O principal patrimônio do ABC de Natal, o Estádio Maria Lamas Farache (Frasqueirão), corre o risco de ser penhorado para pagamento de dívidas trabalhistas. O alerta é do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RN) em virtude de o clube está descumprindo os acordos realizados no órgão em várias ações trabalhistas.
O juiz Michael Knabben abriu prazo para a diretoria do ABC justificar o não pagamento de parcelas das dívidas. Knabben foi responsável pelas negociações realizadas no ano passado, que livrou o Frasqueirão de ir à leilão.
O magistrado, em seu despacho, observou que o ABC apresentou, em uma petição, no próprio juízo trabalhista, uma planilha com uma folha de pagamento somando R$ 320 mil, o que supera o esperado pelo juiz em relação ao equilíbrio das contas do clube. Knabben desconfiou que o Alvinegro estivesse “revisitando” os antigos processos desde janeiro e exigiu explicações e providências.
“Apenas dos campos salários e direitos de imagem, e apenas do futebol profissional e comissão técnica somam mais de 320 mil reais para o mês de março/2020”, escreveu o magistrado.
No entendimento do juiz, a diretoria do ABC não aplicou um planejamento adequado à sua condição financeira. Knabben pontua que o orçamento 2020 do alvinegro não poderia contar com previsão de recursos oriundos do Timemania, uma vez que esses valores estavam empenhados para pagamento dos acertos trabalhistas com a Justiça.
No despacho, o juiz destacou: “O time, a comissão técnica, os funcionários em geral, as despesas, enfim, o todo, precisaria se adequar ao novo retrato econômico-orçamentário do clube para 2020”.
Segundo a diretoria, a crise financeira se agravou quando a Caixa deixou de realizar os repasses da Timemania. Quando foi citado pela Justiça, o clube justificou que as cotas estavam sendo usadas para cobrir a falta de pagamento das obrigações junto ao INSS e FGTS, que estavam em atraso. Existe uma cláusula, segundo o clube, que dá preferência ao pagamento dos tributos federais.
Outro ponto observado pelo juiz, para não aceitar o argumento da diretoria de que a crise advém da pandemia do novo coronavírus, é que a crise no ABC vem de longas datas e tem se agravados nos últimos anos.
Por fim, o juiz trabalhista deixa claro que se o ABC não encontrar uma solução para honrar os compromissos assumidos com a própria Justiça do Trabalho, a saída será penhorar o patrimônio do clube.
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