O Rio Grande do Norte começa a sentir os impactos do desabastecimento de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha.
O presidente do Sindicato dos Revendedores de GLP (SINGÁS-RN), Francisco Correia, que participou ontem (19) de uma audiência na Procuradoria-Geral do Estado e na assessoria do Governo, disse que já falta GLP em todos os 167 municípios do RN.
Segundo ele, a Procuradoria Geral do Estado e o Governo do Estado prometeram convocar a Petrobras para prestar esclarecimento sobre a redução da produção de gás no estado.
ABASTECIMENTO DE GÁS
Ainda segundo ele, atualmente os 167 municípios potiguares convivem com a falta do gás. “Estamos à beira de um colapso. A situação é crítica, e as autoridades precisam tomar uma providência”, disse Francisco Correia, em contato com a reportagem do DE FATO.
Ele disse que a quantidade de gás que atualmente chega ao estado potiguar só consegue abastecer a metade da demanda exigida. “O pior de tudo é que nós produzimos gás e não temos gás para atender a demanda. A Petrobras reduziu a oferta e prejudicou o mercado. Para se ter uma ideia, antes nós mandávamos mil botijões para a cidade de Canguaretama por semana. Agora, nós mandamos 100”, revela o presidente do Singás.
Ele acrescenta que a Petrobras produz hoje na Refinaria Clara Camarão, em Guamaré, 50% do gás de cozinha demandado pelo Rio Grande do Norte. Os outros 50% são divididos entre o Ceará e Pernambuco. “Mas os navios que levam o gás a Fortaleza estão atrasando, e eles pararam de nos mandar. Em Pernambuco, o Ministério Público entrou com uma ação com relação ao desabastecimento deles, e o estado pernambucano também não está mais enviando o gás para o RN”, explica.
Francisco Correia diz que a expectativa é que a Petrobras possa voltar a assegurar um volume de produção de GLP, que possa atender à demanda da RN. Para ele, só o retorno da quantidade anterior de gás oferecido poderá impedir que o Estado fique definitivamente sem gás.
Segundo o Singás, a produção começou a diminuir nos últimos quatro anos, até atingir os atuais 50%.
Petrobras nega redução da oferta de gás para revendedores
O Singás informa que no Rio Grande do Norte existem atualmente 800 revendedores de gás, o que garante uma comercialização diária de 38 mil botijões.
Ele acrescenta que, atualmente, 80% das revendedoras estão fechadas. Na loja em que Francisco Correia é proprietário, seus funcionários estão em casa porque, segundo ele, não há sentido mantê-los nos postos de trabalho. São cerca de 130 pessoas que colaboram, mas que no momento estão liberadas.
Sua expectativa é que possa receber mais um carregamento nesta quarta-feira (20). O sindicalista declara que diariamente recebia 3 mil unidades do produto, o que somava 15 mil semanalmente, e na última semana chegaram apenas 800 botijões para o estoque.
Através de nota, a Petrobras alegou que a venda de gás de cozinha está acima do volume contratado com as distribuidoras para o mês de junho. “Além disso, frisamos que o estoque da Petrobras desse produto no país se encontra em nível confortável”, diz a nota.
A estatal afirmou também que a sua produção do gás no estado é “historicamente inferior” às vendas das distribuidoras no RN, conforme consumo aparente publicado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Assim, a Petrobras confirmou que, regularmente, parte do gás de cozinha vendido para a população potiguar é oriunda de instalações da Petrobras fora do Rio Grande do Norte.
A Petrobras informou ainda que a produção de petróleo e gás natural (LGN) em maio no RN foi de 2,67 barris.
A produção nacional, já excluída a produção de liquefeito, foi de 81 milhões de metros cúbicos.
Tags: