Sábado, 08 de fevereiro de 2025

Postado às 09h45 | 25 Jul 2018 | Redação Mulheres agricultoras de Caraúbas são exemplos de superação e sucesso na Agroecologia

Crédito da foto: Cedida Damiana Veríssimo, Alessandra Farias, Maria das Dores e Maria do Socorro Veríssimo

Cinco mulheres e uma terra. Cinco histórias de vida que foram entrelaçadas pela luta na criação dos filhos e filhas, no sustento da família e no empoderamento feminino que se consolidou após a derrubada de muitas barreiras. Cinco exemplos de superação que a Agroecologia reuniu num único lugar, no Assentamento São José, município de Caraúbas, sertão do Rio Grande do Norte, proporcionando a garantia da segurança Alimentar, Nutricional e Hídrica.

Solo fértil produz batata, macaxeira, cheiro verde, alface, berinjela, hortaliças em geral

Estamos falando de Alessanda Farias, Maria do Socorro (Corrinha), Damiana Veríssimo, Maria das Dores Veríssimo e Josilene Ferreira. Há oito anos, elas administram com maestria quase 100 metros quadrados de terra. Lá, elas cultivam quase tudo. O solo fértil produz batata, macaxeira, cheiro verde, alface, berinjela, hortaliças em geral; frutas como caju, acerola, maracujá, mamão, morango; e plantas medicinais a exemplo da hortelã, mastruz, malva risco, dipirona, entre outras. Contudo, para que elas chegassem ao sucesso de hoje, o caminho foi árduo. “Esse pedaço de terra foi adquirido pelo meu irmão e marido há muitos anos. Foram eles que deram início a uma hortinha para garantir nossa sobrevivência com o que a terra dava. Nós íamos buscar água no açude com baldes e latas carregados nas nossas cabeças para aguar a plantação. Hoje temos essa lindeza”, disse Alessandra. Damiana Veríssimo acrescenta. “Desde 2010 estamos tomando conta dessa horta. Me sinto feliz por trabalhar, vender nossos produtos na feira agroecológica de Caraúbas e dividir com meu marido nas despesas da casa de igual para igual”. Assim como Alessandra e Damiana, Corrinha e Maria das Dores também trabalham no local. “Chegamos aqui bem cedinho e no final da tarde para arar a terra, colher os produtos para levar para casa e para a feira, e também para plantar mais”, disse Maria das Dores. Corrinha acrescenta: “Somos felizes aqui. Somos guerreiras e a nossa união irá nos levar muito longe”. Elas formaram o grupo de mulheres “Unidas pela Paz”.

Josilene se dedica exclusivamente à cozinha comunitária fazendo doces e salgados

Além da horta, as agricultoras ainda mantêm uma cozinha que foi construída na comunidade para a fabricação de doces e salgados. Quem comanda o espaço é Josilene Ferreira, que se afastou da horta para se dedicar exclusivamente à cozinha. “Aqui nós fazemos bolo de macaxeira, mamão, batata, biscoitos, doces e salgados em geral. Levamos esses produtos para serem vendidos na feira de Caraúbas e até aceitamos encomendas”, disse.

Superação?—?De acordo com as agricultoras, depois da chegada da Diaconia no assentamento, a vida delas mudou significativamente. “Recebemos orientações importantes sobre nosso trabalho por meio dos técnicos e técnicas que também nos trouxeram equipamentos como os da irrigação para nos ajudar na produção e colheita”, disse Damiana. Contudo, a parceria vai além do material. Está nas relações pessoais que foram estabelecidas.

A horta comunitária ajudou Alessandra a superar duas grandes perdas e a encontrar uma nova razão para viver

E quem exemplifica bem essa relação é Alessandra. Sua história de vida não foi fácil. A agricultora perdeu o marido que morreu eletrocutado no açude que abastece a produção. Dois anos depois, o irmão que originou tudo também se foi. “Entrei numa depressão profunda. Não sabia mais o que fazer da minha vida. Perdi a vontade de trabalhar na horta, cuidar dos filhos, perdi até a vontade de viver. Me vi tendo que caminhar sozinha e não tinha forças para isso. Ter conhecido o pessoal da Diaconia me ajudou a superar uma crise muito séria. Os técnicos e técnicas são pessoas humanas, muito inteligentes e profissionais. Hoje estou participando de feiras, congressos, encontros, eventos que eu nunca imaginei participar e que estão me mostrando o quanto somos capazes de sermos o que a gente quiser ser”, vibrou.

Damiana contribui de igual para igual com o marido nas despesas da casa. “Me sinto empoderada”

Damiana também tem histórias para contar. “Meu marido nunca gostou desse meu serviço. Mas eu sou batalhadora e não dei atenção para as besteiras que falava. Hoje eu tenho o mesmo peso que ele dentro da nossa casa. E crio todos os meus filhos mostrando que nós, mulheres, estamos de igual para igual com os homens”.

Por Tádzio Estevam (Assessor de Comunicação da Diaconia)

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