Quinta-Feira, 06 de fevereiro de 2025

Postado às 09h30 | 10 Nov 2020 | Redação Saída de Coudet tem origem bem antes de atritos com a direção do Inter

Crédito da foto: Eduardo Moura Eduardo Coudet se despede do Inter com 61% de aproveitamento

Por globoesporte.com

O Inter viveu uma segunda-feira que começou ainda na calada da noite do domingo e que ecoará em tudo o que vier pela frente na temporada. O clube recebeu o pedido de demissão de Eduardo Coudet logo após o empate em 2 a 2 com o Coritiba. E oficializou a saída do treinador em pronunciamento do presidente Marcelo Medeiros às 18h30.

Nas menos de 24 horas entre esses dois episódios, houve uma tentativa frustrada de convencimento pela permanência, a insistência bem-sucedida de receber os quase R$ 10 milhões da multa rescisória e também tempo para decidir o futuro do clube.

O Inter está próximo de um acerto com Abel Braga até o final da temporada. E Coudet deixa o cargo após 10 meses, com o "sim" à proposta para comandar o Celta de Vigo, da Espanha.

O clima de despedida no Inter, porém, começa ainda antes de tudo isso e até de o clube espanhol formalizar uma proposta ao treinador.

Promessa não cumprida

Uma semana atrás, Coudet já abria a possibilidade de não seguir no comando para a próxima temporada. Era o prenúncio do que estava por vir. Faltava o "empurrãozinho" da proposta que veio de Vigo.

No último domingo, Coudet se reuniu com a diretoria do Inter no Beira-Rio logo após conceder a entrevista coletiva de pós-jogo no empate em 2 a 2 com o Coritiba. Na conversa, ele revelou a procura do clube espanhol e condicionou sua permanência à busca por reforços.

Coudet falou em contratações para ter um grupo mais competitivo na briga por títulos. Um pedido recorrente do treinador e que gerou desgaste com a diretoria em meio às falas recorrentes de que o elenco do Inter é "curto" para três competições. Trata-se de uma reclamação cuja raiz vem de 2019.

Ao aceitar o projeto do Inter, Coudet ouviu dos dirigentes a promessa de um elenco para rivalizar com o Flamengo na disputa de taças. O clube mirava reforços de peso para a temporada.

Em entrevista em agosto, o técnico chegou a citar a possibilidade de treinar um "super Inter". O reforço de "peso" seria Charles Aránguiz, que até acertou um pré-contrato com o clube, mas acabou renovando com o Bayer Leverkusen após o acordo vir a público.

Sem o chileno, Coudet pediu Nacho Fernández, do River Plate, e Leonardo Sigali, zagueiro de 33 anos do Racing. Os altos valores a ser depositados em atletas de idade avançada impediram qualquer chance de acordo.

A insistência nos pedidos por reforços gerou um atrito que ficou exposto após a vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-GO. Coudet voltou a falar em "grupo curto". Foi rebatido na entrevista coletiva por Rodrigo Caetano, que fez questão de ressaltar a qualidade dos jogadores colorados em contraponto.

- Somos líderes do Campeonato Brasileiro. Não chegamos nessa liderança ontem. O fruto desse trabalho tem contribuição do treinador, mas também dos atletas, do departamento médico, do executivo. De todos - salientou o presidente Marcelo Medeiros na entrevista que confirmou a saída de Coudet.

Isolado no próprio clube

O jeito "obsessivo" de Eduardo Coudet também desgastou a convivência no ambiente interno. O argentino é centralizador e restringia suas decisões aos conterrâneos de sua comissão técnica. Optou por se isolar dentro do próprio clube.

Tudo isso ocorreu sob a sombra da instabilidade política do Inter, outro ponto de descontentamento. O clube vive um ano eleitoral com quatro candidatos à presidência. E com a temporada a encerrar apenas em fevereiro.

Na entrevista coletiva da última terça-feira, Coudet se referiu a novembro e dezembro como "meses diferentes". A menos de 60 dias do fim do ano, a atual gestão se vê em fim de mandato. E não há união para planejar reforços para 2021.

O argentino não tinha confiança de um projeto esportivo competitivo na próxima temporada. Nem que teria forças para seguir brigando na liderança do Brasileirão e nas demais competições. Resolveu não pagar para ver.

> Coudet pelo Inter:

46 jogos

24 vitórias

13 empates

9 derrotas

71 gols feitos

37 gols sofridos

61,5% de aproveitamento

Quem pagará, de fato, é o Celta. O clube espanhol arcará com os R$ 10 milhões referentes à multa rescisória do argentino, que tinha contrato até o fim de 2021.

 

Antes disso, foram horas de uma última reunião nesta segunda-feira para tentar convencer o argentino sobre a permanência. Sem sucesso.

Coudet deixa o Inter na liderança do Brasileirão e classificado para as oitavas de final da Libertadores e quartas da Copa do Brasil. Em 46 jogos, somou 24 vitórias, 13 empates e nove derrotas, com aproveitamento de 61,5%.

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