Quarta-Feira, 30 de abril de 2025

Postado às 17h45 | 29 Abr 2025 | redação Contas do primeiro ano da gestão Augusto Melo no Corinthians são reprovadas

Crédito da foto: Reprodução Augusto Melo, presidente do Corinthians

Por Bruno Cassucci e José Edgar de Matos —  ge

As contas do primeiro ano da gestão Augusto Melo no Corinthians foram reprovadas na noite de segunda-feira. Seguindo recomendação de dois órgãos de controle interno do clube, o Conselho Deliberativo impôs uma derrota expressiva à diretoria alvinegra:130 a 73 votos, com seis abstenções.

Horas antes da votação ocorrida no Parque São Jorge, o Conselho de Orientação (CORI) emitiu um parecer no qual fez alertas sobre a saúde financeira do Corinthians e alegou falta de acesso a documentos para recomendar a reprovação do balanço de 2024.

O contrato do atacante Memphis Depay e faturas de cartão de crédito corporativo estão entre os documentos que o CORI diz não ter recebido da diretoria (veja mais detalhes abaixo).

Na sexta-feira passada, os três membros do Conselho Fiscal já do clube já tinham recomendado a reprovação das contas por unanimidade. Eles também alegaram falta de apresentação de documentos, além de descumprimento de regras.

Apesar dos pareceres, o Conselho Deliberativo poderia aprovar as contas do Corinthians em 2024. Entretanto, mais de 60% dos membros do colegiado se manifestaram de forma contrária.

Responsável por apresentar o balanço aos conselheiros na segunda-feira, o diretor cultural Raul Corrêa enxergou o resultado da votação como algo "político".

A reprovação das contas deve ensejar novo processo de impeachment contra Augusto Melo. O presidente, por sua vez, minimizou:

– A gente está muito tranquilo, está tudo de boa, está tranquilo. Agora é provar na (Comissão de) Ética o que teve de documentos, tudo certinho – disse o presidente, ao deixar o Parque São Jorge, em breve fala à página "Identidade Corinthiana".

 

Contrato de Memphis e cartões de crédito

No parecer do Cori ao qual o ge teve acesso, o órgão lista uma série de motivos pelos quais julga ter havido "gestão temerária" de Augusto Melo. Entre eles está o aumento do passivo em R$ 829 milhões em apenas um ano e falta de documentos relacionados a gestão do futebol e outras áreas do clube.

O Cori alega não ter recebido respostas dos ofícios enviados sobre as faturas dos cartões de crédito no valor de R$ 2,8 milhões, até junho de 2024. Posteriormente, o gasto chegou a R$ 4,8 mi, com “divergências não discriminadas até os dias atuais”, segundo o órgão.

contrato de Memphis Depay, que pode alcançar R$ 120 milhões com bônus, também não teria sido apresentado segundo o CORI.

– Tendo em vista os relevantes valores de pagamentos ao jogador divulgados pela imprensa não pudemos opinar sobre a valores pagos pelo patrocinador e pagos pelo clube que podem ter impacto relevante junto aos valores orçados e impacto no fluxo de caixa do clube – diz trecho do parecer.

Os conselheiros também alegaram que não receberam explicações sobre como foi usado o empréstimo de R$ 150 milhões captado da XP, com garantia do contrato com a Liga Forte União. O Cori afirma que, com a falta de informações sobre o assunto, o trabalho de fiscalização foi limitado.

Outros pontos relevantes citados no relatório que recomendou a reprovação do balanço são:

Falta de providências jurídicas em relação aos distratos com os patrocinadores Pixbet e VaideBet;

Relatório sobre utilização de materiais esportivos - segundo o CORI, há notas fiscais que totalizam R$ 12 milhões, o triplo do valor estipulado em contrato;

Ausência de divulgação dos balancetes financeiros mensais;

Falta de atualização e/ou revisão do orçamento do clube;

Existência de divergência de saldos entre os controles gerencias e de sistema;

Contratação de empresa de auditoria de forma tardia;

Falta de reconhecimento dos Demonstrativos Contábeis da Neo Química Arena junto aos do clube

 

Gasto excessivo no futebol e desrespeito ao Profut

Parque São Jorge, sede do Corinthians — Foto: Bruno Cassucci

Parque São Jorge, sede do Corinthians — Foto: Bruno Cassucci

O Conselho Fiscal do Corinthians, em relatório, aponta gastos acima da previsão orçamentária. Nas despesas financeiras, por exemplo, o órgão aponta R$ 112 milhões além do orçado.

Em relação às despesas operacionais (gastos com pessoal, gerais e administrativo, jogos e serviços), o valor apresentado foi de R$ 58 milhões a mais do que o orçado.

– Não houve revisão do orçamento na metade do ano, como previsto em estatuto. Tal ausência de revisão orçamentária, em tese, culminou no desrespeito de tal orçamento a que estava a DF (Diretoria Financeira) estava vinculada, em especial as despesas financeiras e operacionais, como relatado – argumenta o Conselho Fiscal no parecer.

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