“Suportar o presente para viver o propósito”, é com esta frase que o meia Wilson tem enfrentado e vencido os obstáculos encontrados no futebol do Oriente Médio.
Há pouco mais de oito meses, o mossoroense, de 28 anos, defende o Al Sulaibikhat, clube do Kuwait. A primeira temporada tem sido de aprendizado, mas também de boas atuações para o jogador, que utiliza a camisa 96 na liga nacional do país.
“Não tenho feito muitos gols, mas tenho realizado assistências, como sempre, sendo o garçom. Sou o líder da equipe nesse quesito. Os árabes jogadores estão contentes com o meu desempenho. Para eles, eu sou o craque do time, apesar de não usar a camisa 10. Eles cobram isso (usar a 10). Graças a Deus, estou fazendo grandes jogos e ajudando à equipe, com a confiança de todos”, destacou.
Wilson concedeu entrevista ao repórter Júnior Ribeiro, da TCM. O atleta conta que, fora de campo, a língua nativa do Kuwait e a culinária do país árabe exigiram mudanças na adaptação. Aos poucos, ele vem superando todas as barreiras.
“Para mim, achei que iria pesar (adaptação), pois saí do futebol amador e não tive tanto estudo. Aqui, usam o inglês e a língua árabe. Pouco a pouco, aprendi no dia a dia e consigo me comunicar em campo e fora dele. A questão alimentar pesa, mas estou me adaptando bem”, ressalta.
Além da adaptação, a principal oportunidade da carreira exigiu renúncias do atleta. A distância da esposa e dos filhos pesa na rotina, mas como ele mesmo afirma, “suportar o presente é o caminho para se viver o propósito”.
“Todos que me conhecem sabem o quanto eu sou um ‘cara família’. Prezo muito pelos filhos e a minha esposa. De início, foi isso (distância) o que pesou mais. Mas foi uma oportunidade que eu sempre pedi a Deus, que pudesse de fato mudar a minha vida. Rodei muito no Nordeste, e no Potiguar, que é um clube que sempre abriu as portas para mim. Graças a Deus, através de Romeu (ex-companheiro de Potiguar) e do seu empresário, Marcelo Rincon, essa porta se abriu e eu agarrei. Hoje, estou muito feliz”, afirma.
Um dos sonhos que estão sendo concretizados por Wilson é a construção de um novo lar para a família, algo que, segundo ele, sempre almejou realizar.
“Todo atleta pensa em dar algo a mais para família. Essa oportunidade tem mudado a minha vida. Dia após dia, os sonhos estão sendo realizados, estou muito feliz de poder realizar. Tudo é por eles, eles sabem disso”, ressalta.
ATLETA RECEBE APOIOS E LAMENTA SITUAÇÃO DO FUTEBOL MOSSOROENSE
Além dos familiares, Wilson segue em contato com os amigos por meio das redes sociais. Em dias de jogos, não falta apoio, mesmo à distância.
“Eu fico feliz, pois mesmo longe, o pessoal me acompanha, pede link dos jogos, pergunta se eu estou bem. Fico feliz que existem pessoas que torcem por mim”, agradeceu.
Ex-jogador do Potiguar e do Mossoró Esporte Clube, Wilson também demonstrou preocupação com a situação atual do futebol local. Ele pede união dos clubes e do Poder Público para que os clubes possam vier dias melhores.
“Tenho acompanhado o futebol mossoroense, pois foi de onde eu saí. Acompanhei Potiguar e Baraúnas. O Potiguar fez um campeonato razoável, na medida do possível. Fico triste pelo Baraúnas, que foi rebaixado. Uma força a menos do interior e da nossa cidade na competição. Torço por dias melhores e que as coisas venham a acontecer para melhor. É preciso um esforço não só dos clubes em si, mas também do Poder Público. É preciso juntar as forças para que os clubes possam dar a volta por cima”, disse.
O futebol local está sem estádio há mais de um ano, após a interdição judicial do Leonardo Nogueira, o que, em parte, resultou no rebaixamento do Baraúnas para a segunda divisão.
O Nogueirão é gerido pela Prefeitura de Mossoró e sua interdição foi devido à gestora ter descumprido o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) por não realizar simples obra de acessibilidade.
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