Por Renata Rayane – Especial
A implantação de parques eólicos no Brasil deverá gerar mais de 1 milhão de empregos até o ano 2038, com 85% das vagas em operação e manutenção concentradas no Nordeste e predominância de oportunidades para profissionais na área técnica. Os dados fazem parte de um estudo detalhado no Fórum de Energias Renováveis promovido pelo Sebrae-RN, com apoio do Senai do Rio Grande do Norte e da Federação das Indústrias do estado (FIERN).
Intitulado “Criação de Empregos no setor eólico brasileiro”, o estudo apresentado no evento estima a demanda futura por mão de obra especializada na atividade e aponta, ainda, tendência à expansão da participação feminina no setor.
No campo da energia eólica offshore, observa que a atividade “requer uma base multidisciplinar de conhecimento nas áreas de mecânica, elétrica, física, software, engenharia civil e de oceanografia, além da necessidade de profissionais no setor integrarem competências em meteorologia, saúde, meio ambiente e segurança, no contexto do gerenciamento de projetos de alta complexidade em todas as fases do ciclo de vida do projeto e da cadeia de fornecedores”.
Oportunidades
O documento traz estimativas de curto, médio e longo prazos para criação de empregos na cadeia produtiva principalmente do onshore, ou seja, em atividades voltadas a parques eólicos em terra.
Mas, segundo o consultor Jorge Boeira, que participou do estudo e apresentou os resultados no painel “Profissionais do Futuro: Empreendedorismo e empregabilidade no setor energético”, do Fórum de Energias Renováveis, não há dúvidas, de que as oportunidades serão potencializadas com a futura implantação de parques eólicos também no mar.
Os primeiros projetos do tipo estão à espera de licenciamento no Brasil, a maioria deles na costa de estados nordestinos. Só para o Rio Grande do Norte há, pelo menos, 10 projetos cadastrados, com potência somada de 17,8 Gigawatts (GW). O número representa quase 10% do previsto até agora para o país e o dobro da capacidade atual existente nos parques terrestres do estado.
“O offshore é muito diferente do que vemos hoje no onshore. Emprega muito mais gente e, no processo de instalação, está muito mais próximo às qualificações exigidas na cadeia produtiva de óleo e gás. O perfil do trabalhador tem mais diversidade”, disse Boeira.
Mulheres
Outra conclusão apresentada pelo estudo “Criação de Empregos no setor eólico brasileiro” aponta que há perspectiva de aumento da participação feminina na força de trabalho do ramo. Dentro das salas de aula, o movimento em direção à mais diversidade e igualdade de gênero já vêm sendo percebido, afirma a diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, Amora Vieira.
A demanda de empresas do setor por programas de capacitação que estimulam a participação feminina tem crescido nos últimos anos, segundo a executiva, resultando em iniciativas como a formação da primeira turma de mulheres especialistas, no RN, em operação e manutenção de parques eólicos.
A especialização, concluída no segundo semestre deste ano, foi promovida pela AES Brasil e executada pelo CTGAS-ER, principal centro de formação profissional do SENAI no Brasil para o setor de energia eólica e centro nacional de excelência para soluções de educação em desenvolvimento no país, em conjunto com a Alemanha. O curso foi oferecido de forma gratuita e certificou 73 alunas.
“Pegando o cenário do SENAI do Rio Grande do Norte, de 2018 até agora, 2023, nós tivemos um crescimento significativo na participação de mulheres nos cursos tecnológicos. Em 2018 elas representavam 9%. E hoje nós temos 32%. É importante a gente reforçar que esse é um caminho que também pode ser seguido, para se trilhar carreira numa indústria de energia eólica ou solar, por exemplo”, destacou Amora Vieira.
O painel também teve a participação de Lorena Roosevelt, gestora do Polo Sebrae de Energias Renováveis, e de Danilo Ribeiro, responsável pela área de operações com foco em planejamento da Vestas, líder mundial na fabricação, venda, instalação e manutenção de aerogeradores em parques eólicos.
Há oito anos atuando no setor, Ribeiro frisou que “competência técnica, com cunho comportamental, além de habilidades para resolução de conflitos e negociação são chaves para atuação profissional no setor de energia eólica”.
A necessidade de investimentos em soft skills – termo em inglês usado para definir habilidades comportamentais – foi ressaltada por todos os participantes da discussão. “As vagas existem, estão disponíveis, mas é preciso ter preparação”, disse Amora Vieira. “Além de soft skills e hard skills (habilidades técnicas), para empreender no setor também é preciso ter competência gerencial”, complementou Lorena Roosevelt, do Sebrae.
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