FABIANO SOUZA/JORNAL DE FATO
O Rio Grande do Norte chega ao terceiro mês de 2019 com um séria crise em dois importantes setores da economia, que vem se agravando desde os últimos anos. Além dos prejuízos na agricultura e pecuária que somaram R$ 2,5 bilhões em 2018, ocasionados pela estiagem de quase sete anos, agora o RN enfrenta também o fechamento do porto de Natal, que neste mês deixará de movimentar perto de 3 mil contêineres com a decisão da CMA/CGM de suspender sua escala semanal. O cálculo é dos sindicatos de trabalhadores que operam no terminal.
Os principais produtos que estão deixando de ser escoados são as frutas tropicais e minério. Só na primeira quinzena de fevereiro, segundo a mesma fonte, foram exportados pelo terminal 2.538 contêineres, quando teve início a paralisação da companhia francesa.
Para minimizar a crise no setor da agricultura e pecuária, o Governo do Estado decretou pela 13ª vez situação de emergência no RN, por mais 180 dias, situação de emergência por causa dos efeitos da seca em 148 dos 167 municípios do estado. O total representa 88% dos municípios potiguares.
Além disso, diante da perspectiva de uma quadra chuvosa dentro da média anual, o Governo do Estado deu início à distribuição de cerca de 700 toneladas de sementes.
As sementes serão distribuídas com 1.614 bancos de sementes, espalhados por 159 municípios do estado. Juntos, eles atendem 52.565 agricultores cadastrados pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-RN). Para a aquisição das sementes, foram investidos R$ 7,8 milhões, provenientes do Tesouro Estadual.
Segundo o coordenador de Agropecuária da Sape, Antônio Carlos Magalhães, as sementes de milho, feijão, sorgo e arroz são destinadas principalmente ao plantio de subsistência e forragem animal. As variedades distribuídas são adaptadas às condições do semiárido do estado, permitindo precocidade e produção com baixo índice pluviométrico. São resultantes de um longo trabalho de pesquisas realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e pela Empresa de Pesquisas Agropecuárias do RN (EMPARN).
Plano de ação para porto de Natal deve ser apresentado em 90 dias
Já com relação à situação do porto de Natal, a crise vem se arrastando há vários anos. O porto deverá passar por nova vistoria em abril. Na última terça-feira (12), uma audiência pública ocorreu na Assembleia Legislativa por proposição do deputado Ubaldo Fernandes. A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN), autoridade responsável pelo Porto, esteve presente, representada pelo seu diretor-presidente, o almirante Elis Treidler Öberg.
A discussão girou em torno da suspensão de atividades de exportação pela CMA-CGM, empresa que possui uma linha semanal de Natal para portos na Europa, mas decidiu paralisar neste mês de março em decorrência da apreensão de drogas. Na oportunidade, o diretor-presidente garantiu que vai apresentar em 90 dias um plano de ação com medidas a serem tomadas visando recuperar a certificação do Código Internacional para Proteção de Navios e Instalações Portuárias (ISPS CODE).
“Estamos reavaliando todos os nossos processos de segurança, entrada de pessoas e viaturas; readaptação da sala de controle de vídeo, com ampliação das 40 câmeras conectadas à sala para 80; e estabelecimento de novo quantitativo de pessoal necessário, com a convocação de concursados”, afirmou o Almirante Öberg.
Em relação ao scanner, o presidente disse que a Codern está fazendo a cotação para aquisição ou aluguel de um equipamento que atenda às exigências da Receita Federal do Brasil. “Quero afirmar aqui, de público, o compromisso inalienável da Codern com o desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, finalizou o diretor-presidente.
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