Até 2025, o Rio Grande do Norte precisará qualificar 87 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 21 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 66 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. Isso significa que, da necessidade de formação nos próximos quatro anos, cerca de 76% serão em aperfeiçoamento. As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia.
O mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva; e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.
Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. Os dados e a avaliação são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.
A pesquisa é divulgada em meio à Semana da Indústria, realizada de 23 a 28 de maio, em comemoração ao Dia da Indústria (25). No Rio Grande do Norte, uma programação diversificada traz ciclo de palestras, ação social com serviços de saúde e SST, rodadas de negócios e show cultural.
As áreas com maior demanda por formação são: Têxtil e Vestuário, Construção, Transversais, Logística e Transporte, e Metalmecânica. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.
O diretor regional do SENAI-RN, Rodrigo Diniz de Mello, considera que Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025 apresenta um rumo que a sociedade precisa entender como fundamental para garantir o desenvolvimento econômico. “Também tem as informações necessárias para quem precisa se manter empregado ou conseguir uma oportunidade de trabalho”, afirma. “O SENAI do Rio Grande do Norte está atento a esses dados e aos cenários nos quais estamos inseridos.
Por isso, tem buscado se preparar para as novas ocupações, se mantém atualizado tecnologicamente e tem uma contribuição importante para preparar as pessoas que buscam inserção ou melhor colocação no ambiente industrial, neste momento pós-pandemia, no qual Estado apresenta setores aquecidos, como o de energias”, acrescenta.
Rodrigo Mello afirma também que as informações do Mapa deixam uma mensagem aos que têm interesse na formação profissional. “Fica um recado para a sociedade: a cada dia cresce a demanda por tecnologia e qualificação. Então, se alguém busca um posicionamento no mercado de trabalho, é importante procurar identificar a qualificação que desperta seu interesse, o setor industrial com o qual se identifica, e se preparar, qualificar para as oportunidades que virão”, destaca.
Estimativas e cenários
O SENAI é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.
Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional.
Aprendizagem
O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades.
“Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia.
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