Por Bruno Gutierrez — ge
A queda na Copa do Brasil deixa uma sensação de fim de temporada para o Santos. A eliminação precoce para o CRB, nesta quinta-feira, ainda na terceira fase da competição - a primeira que o Peixe disputou, tem peso esportivo, psicológico e financeiro.
O Santos havia ficado fora da Copa do Brasil em 2024 por causa de uma péssima campanha no Campeonato Paulista e o rebaixamento no Campeonato Brasileiro do ano anterior. Quando conquistou a classificação para a disputa desse ano, o discurso era de que o clube estava voltando ao lugar que não deveria ter saído. Contudo, foi apenas isso, um discurso.
O Peixe enfrentou a realidade e, sem conseguir ser competitivo ou agressivo em praticamente 160 dos 180 minutos contra o CRB, acabou por sucumbir contra o rival nas cobranças de pênaltis.
A impressão deixada ao apito final é de que a temporada acabou. Resta apenas a luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Faltam 31 rodadas ainda, é verdade, mas o Santos não dá sinais convincentes de fará algo diferente do que fez até o momento.
Na parte financeira, o Santos deixa de receber R$ 3.638.250,00 por não avançar para a próxima fase. Perde, também, a chance de maiores premiações caso seguisse avançando na Copa do Brasil. Como a competição é a que melhor remunera os clubes no país, a queda ainda na terceira fase pesa muito no planejamento de um clube que vive no limite de sua saúde financeira.
Em relação à parte esportiva, o Santos chega em junho com um cenário como foi o do ano passado, com apenas uma competição pela frente. Com a janela do meio de temporada batendo à porta, o calendário do Peixe deixa de ser atrativo comparado aos rivais. O clube deixa de ser uma vitrine importante.
Porém, a parte psicológica é que mais pesa neste momento. O Santos tem peças interessantes como Zé Rafael, Rollheiser, Tiquinho Soares, Deivid Washington, Soteldo e Barreal, além, claro, de Neymar. Mas parece que, sem o craque em campo, a equipe não tem poder ofensivo algum. É um time que sem o camisa 10 sofre demais para criar e ameaçar a defesa rival.
O Santos mudou o treinador, mas é preciso mais do que isso para atravessar a má fase. É preciso um choque de temperamento em campo, uma alteração de postura radical. O Santos precisa viver o futebol e não apenas sobreviver.
É um time que começa bem as partidas, mas vai se apequenando em campo com o passar do relógio. Se o gol não sai, a ansiedade toma conta, os erros vão acontecendo em escala e, se Gabriel Brazão não evitar, o gol adversário sai.
O jogo contra o CRB parecia ter o mesmo roteiro. O que evitou o pior (no tempo normal) foi a entrada de Neymar. Em poucos toques, o camisa 10 deixou os companheiros por três ou quatro vezes na cara do gol. Faltou capricho para o gol sair. Um Neymar só não faz um Santos vencedor.
CRB x Santos: Danielizinho quase marca para o Galo — Foto: Ailton Cruz
O craque deu a letra no fim da partida. Não pode depender só dele. Esse elenco tem três jogos para provar que é tão capacitado quanto o camisa 10 para sair dessa má fase. Em outros momentos, Neymar demonstrou uma postura mais serena sobre a possibilidade de seguir no Santos. Após o jogo contra o CRB, a sensação foi que, se os demais atletas também não ajudarem, a sequência dele no clube fica em risco.
Seria um cenário perfeito para uma tragédia que vem se construindo desde o início do Campeonato Brasileiro. Se já está difícil o Santos sair dessa fase tendo Neymar, sem ele a missão se tornaria bem mais complicada.
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