Domingo, 24 de novembro de 2024

Postado às 08h45 | 13 Mar 2024 | redação Projeto que tem apoio da UFRN analisa microplásticos em praias brasileiras

Crédito da foto: Ilustrativa É para analisar a presença dos materiais nas praias brasileiras que foi criado o MicroMar,

Por Karen Oliveira - Agecom/UFRN

Apesar de medirem menos de 5 milímetros cada, os microplásticos são considerados uma das maiores ameaças ao meio ambiente e à saúde animal. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), seres humanos e animais constantemente ingerem esses produtos. Além disso, adultos consomem, em média, dois mil microplásticos por ano apenas por meio do sal. É para analisar a presença dos materiais nas praias brasileiras que foi criado o MicroMar, projeto nacional que conta com o apoio da UFRN.

O MicroMar foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 2022. Mais de um milhão de reais foram alocados para a realização do projeto, que é coordenado por Guilherme Malafaia, professor do Instituto Federal Goiano. Pesquisadores de instituições de ensino ao redor do Brasil participam do estudo.

A equipe coletou, até agora, mais de seis mil amostras de areia e de água em 750 praias de 14 estados. Apenas entre julho de 2023 e fevereiro de 2024, foram 5.578 km de orla marítima percorridos. No RN, foram colhidas 640 amostras em 70 praias de 41 municípios.

“A UFRN será responsável por discutir os resultados da distribuição e qualificação das micropartículas encontradas na região costeira do estado”, diz Cybelle Longhini, professora do Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) e representante da UFRN no projeto. “Conseguiremos avaliar quais são os locais com maior nível de contaminação por plástico e quais são os processos que contribuem para essa problemática, tais como tipos de usos das praias e atividades na região”, completa.

Segundo Guilherme Malafaia, microplásticos são poluentes que podem ser primários, encontrados em cosméticos e em produtos de higiene pessoal; ou secundários, que são formados a partir da fragmentação de resíduos plásticos maiores, como sacos plásticos e garrafas.

Os materiais podem causar danos à saúde dos animais e de outros organismos. “Muitos animais aquáticos, por exemplo, durante sua vida, confundem os microplásticos com alimentos e acabam ingerindo-os. Essa ingestão pode causar, entre outros impactos, a falsa saciedade, e estresse, além de dificultar a reprodução e reduzir as taxas de crescimento e desenvolvimento”, explica. “Esses poluentes também têm impactado o crescimento e desenvolvimento de várias espécies vegetais e, portanto, contribuído para a redução da biodiversidade florística”, continua o biólogo.

Os efeitos dos microplásticos em seres humanos ainda são pouco compreendidos, mas estudos apontam uma relação entre a presença dos materiais no corpo e más condições de saúde.

O plano é, até abril de 2024, completar a fase de coleta; iniciar a análise das amostras recolhidas para determinar as áreas com o maior nível de impacto; e identificar os processos que contribuem para a presença dos microplásticos nas praias. “O conhecimento sobre a distribuição espacial de poluentes plásticos é fundamental para a definição de instrumentos legais de controle pelos órgãos competentes”, afirma Cybelle Longhini. “A UFRN também atuará na divulgação desses resultados para a comunidade científica, sociedade e entidades governamentais de caráter ambiental, a fim de que sejam traçadas estratégias para a conservação no estado do RN”, finaliza

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