Sexta-Feira, 06 de junho de 2025

Postado às 12h45 | 04 Jun 2025 | Redação Renovação do ‘Leite e Genética’ fortalece pecuária no Médio Oeste

Crédito da foto: Divulgação Nova edição do programa foi assinada ontem (3), em Campo Grande, 5º maior produtor de leite do RN

Reconhecida como uma das mais promissoras regiões para produção de leite no Rio Grande do Norte, a bacia leiteira de Campo Grande (Médio Oeste) deu mais um passo para elevar o potencial produtivo e se tornar ainda mais representativa na pecuária leiteira no estado. Para isso, o município ganhará mais uma edição do Programa Leite e Genética, conforme o termo de cooperação técnica assinado nessa terça-feira (3), renovando a parceria do programa. Desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, Prefeitura de Campo Grande e o Laticínios Santa Teresinha, o Leite e Genética levará aos produtores rurais conhecimento técnico e tecnologias inovadoras focadas no melhoramento genético do rebanho.

O termo de cooperação foi assinado em evento que reuniu dezenas de produtores rurais no Instituto Gentil, em Campo Grande, além de representantes das partes envolvidas no acordo. O encontro contou ainda com palestra do zootecnista Luiz Fernando Canazaro, que abordou temáticas como sanidade animal, nutrição, manejo e melhoramento genético.

Trata-se do terceiro ano seguido de vigência do Programa Leite e Genética em Campo Grande. Na cooperação, o Sebrae subsidia 70% dos custos, a partir do Programa Sebraetec. Os demais 30% são financiados pela Prefeitura (20%) e pelo Laticínio Santa Teresinha (10%). Somente em 2024, o programa resultou no nascimento de 103 animais, frutos de inseminação artificial para melhoramento do rebanho. Dos 42 produtores rurais contemplados com a solução no estado, 19 são de Campo Grande.

Presente ao evento, o prefeito de Campo Grande, Francisco das Chagas Eufrásio, “Bibi de Nenca”, ressaltou a importância da renovação da parceria para execução do programa, em prol do fortalecimento da bacia leiteira local e regional. Atualmente, o município é o quinto maior produtor de leite do estado e detém o sexto maior rebanho de bovinos no RN.

“Esses dados mostram que o nosso município tem a vocação para a produção de leite e, em função dessa grande representatividade, procuramos estabelecer a parceria para aplicação do programa mais uma vez no município. Isso tem sido muito importante na mudança da cultura, do pensamento dos produtores, que agora enxergam a importância do programa. Essa é a grande vitória, e isso tende a elevar ainda mais a capacidade produtiva no município, e queremos realmente avançar no sentido de fazer com que haja esse aumento progressivo na produção”, ressalta.

Força e produção

O Programa Leite e Genética atua fortemente no sentido de levar ao pequeno produtor rural biotecnologias, como melhoramento genético, utilizando o método da inseminação artificial por tempo fixo (IATF). Entre os benefícios da técnica, destaca-se a elevada taxa de prenhez do rebanho, com animais mais fortes e maior capacidade produtiva de leite. 

De acordo com o analista técnico do Sebrae RN e gestor do Programa Leite e Genética, Luís Felipe, somente no ano passado o projeto alcançou 72 municípios potiguares, com um total de 7.240 animais inseminados, e com média geral de sucesso de 46%. Ao longo dos 13 anos de atuação, o programa contabiliza 35 mil nascimentos. 

“São números muito positivos, que mostram a importância do Leite e Genética para a pecuária leiteira do estado. Estamos contribuindo fortemente para melhorar a qualidade do rebanho, do leite produzido e da vida do pequeno produtor, que pode acessar inovação tecnológica, que antes era restrita a grandes propriedades rurais”, pontua.

