O projeto Vale Sustentável, patrocinado pela Petrobras, recuperou cerca de 60 hectares (600 mil m²) de vegetação em torno da Lagoa do Piató, no Rio Grande do Norte. A ação busca reverter impactos negativos à caatinga decorrentes do desmatamento da área. Durante o reflorestamento, agentes ambientais descobriram um sítio arqueológico, de modo que a lagoa e seu entorno passam a ter agora maior potencial turístico e econômico.
Maior reservatório de água doce do Rio Grande do Norte, a Lagoa do Piató é margeada pela reserva legal da comunidade rural Professor Maurício de Oliveira. A área de proteção não impediu, no entanto, o desmatamento da vegetação do entorno, principalmente nas décadas de 1970 e 1980, para uso como lenha e pastagem.
Ao perder a proteção da cobertura vegetal, o bioma caatinga passou a sofrer erosão, degradação de mananciais e mesmo desertificação, com consequentes prejuízos à fauna e flora. A natureza não é capaz por si só de restaurar a vegetação. “Sem intervenção humana o ambiente não consegue se regenerar e a desertificação é um caminho sem volta”, diz o coordenador do projeto Vale Sustentável, Elisângelo Fernandes. Daí a importância do reflorestamento realizado pelo projeto.
De 2021 a 2022, agricultores familiares da comunidade Maurício Oliveira, sob orientação do projeto, plantaram 47 mil mudas nativas da caatinga. Dentre elas, aroeira, umburana e outras espécies ameaçadas de extinção. Toda a área sob plantio foi isolada com cercas, para evitar que animais de grande e médio porte causassem danos às mudas. As plantas devem atingir a maturação entre 15 e 20 anos.
A empreitada foi desafiadora. Devido à seca, o projeto Vale Sustentável teve que buscar novas tecnologias sociais e adaptar outras. Os agricultores utilizaram, por exemplo, esterco como adubo orgânico. Também aplicaram hidrogel, um polímero que absorve entre 400 e 700 litros de água e é utilizado para irrigar a plantas. Para evitar desertificação e proteger o solo, os agricultores usaram palha de carnaúba como cobertura para ajudar a reter a umidade.
Uma vez plantadas, as mudas passaram a ser monitoradas por agentes ambientais. Ao primeiro sinal de falta d´água ou praga, uma equipe de recuperação faz o tratamento adequado e irriga manualmente as plantas com água de carros-pipas. Não é preciso irrigação regular, já que as mudas nativas da caatinga resistem ao clima semiárido.
O reflorestamento da vegetação em torno da Lagoa do Piató pelo projeto Vale Sustentável é um dos exemplos de iniciativas voltadas para a conservação e recuperação de florestas em áreas naturais. Atualmente, o Programa Petrobras Socioambiental apoia quatro projetos de florestas no bioma da caatinga, um investimento de R$ 11,5 milhões entre 2020 e 2023. “O projeto Vale Sustentável é um bom exemplo que nos mostra como nossos investimentos voluntários impactam positivamente a qualidade de vida das pessoas e tem um ganho ambiental de médio e longo prazos”, avalia Gregório Maciel, gerente de Reflorestamento e Projetos Ambientais da Petrobras.
O projeto Vale Sustentável envolveu as comunidades no reflorestamento, por meio de cursos de conservação de recursos naturais e práticas agrícolas sustentáveis junto a cinco assentamentos.
Durante o reflorestamento, os agricultores descobriram um sítio arqueológico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O local se destaca pela vegetação paisagística e por grutas e cavernas que podem ser usadas para trilhas. O sítio reforça o potencial de ecoturismo da região. “Em geral Município e Estado organizam atividades do tipo”, diz Elisângelo Fernandes. “Mas a comunidade, tendo interesse, pode implantar ecoturismo.”
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