Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024

Postado às 09h15 | 18 Set 2023 | redação Unidade de Beneficiamento de Algodão processará até duas toneladas por dia

Crédito da foto: Raiane Miranda / Assecom RN Unidade de Beneficiamento de Algodão Agroecológico

Com capacidade para processar até dois mil quilos de algodão por dia, a Unidade de Beneficiamento de Algodão Agroecológico, entregue pelo Governo do Rio Grande do Norte, vai beneficiar a produção de aproximadamente 300 famílias agricultoras da região. Titular do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o ministro Wellington Dias participou da solenidade, ao lado da governadora Fátima Bezerra, e destacou o empreendedorismo das mulheres rurais que atuam no Projeto Algodão Agroecológico Potiguar.

"O beneficiamento vai agregar valor à produção de algodão das agricultoras familiares e é exatamente isso o que queremos, empoderar as mulheres rurais", destacou. Admirado com a beleza e qualidade das peças produzidas com algodão agroecológico potiguar, branco e colorido, ele reforçou a retomada do Programa de Fomento às Atividades Rurais, que concederá um recurso financeiro não-reembolsável para 3.500 famílias agricultoras potiguares, sendo 1.000 famílias que já plantam algodão ou que serão selecionadas para fortalecer o projeto.

Cada família receberá um fomento no valor de R$ 4,6 mil para inclusão produtiva, priorizando as mulheres, considerando as famílias que estão em situação de vulnerabilidade Social, inscritas no CadÚnico.

No Rio Grande do Norte, o programa representará o investimento de R$ 16,1 milhões para inclusão de famílias rurais de baixa renda. Ação é fruto de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) assinado em conjunto pelo Governo do RN, via Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf) e o Instituto Técnico de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RN), e Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA) e o MDS, em junho de 2023.

No ato de assinatura, o ACT previa o benefício para 2.500 famílias. Porém, a pedido da governadora, o ministro autorizou a inclusão de mais 1.000 famílias no programa de fomento. A Emater-RN e as organizações da sociedade civil Centro Feminista 8 de Março, Terra Viva, Terra Livre,  AACC, Cáritas e Diaconia, receberam capacitação do MDS e farão o acompanhamento às famílias selecionadas, apresentando plano de aplicação dos recursos, que serão disponibilizados em duas parcelas.

Memória afetiva – Natural de Nova Palmeira, no Seridó paraibano, oriunda de família camponesa, a governadora Fátima Bezerra também não escondeu seu entusiasmo e sua paixão pelo projeto, que reacendeu a memória afetiva do povo potiguar. “Eu me lembro muito bem, vestida com meu casaquinho, apanhando algodão para ajudar no orçamento dentro de casa, ajudar Dona Luzia e Seu Severo, que eram meus pais. Daí a minha alegria hoje, tendo a oportunidade de, governadora, oportunidade dada por vocês, estar aqui, para trazer o apoio, trazer o incentivo para o algodão agroecológico brilhar cada vez mais”, falou emocionada.

Na ocasião, o Governo Federal, por meio da CONAB, anunciou uma ação inédita: o investimento de aproximadamente R$ 1 milhão para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) voltado aos povos indígenas potiguares, na modalidade doação simultânea. Cinco entidades foram habilitadas para fornecer alimentos e sementes.

Ministro Wellington Dias e a governadora Fátima Bezerra em Apodi (Raiane Miranda)

Ouro Branco 

O Projeto Algodão Agroecológico Potiguar, lançado em dezembro de 2021, é coordenado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf) e pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RN), é constituído por um arranjo institucional que envolve Embrapa Algodão, Instituto Riachuelo, Sebrae, Diaconia, Acopasa, Vert, Unicafes, Instituto Casaca de Couro, Norfil, FAO, Rede Xique-Xique, Justa Trama e prefeituras. Em sua fala, o secretário Alexandre Lima, que coordena a Câmara Temática da Agricultura Familiar, no âmbito do Consórcio Nordeste, destacou três pontos importantes que caracterizam o projeto.

“O projeto faz uma conexão com algo que para nós é muito importante, que é o PAS Nordeste, pois proporciona uma nova modalidade de geração de renda às famílias agricultoras, ao mesmo tempo em que resulta na produção de feijão, milho, gergelim, entre outros alimentos”, ele se referiu ao Programa de Alimentos Saudáveis proposto pelo Consórcio Nordeste. Além disso, o gestor destacou o caráter inclusivo do projeto, que fortalece o protagonismo da juventude e das mulheres rurais, e por último a composição dos arranjos produtivos, construída entre poderes públicos, movimentos sociais e empresas, que garante a venda direta da produção do algodão potiguar.

Reabilitada pelo Governo do Estado, a Unidade de Beneficiamento é resultante de projeto apresentado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) à FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e funciona na Estação Experimental da Emparn, em Apodi. Lima frisou que o equipamento vai ser coordenado pela Cooperxique, sob a supervisão da Justa Trama, e vai atender diretamente 300 famílias, sendo 100 encaminhadas pela cooperativa, 100 pelo Instituto Riachuelo, e mais 100 pela Diaconia, três entidades parceiras do projeto.

“Até o ano passado, 70% do nosso algodão era beneficiado na Paraíba, e as famílias potiguares vendiam o quilo do algodão em rama a R$ 3,75. Beneficiado, o preço sobe para R$ 19,70. Isso significa que, a renda de um hectare aumentou de R$ 1.750 para R$ 5.500”, explicou. A partir do próximo ano, a unidade passará a atender 500 famílias. Atualmente, cerca de 1.000 famílias estão inseridas no projeto, a sua maioria chefiada por mulheres, como é o caso da agricultora familiar Rosângela Santos, 49, da comunidade Tiradentes, município de Baraúna.

Ela representou as famílias beneficiárias e informou que ano passado colheu 1.500 kg de algodão e este ano a colheita já ultrapassou 1.000 kg. “Com certeza o algodão está mudando a nossa realidade, trazendo mais autonomia financeira devido à possibilidade de inclusão produtiva e geração de renda”, afirmou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e da Agricultura Familiar – STTR Baraúna.

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