Sábado, 23 de novembro de 2024

Postado às 08h45 | 31 Ago 2022 | Redação Peixe-leão chega à costa do Rio Grande do Norte e preocupa pesquisadores

Crédito da foto: cedida/arquivo pessoal Um dos peixes-leão capturados por pescadores no Rio Grande do Norte

Conhecido pelos danos causados à biodiversidade marinha e pelo comportamento predador que ameaça a atividade pesqueira, o peixe-leão foi encontrado pela primeira vez na costa do Rio Grande do Norte. Um animal adulto foi capturado no último dia 29 de julho em Tibau. Duas semanas depois, outro peixe foi encontrado na costa do município de Porto do Mangue.

A espécie típica do Indo Pacífico não tem predadores naturais na região e se reproduz rapidamente, gerando prejuízos ao meio ambiente e às comunidades de pescadores. “Como não encontra predadores naturais, ele vai se reproduzir à vontade e, além disso, ele tem uma taxa de reprodução muito alta. É um peixe que cresce rápido e que é muito resistente a parasitas”, afirma a bióloga Emanuelle Fontenele Rabelo, coordenadora do Laboratório Ecologia Marinha da UFERSA. “É um animal perigoso que ameaça a biodiversidade e a pesca, podendo comer 20 peixes em menos de meia hora”.

Ao receber a informação de que um peixe-leão foi encontrado na costa do Rio Grande do Norte, a pesquisadora iniciou uma campanha de alerta e conscientização junto a pescadores da região. A preocupação é motivada pela presença constante de animais dessa mesma espécie em Estados vizinhos. “Só entre os meses de maio e junho recebemos o registro de 75 peixes-leão encontrados por pescadores do Piauí e do Ceará”, diz Emanuelle Rabelo.

A corrida agora é contra o tempo, já que a única forma de combater a proliferação da espécie é por meio da pesca manual. O comportamento e a própria imagem do peixe-leão, no entanto, assustam pescadores. “Ele tem 18 espinhos venenosos que ameaçam a saúde de seres humanos. O veneno não é fatal, mas deixa a pele inflamada e requer acompanhamento médico”, conta a bióloga da UFERSA.

A captura do maior número de peixes é essencial para garantir que o crescimento da espécie não fuja do controle, como já foi observado em praias do Caribe e, mais recentemente, em Estados vizinhos ao Rio Grande do Norte. Nas próximas semanas, a UFERSA irá itensificar o alerta a pescadores da região por meio da distribuição de cartazes e de isopores para que os pescadores possam capturar e armazenar os peixes. A iniciativa conta com o apoio do diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFERSA, professor Rodrigo Costa.

“Muitos pescadores já relataram que chegaram a encontrar peixes-leão, mas tiveram medo de fazer a captura por se tratar de um animal agressivo”, relata Emanuelle Rabelo. “A melhor forma de diminuir o impacto dessa espécie de peixe na biodiversidade é controlando o tamanho de sua população”, acrescenta.

Parceria com outras instituições

A análise das características dos peixes-leão encontrados no Rio Grande do Norte e enviados à UFERSA será feita em parceria com outras instituições que também se dedicam ao monitoramento da espécie. Uma delas é o Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), com sede em Fortaleza (CE).

O professor e pesquisador Guilherme Longo, do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) também atua em parceria com a UFERSA neste trabalho, assim como pesquisadores do campus de Macau do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

Saiba mais

Mais informações sobre o peixe-leão estão disponíveis em uma cartilha produzida pelo ICMBio. Acesse aqui e aqui. Um artigo em inglês sobre os registros de peixe-leão nos Estados do Ceará e do Piauí pode ser acessado neste link.

Tags:

peixe-leão
Ufersa
costa potiguar
pesquisadores

voltar