Por Thiago Lima — ge
A torcida rubro-negra ficou mal-acostumada durante a semana. Afinal, quarta-feira passada o Flamengo foi quase impecável, aproveitou seis das sete chances que teve no jogo e goleou o Juventude no Maracanã. Mas três dias depois a sina do ataque voltou. O time dominou o clássico contra o Vasco na noite de sábado, mas não tirou o zero do placar em um empate frustrante.
Frustração porque a equipe pode perder a liderança do Campeonato Brasileiro neste domingo se Palmeiras ou Fluminense vencer. E também porque tropeçou usando sua força máxima e agora vai para a altitude de Quito enfrentar a LDU, em jogo-chave para o Flamengo na Libertadores, tendo que administrar tanto o desgaste físico quanto a queda de confiança ofensiva.
Scout - Vasco x Flamengo
Quesito | Vasco | Flamengo |
Posse de bola | 41% | 59% |
Finalizações (no alvo) | 6 (2) | 15 (7) |
Chances de gol* | 3 | 7 |
Passes (precisão) | 321 (80%) | 548 (89%) |
Desarmes | 19 | 17 |
Escanteios | 2 | 11 |
Faltas | 14 | 10 |
Impedimentos | 1 | 1 |
Fonte: ge (*leitura do autor)
Porém, deixemos o papo Libertadores para depois. Voltando ao clássico, não dá para dizer que o Flamengo teve uma grande atuação, mas foi superior ao Vasco na maior parte do tempo. Teve 59% de posse de bola contra 41%; finalizou mais que o dobro do rival (15 a 6) e criou sete chances de gol. Nas redes sociais, o clube elogiou Léo Jardim o chamando de Neuer, campeão do mundo pela Alemanha. Mas nem todas oportunidades despediçadas estão na conta do goleiro.
Como, por exemplo, aconteceu na primeira oportunidade rubro-negra clara no jogo. Com só sete minutos, Arrascaeta deixou Michael na cara do gol e com bom ângulo para o chute, mas o atacante finalizou no meio, em cima de Léo Jardim.
Aos 21, De la Cruz apareceu como elemento surpresa na linha de fundo e cruzou bem, na cabeça de Gerson. O meia veio de trás e cabeceou forte e no canto, mas Léo Jardim defendeu no reflexo. Mérito total do goleiro nessa.
Sete minutos depois, o próprio Gerson tabelou bonito com Bruno Henrique, recebeu de volta na área e chegou batendo de primeira, uma bomba de canhota. Mas pegou muito embaixo da bola, que subiu demais e saiu por cima do travessão.
Já no segundo tempo, após escanteio cobrado por De la Cruz, Bruno Henrique subiu mais que todo mundo na área. Mas, ao tentar um movimento para cabecear no canto, ele só raspou na bola e quase furou a cabeçada.
Aos 28, Wesley cruzou na medida, Pedro ganhou de Lucas Freitas na cabeça e quase conseguiu tirar do goleiro, que foi buscar com mais uma grande defesa.
Seis minutos depois, outra chance na bola parada: Arrascaeta cobrou falta na cabeça de Plata, mas ele cabeceou muito mal, por cima do gol.
E aos 50, Pulgar fez uma belíssima tabela com Plata e com um toque de letra deixou Pedro em condições de dominar e finalizar na área. O chute saiu forte, mas no meio do gol, facilitando a vida de Léo Jardim.
Em termos de "jogo jogado", o Flamengo viveu seu melhor momento nos primeiros 30 minutos de jogo, quando encontrou espaços muito em função da vantagem numérica que Arrascaeta e Michael faziam em cima de Paulo Henrique na esquerda (Rayan saltava para pressionar Ayrton Lucas na saída e deixava um buraco).
Por ironia do destino, foi nesse mesmo recorte da partida que o Vasco teve a melhor chance do jogo, com Rossi fazendo milagre no chute de Nuno aos 14 minutos. Antes, Paulo Henrique já tinha acertado um balaço na trave. O Flamengo, que marca por zona, deu muita liberdade para Coutinho no primeiro tempo.
Apesar do domínio territorial do Flamengo ter sido muito maior no segundo tempo, como deu para perceber acima as chances nesta etapa foram quase todas na bola aérea ou parada. O Vasco se fechou para segurar o empate e congestionou a entrada da área. Uma alternativa para não ficar só no chuveirinho poderia ter sido apostar mais nos bons chutes de média e longa distância de Luiz Araújo, mas ele não saiu do banco desta vez.
Filipe Luís e companhia tiveram que se contentar com um empate amargo e a sensação de dois pontos perdidos. Mas sequer terão tempo de lamentar muito o resultado. Na tarde deste domingo, o Flamengo já viaja para o Equador, onde na terça-feira, às 19h (de Brasília), enfrenta a LDU nos 2.850m de altitude de Quito, no confronto considerado o mais difícil da fase de grupos.
E por que esse é um "jogo-chave" para o Flamengo? Como perdeu em casa para o Central Córdoba no Maracanã, o time saiu da zona de classificação para as oitavas de final e faz as duas próximas rodadas fora de casa. Uma derrota deixaria o Rubro-Negro quatro pontos atrás da LDU e, possivelmente, também da equipe argentina, que vai jogar em casa contra o lanterna Deportivo Táchira.
No Brasileirão, o Flamengo foi a 11 pontos e dormiu na liderança, mas pode cair até para terceiro lugar dependendo dos resultados deste domingo. Na próxima rodada, o Rubro-Negro recebe o Corinthians no Maracanã no dia 27. Os jogadores se reapresentam na manhã deste domingo para mais um treino no Ninho do Urubu antes da viagem rumo ao Equador.
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