Da Redação do Jornal de Fato
A água da transposição do rio São Francisco está mais perto da região Oeste do Rio Grande do Norte. A obra bilionária, lançada em 2021, avança com a inauguração da primeira etapa do Ramal do Apodi no município de Cachoeira dos Índios, no sertão da Paraíba.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez a entrega da primeira etapa da obra acompanhado do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, da governadora Fátima Bezerra (RN), governador João Azevedo (PB) e de outros gestores públicos do Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará.
A transposição do Rio São Francisco é considerada a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil e da América Latina. O Ramal do Apodi, por exemplo, levará água para 750 mil pessoas.
Braço do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional (PISF), o Ramal do Apodi é um megaempreendimento de R$ 1,5 bilhão, com 115 quilômetros de extensão, área de influência cobrindo 54 municípios do Rio Grande do Norte (32), Paraíba (13) e Ceará (9), atendendo a uma população de 750 mil pessoas.
A obra está sendo executada em três etapas, chamadas "marcos", na linguagem técnica. A primeira foi entregue na quarta-feira; a segunda está prevista para o segundo semestre deste ano, e a terceira, em 2026.
Na etapa 1, que vai do reservatório de Caiçara/PB até a estrutura de controle em Cachoeira dos Índios, totalizando 30 quilômetros, foram investidos R$ 350 milhões. A barragem Tambor, local em que a comitiva presidencial foi recebida, fica no meio do percurso.
O trecho 2 tem 67 quilômetros, fechando o percurso em terras paraibanas. O trecho 3 é o do Rio Grande do Norte, que passa pelo túnel de Major Sales, vai até o reservatório Angicos, em José da Penha, e de lá segue para a barragem Santa Cruz, em Apodi.
“Além de proporcionar segurança hídrica quanto ao abastecimento da população, esse trecho da transposição é fundamental para o desenvolvimento da indústria, do turismo e da agricultura irrigada, tanto para o grande e médio produtor quanto para a agricultura familiar ao longo dos rios Apodi-Mossoró e Umari", destaca Carlos Nobre, integrante do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte.
Nobre observa que a chegada das águas da transposição pelo Ramal do Apodi vai resolver, de forma definitiva, o abastecimento das cidades do Alto Oeste e do Médio Oeste, um problema crônico que perdura desde o século passado.
Fátima Bezerra destacou a importância da transposição afirmando que "essas águas trazem esperança e confiança de dias melhores. Trazem dignidade, sentimento de justiça social, oportunidade para os agricultores, para as mulheres da zona rural, para a juventude que quer ficar e produzir no sertão. A transposição é um marco histórico para nós.”
O projeto inclui outros aspectos importantes para a região, como ações preventivas contra a desertificação; regularização fundiária das áreas na faixa de domínio do empreendimento; programa de fornecimento de água e apoio técnico a pequenas atividades de irrigação; recuperação de áreas degradadas; monitoramento das fontes hídricas subterrâneas.
São 1.172 trabalhadores contratados para a construção
As obras do Ramal do Apodi foram iniciadas em 2021 e atualmente apresentam 74,83% de avanço físico, com previsão de inauguração completa em 2026. São 1.172 trabalhadores contratados para a construção, e 693 equipamentos em operação nas frentes de serviço. Ao final, a obra beneficiará mais de 750 mil pessoas em 54 municípios, com um investimento total de R$ 1,5 bilhão.
O Apodi começa na estrutura de controle na Barragem Caiçara, na Paraíba, e se desenvolve pelo estado do Ceará até alcançar o Reservatório Angicos, no Rio Grande do Norte. No município de Cachoeira dos Índios, onde está localizada a Barragem Redondo, há três comportas com vazão total de 40 m³/s.
Essa capacidade de escoamento se estende ao longo dos 30 km do trecho I do ramal até a altura do quilômetro 30,2, onde o Apodi desembocará no Ramal do Salgado, levando as águas para o Ceará. A partir desse ponto de interligação, a vazão será de 20 m³/s.
Elaborado a partir de recomendações propostas pelo Estudo de Impacto Ambiental, o Projeto Básico Ambiental do Ramal do Apodi estabelece 25 iniciativas para mitigar, compensar, monitorar e controlar as mudanças causadas pela construção do Ramal do Apodi nos recursos naturais.
Com base em diretrizes aprovadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), órgão licenciador das obras, o MIDR promove uma série de ações de melhoria das condições ambientais na região de influência do ramal. Entre elas, estudos arqueológicos, desinfecção de fontes contaminantes, coleta de insetos, umectação das vias de acesso ao canal, e construção de vilas produtivas rurais para as populações de áreas desapropriadas.
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