Por Gabrielly Venceslau - Agecom/UFRN
Em 2023, o Laboratório Sismológico (LabSis/UFRN), vinculado ao Departamento de Geofísica, alcançou a maior cobertura de dados sismográficos do Nordeste desde que foi criado na década de 1970. Atualmente, 32 estações permanentes enviam dados ao data center, localizado no Campus Central da Universidade.
Das 32 estações fixas, há uma no Acre, uma no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, bem como 30 no Nordeste, distribuídas nos seguintes estados: sete no Rio Grande do Norte, oito na Bahia e seis no Ceará. Em Alagoas, na Paraíba e no Piauí, há uma em cada estado e três em Pernambuco e em Sergipe. Além destas, existem quatro temporárias em operação no Piauí e uma na Bahia.
O coordenador do LabSis, professor Aderson Farias, comenta que este é um marco histórico, inédito. “Hoje em dia, temos uma capacidade de monitoramento de basicamente qualquer tremor com magnitude acima de 1.5 na escala Richter. Muitas vezes, ele nem chega a ser percebido pela população, mas já é detectado por uma ou mais estações da nossa rede, devido à densificação que a gente colocou”, explica.
O LabSis é formado por professores do Departamento de Geofísica e monitora a atividade sísmica em toda a região Nordeste do Brasil. Esse trabalho é desenvolvido por meio da instalação de estações sismográficas em áreas nas quais há atividades a serem estudadas. Também são feitas, periodicamente, visitas de campo para manutenção dos espaços e coleta de dados, que são estudados na UFRN.
Para além dos muros da Universidade, é importante destacar o papel social que o LabSis vem desenvolvendo ao esclarecer as dúvidas das populações locais sobre causas, danos e consequências de um terremoto. Um exemplo em que o Laboratório contribuiu, ocorreu em 1986 no município de João Câmara (RN). A cidade foi acometida por uma série de tremores de terra, entre os quais o de maior magnitude atingiu 5.1 graus na escala Richter.
A escala é um instrumento de medição da magnitude de um terremoto; um terremoto a partir de 3.5 já é capaz de causar danos estruturais. Na época, o acontecimento repercutiu na mídia nacional, que destacou a importância do laboratório em situações como esta. O papel do LabSis foi importante no sentido de assessorar as autoridades públicas nas tomadas de decisões.
O Laboratório tem um portfólio diversificado de atividades, mas a principal é o monitoramento sísmico, com análises e com a produção de boletins. Algumas das pesquisas desenvolvidas atualmente são sobre a sismicidade nas proximidades do Arquipélago São Pedro e São Paulo e estudos em cima do monitoramento de vibração causado por atividades humanas.
O professor Aderson Farias comenta que “o Laboratório Sismológico é um repositório de um tipo de informação que é utilizado por pessoas que se interessam pelo tema de sismicidade e tem interação com outros grupos na universidade, como o de Geologia Estrutural e Neotectônica”. O LabSis conta com diversos parceiros, entre eles os órgãos das Defesas Civis dos estados, nos quais fornecem links para transmissão dos dados em campo até o data center do Laboratório.
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