Quarta-Feira, 25 de dezembro de 2024

Postado às 10h00 | 02 Dez 2024 | redação Expulsão precoce é o último obstáculo vencido pelo Botafogo em título épico

Crédito da foto: Antonio Lacerda/EFE Gatito Fernández, Tchê Tchê e Marlon Freitas erguem taça do título do Botafogo na Libertadores

Por Sergio Santana — ge

A trajetória do Botafogo na Conmebol Libertadores começou em 21 de fevereiro contra o Aurora, em Cochabamba, na Bolívia. Dezessete jogos e nove meses depois, o Alvinegro sagrou-se campeão pela primeira vez ao vencer o Atlético por 3 a 1. Por si só, este seria um roteiro considerável. Mas tem coisas que só acontecem com esse clube.

Ter um jogador expulso com 35 segundos em uma final talvez seja a última coisa que qualquer treinador queira. Gregore, em entrada no mínimo imprudente, acertou a sola do pé em Fausto Vera e levou cartão vermelho.

O movimento natural seria colocar mais um volante e tirar um jogador do quarteto ofensivo para recompor o meio-campo. Artur Jorge arriscou e apostou que os atletas que já estavam em campo iriam se sobrepor ao espaço deixado pelo camisa 26.

Marlon Freitas assumiu postura mais defensiva no meio e Savarino recuou para função mais central no setor, tendo papel de auxiliar a marcação e ser o responsável pelas rápidas escapadas ao ataque. Ao mesmo tempo, Almada e Luiz Henrique também foram mais para o sistema defensivo, com os laterais assumindo um posicionamento mais central no miolo da defesa.

Ao congestionar o meio, o Botafogo travou o Galo e obrigou o rival a praticamente cruzar a bola na área. O Atlético alargava bastante o campo, e Guilherme Arana e Hulk por vezes apareciam quase parados na lateral do campo. Sem espaço na faixa central, as bolas alçadas na área eram a única opção - e quase sempre cortadas por Barboza e Adryelson.

O tempo passou - e virou aliado do time de Artur Jorge. Aos poucos, o time foi entendendo quais espaços tinha para explorar. Após uma conversa à beira do gramado, o português acumulou jogadores do mesmo lado para bagunçar a defesa adversária. Assim nasceu o primeiro gol: Almada e Luiz Henrique se juntaram e, após rebater no argentino na pequena área, o camisa 7 completou para o fundo das redes.

A vantagem no placar mudou a tônica do jogo: o Atlético-MG teve quase 80% de posse de bola, mas pouco intensificou isto em chances perigosas de jogo. Quase sempre buscando alternativas para alçar jogadas na área, fazia justamente o cenário que o Botafogo queria.

Com campo aberto para contra-atacar, o time carioca foi feliz em mais duas oportunidades: a defesa do Galo dormiu, Luiz Henrique chegou primeiro que Arana e sofreu pênalti de Everson - Alex Telles converteu. No fim da partida, já em momento de mais pressão do Galo na busca do empate, Júnior Santos contou com o brilho individual para confirmar a conquista.

O Botafogo é apenas o segundo clube a ser campeão da Libertadores começando na fase preliminar - o primeiro a passar por duas fases pré antes de chegar no confronto por grupos. A trajetória de nove meses coroa um time que, por mais que tenha passado por altos e baixos dentro da cabeça, foi merecedor do título.

Das duas derrotas seguidas nos primeiros jogos da fase de grupos, mudanças de treinador no início da competição, enfrentar o principal algoz já nas oitavas de final, perder o lateral-direito titular no fim da janela e lidar com clima hostil no Uruguai, a expulsão precoce de Gregore pareceu apenas mais um capítulo das dificuldades superadas pelo clube na busca pela glória eterna.

Tags:

Botafogo
Atlético-MG
Libertadores

voltar