistema. As pessoas viam que era lucrativo, e centenas e centenas de empresários investiram em meu negócio. Eu tinha meus jogadores, meus atletas e entrava nos clubes, enganava alguns presidentes e alguns compactuavam comigo.
A ficha pregressa de Rogatto é vasta, tendo ordens de busca, apreensão e prisão preventiva por parte da Justiça. Porém, como ele mora fora do Brasil, nunca puderam ser cumpridas.
No ano de 2020, foi investigado por tentar convencer atletas a manipularem jogos da Série A3 do Paulista, oferecendo suborno através de mensagens. Ele também disse à CPI que pagava árbitros com valores muitos maiores na comparação com o que estes faturavam ao apitar jogos.
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