Por Marcelo Cardoso / globoesporte.com
Antes de qualquer outro ponto desta análise, é preciso ressaltar um fato que, apesar de óbvio, pode passar batido aos alvinegros mais pessimistas: atenção, torcedor, o campeonato não está perdido. Aliás, muito longe disso.
Qualquer clima em cima de uma derrota em 19 rodadas é um completo vendaval em copo d'água. Atlético-MG segue líder isolado, favorito a um título que não vem há 50 anos. O 2 a 1 para o Atlético-GO (principalmente após o empate do Flamengo com o Cuiabá) não muda nada disso.
Cuca e o Galo sabiam que, diante uma sequência tão longa (quase histórica) de invencibilidade, uma derrota viria a qualquer momento. Algo completamente normal, até do ponto de vista estatístico. Um campeonato de 38 rodadas não foi feito para premiar a perfeição, mas a consistência. E esse é o ponto-chave da derrota: como responder imediatamente a um resultado adverso?
"É o meu trabalho agora. O trabalho do comandante nessas horas é pôr o navio no prumo, no caminho certo. Não é um descuido, uma saída do prumo, que vai fazer a gente perder a rota" (Cuca).
Galo e torcedores reclamam muito (e neste caso, com razão) de um pênalti não marcado ainda no início da partida, quando Baralhas tocou a bola com o braço. "Um jogo de futebol é decidido nos detalhes", disse o diretor de futebol do Galo, Rodrigo Caetano, em pronunciamento.
E Caetano está certo, mas não pela ótica da arbitragem. O Atlético perdeu pela primeira vez em 19 partidas porque, nos detalhes, cometeu erros fatais. Falhas que custaram a vaga na decisão da Libertadores, mas há muito tempo não apareciam no Brasileirão.
A noite que terminou de forma trágica parecia que traria bons frutos quando Nathan Silva foi no terceiro andar completar para as redes o escanteio na medida de Nacho, aos 13 minutos do 2º tempo. Lei do ex, de um cara cuja chegada coincide com a disparada do Galo na temporada. A derrota desse domingo foi apenas a primeira de Nathan com a camisa alvinegra em 2021.
Mas foi justamente após o gol que tudo começou a dar errado na noite atleticana. Apenas seis minutos depois, falha terrível de Tchê Tchê em uma saída de bola controlada. O Atlético-GO acelerou a jogada e Janderson ficou cara a cara com Everson para igualar a partida
"Quando tínhamos o jogo a mão, e o adversário não criava as oportunidades de gol e se abriu, perdemos a chance de fazer o segundo" (Cuca)
Insatisfeito com o empate, o líder do Brasileirão foi pra cima em busca do gol da vitória. Mas em vez disso, sofreu a virada. Novo erro, este ainda mais improvável. Após o rebote em uma jogada aérea, o cruzamento rasteiro passou por todo mundo e encontrou Oliveira, livre para virar o jogo: 2 a 1.
Pela primeira vez desde a primeira rodada do Campeonato Brasileiro, o Atlético saiu de campo derrotado após sair na frente (só tinha levado a virada contra o Fortaleza, na estreia na competição, em 30 de maio).
Nada que exija um alarde muito grande, como já ressaltado aqui. Mas vale o alerta. Que o discurso de Cuca não seja apenas um discurso. Que da derrota, venha o aprendizado. Que o Galo cresça, e reaja o mais breve possível.
"O torcedor está triste, chateado, mas não pode perder a confiança. Acidentes vão ocorrer, mas a gente promete deixar a vida, a alma, o espírito lá dentro. Às vezes você não consegue 100%, mas nós vamos tentar."
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