A Interpol prendeu o empresário inglês Anthony Armstrong Emery. A prisão do ex-presidente do Alecrim aconteceu na última terça-feira, 27, nos Emirados Árabes Unidos. Ele tem mandado de prisão expedido pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte e estava foragido desde março deste ano.
Ele e mais sete pessoas foram denunciadas por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro. De acordo com o MPF, o grupo desviou pelo menos R$ 75 milhões de quase dois mil investidores que achavam que estavam aplicando dinheiro em construção de moradias do programa Minha Casa Minha Vida no Rio Grande do Norte, entre 2012 e 2014.
Os procuradores dizem que, através do chamado Grupo Ecohouse, o empresário inglês e sua enteada e principal sócia prometiam aos investidores ganhos de 20% por ano. A rentabilidade viria da construção e venda de moradias populares dentro do programa “Minha Casa, Minha Vida”, no Rio Grande do Norte.
Também foram alvos de denúncia cinco contadores que assinavam como “profissionais independentes” as declarações (107, ao todo) que atestavam o suposto andamento das obras. Os procuradores alegam que eles nunca nem mesmo visitaram os canteiros e as declarações falsas ajudavam a ludibriar os investidores.
A denúncia é fruto da chamada Operação Godfather, deflagrada em 2014, cujas investigações tiveram início a partir de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A nomenclatura faz alusão ao título em inglês dos famosos livros e filmes cujo nome em português, “O Poderoso Chefão”, se tornou apelido de Anthony Armstrong no RN.
Mais de 1800 investidores teriam sido lesados
O MPF detalha que o esquema prejudicou até 1.500 investidores de Singapura e aproximadamente 350 do Reino Unido. Embora eles tenham passado pelas contas do Grupo Ecohouse R$ 75 milhões em dois anos e meio, há relatos de prejuízos ainda maiores. Uma advogada que representa 400 clientes de Singapura calcula em R$ 64 milhões o prejuízo deles.
Já no Reino Unido, onde Armstrong foi condenado em março de 2019 pela Suprema Corte Britânica, o prejuízo estimado no processo (em relação aos 350 investidores locais) foi de aproximadamente R$ 120 milhões. Por lá, cada interessado investia 23 mil libras esterlinas, enquanto em Singapura cada cota era vendida por 46 mil dólares de Singapura.
Ainda segundo o MPF, os valores empregados não foram registrados na contabilidade do clube, que ao final o empresário abandonou, deixando para trás uma série de ações trabalhistas e uma mancha na reputação do time.
Um montante de cerca de R$ 1 milhão teria sido gasto na promoção da Copa Ecohouse, que reuniu 16 clubes em 2013, incluindo alguns dos maiores do Nordeste e o clube carioca Fluminense. Todo esse investimento visava à divulgação da imagem de Armstrong como um “grande empresário”.
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