Sexta-Feira, 07 de fevereiro de 2025

Postado às 08h30 | 07 Fev 2025 | redação Estádio Nogueirão completa 1 ano fechado prejudicando clubes, torcidas e o comércio

Prefeito Allyson Bezerra municipalizou o Nogueirão prometendo revitalizar o estádio, mas abandonou a principal praça de esportes de Mossoró. O prefeito tem a intenção de entregar para a iniciativa privada a área do Nogueirão avaliada em R$ 45 milhões

Crédito da foto: @marretadrone Imagens aéreas mostram o cenário de caos

Marcos Santos – Jornal de Fato

O Estádio Municipal Leonardo Nogueira completa, nesta sexta-feira, 7, um ano fechado. Mais do que isso, encontra-se totalmente abandonado: o gramado desapareceu e a estrutura física se deteriorou ainda mais nos últimos anos devido à falta de manutenção. Imagens aéreas revelam um cenário de descaso e abandono.

Gerido pela Prefeitura de Mossoró desde sua municipalização, há quase quatro anos, o Nogueirão foi anunciado com entusiasmo pelo prefeito Allyson Bezerra. Na época, ele registrou nas redes sociais, com pompa, que “o mossoroense pode ter orgulho de ter um estádio, de apoiar os clubes da cidade e ter a certeza de que o esporte está sendo valorizado em Mossoró. O Nogueirão é do povo mossoroense”.

Até agora, porém, as promessas não saíram do papel.

Antes da municipalização, a administração do estádio estava a cargo da Liga Desportiva Mossoroense (LDM), e embora já apresentasse problemas estruturais, nunca ficou fechado por tanto tempo. No início, a municipalização foi recebida com otimismo pela comunidade esportiva, que deu um voto de confiança à gestão municipal. Hoje, cansados de esperar, desportistas cobram medidas urgentes e concretas.

Diante do descaso, um novo manifesto está programado para esta sexta-feira, às 16h, em frente ao Nogueirão, na Avenida João da Escóssia, bairro Nova Betânia. A convocação, amplamente divulgada nas redes sociais, é assinada por um grupo de desportistas.

“Convidamos toda a comunidade esportiva para um movimento em prol do Nogueirão. Chamamos a imprensa, gestores, atletas, ex-atletas, vendedores ambulantes e desportistas em geral — sejam do Potiguar, Baraúnas ou Mossoró EC — a comparecer nesta sexta-feira (7/2/2025), às 16h, em frente ao estádio. Ainda há tempo, vamos salvar o Nogueirão! Ele ainda pulsa com o calor do esporte mossoroense”, destaca o convite.

Recentemente, protestos ganharam força na Arena das Dunas, em Natal, durante jogos de Potiguar e Baraúnas. No clássico “Potiba”, jogadores das duas equipes entraram em campo segurando cartazes com mensagens de repúdio, algumas em tom irônico. O protesto também se espalhou pelas arquibancadas da Arena, onde faixas exibiam frases como:

“Prefeito malvado”; “E o Oscar de coveiro do esporte vai para: Allyson Bezerra”; “Esporte é direito, não um favor”; e “1 ano sem estádio, 1 ano de vergonha!”

No duelo entre Potiguar e América, também na Arena, os jogadores do time mossoroense entraram em campo com tarjas pretas no braço, simbolizando luto, e exibiram uma faixa com a frase: “O único time que joga no Nogueirão é o abandono, e ele goleia todo dia.”

INTERDIÇÃO E DESCASO

O Estádio Nogueirão está interditado pela Justiça desde 7 de fevereiro de 2024, após a Prefeitura ignorar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e não realizar uma simples obra de acessibilidade. A gestão municipal teve dois anos (2022 e 2023) para cumprir a exigência, mas não o fez. Diante da omissão, a Justiça atendeu a uma ação movida pelo Ministério Público (MP) e determinou a interdição do estádio.

A situação se agravou ainda mais três dias depois, no sábado de Carnaval, quando a marquise do estádio desabou após uma forte chuva. A estrutura caiu na rua Dedé Chatim, do lado externo do estádio, assustando os moradores. A marquise, instalada há 20 anos, já necessitava de manutenção há tempos. O incidente levou a Defesa Civil a reforçar a interdição do campo, evidenciando o estado crítico do Nogueirão.

SEM DIÁLOGO E PREJUÍZOS

No ano passado, dirigentes de Baraúnas e Potiguar tentaram agendar uma audiência com o prefeito Allyson Bezerra para discutir a reabertura do Nogueirão, ainda que em condições mínimas. No entanto, o gestor evitou o diálogo. A proposta visava reduzir os custos adicionais gerados pela necessidade de jogar fora de Mossoró, o que, desde março de 2024, tem imposto despesas extras com transporte e hospedagem.

Diante da recusa do prefeito, Potiguar e Baraúnas foram obrigados a "se transferir" para Natal e Assú, onde passaram a mandar seus jogos e realizar seus treinamentos durante o Campeonato Estadual. Com isso, a torcida mossoroense ficou privada de acompanhar de perto suas equipes.

O impacto do fechamento do Nogueirão vai além dos clubes, torcedores e da imprensa esportiva. Diversos setores da economia formal e informal também sofrem prejuízos, afetando ambulantes, comerciantes e prestadores de serviços que dependiam do movimento gerado pelos jogos no estádio.

PROMESSA E ANÁLISE JUDICIAL

Nas últimas entrevistas concedidas a meios de comunicação parceiro, o prefeito Allyson Bezerra continua prometendo a construção de um novo estádio, mas sem apresentar detalhes concretos sobre o projeto.

Enquanto isso, a Justiça analisa uma ação movida pela Liga Desportiva Mossoroense (LDM), que reivindica a retomada do controle do Nogueirão. No processo, a entidade alega que a reversão do estádio feita pela Prefeitura apresenta falhas graves, incluindo a suposta falsificação de assinaturas.

 

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