Inicialmente resistente à inovação e tecnologia trazidos pelo programa, em especial à aplicação de técnicas que envolvem a inseminação artificial em prol do melhoramento genético do rebanho, o produtor rural Antônio Terceiro Pimenta já não imagina o rebanho sem os benefícios do programa. Desde a implementação do programa no município, contabiliza dez animais com a genética melhorada.

“Aprendi com meu pai, ao longo do tempo, que o que valia era quantidade de animais, e não qualidade, mas o programa me mostrou que não é assim, e hoje já vejo a importância da qualidade do rebanho, que vai me dar a possibilidade de produzir mais leite. Só das inseminações feitas no ano passado em dez vacas, segurou seis e estou muito feliz com os resultados”, comemora.

Ganha-ganha

Segundo Túlio Veras, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Norte (Sindleite-RN) e proprietário do Laticínios Santa Teresinha, a iniciativa, aliada a outras soluções, deverá prover a bacia leiteira local e estadual de mais qualidade e tornar o setor mais competitivo. A ideia, ainda segundo ele, é seguir ampliando a produção de leite no estado, que, de 2024 para 2025, saltou 10% e passou de 500 mil litros para 548 mil litros de leite em maio deste ano. 

“Com o programa Leite e Genética e outras medidas, ações governamentais, como a instalação de uma destilaria de milho, por exemplo, poderemos manter e até ampliar esse volume. Estamos calibrando os atores envolvidos nesse processo para nos tornarmos mais competitivos, porque só assim encontramos a sustentabilidade dos negócios e do setor”, enfatiza.

No campo, os resultados do Programa Leite e Genética saltam aos olhos. Na comunidade rural Alto Alegre, em Campo Grande, o produtor rural Francisco Antônio Gurgel é um exemplo de como a iniciativa contribui para a melhoria do rebanho e da bacia leiteira do município.

Após aderir à iniciativa, no ano passado, ele mostra orgulhoso os primeiros resultados no curral da propriedade: as duas primeiras bezerras (Mimosa e Monaliza), fruto da inseminação artificial garantida pelo programa. A ideia, segundo o criador, é ampliar a participação nessa nova etapa do Leite e Genética no município.

“Eu achava distante demais de benefícios como esse chegar até minha propriedade, e hoje, com essas duas bezerras aqui, vejo que é possível melhorar o rebanho, ter mais qualidade, e só tenho a agradecer ao Sebrae, Prefeitura e Laticínio Santa Teresinha, por nos proporcionar essa oportunidade. Estou muito otimista com essa nova etapa do programa, e dessa vez quero inseminar 10 matrizes, e melhorar cada vez mais o meu rebanho” 

Analista técnico do Sebrae RN, Lecy Gadelha participou do evento e destacou fatores que fazem de Campo Grande e a região do Médio Oeste vetores de crescimento para a bacia leiteira potiguar. Nesse contexto, explica ele, além de condições climáticas favoráveis, iniciativas como o desenvolvimento do Programa Leite e Genética são decisivos.

“Nós temos uma bacia leiteira que merece ser reconhecida a nível de estado, basta que a gente se organize. Os olhos do Rio Grande do Norte vão focar nessa bacia leiteira, que além de qualidade, tem muitos produtores envolvidos, água em abundância, terra boa e parcerias público privadas, como é o caso do Programa Leite e Genética. Desse modo, essa nova etapa do programa é uma grande oportunidade que temos aqui na região, para fazer o setor crescer ainda mais e aproveitar todo o potencial que possui”, observa.

Ao aderir ao programa, o produtor recebe, num período de três meses, consultoria que inclui orientação técnica sobre manejo, nutrição animal, sanidade, vacinas, que culminam com a inseminação artificial de dez animais. Em Campo Grande, produtores rurais interessados em participar do Programa Leite e Genética devem procurar a agência do Sebrae-RN mais próxima, em Mossoró ou o Laticínios Santa Teresinha. Mais informações no endereço eletrônico https://material.rn.sebrae.com.br/leite-genetica ou no telefone: 84 99654-8777 (Luís Felipe – gestor do programa).

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