Sábado, 01 de fevereiro de 2025

Postado às 10h00 | 17 Ago 2020 | Redação Secretaria de Educação do RN não cogita criar o 4o ano do ensino médio, proposto por deputado

Deputado Kelps Lima propôs ao Governo do Estado a criação do 4º ano com objetivo de atenuar os prejuízos aos estudantes da rede pública que se preparam para o acesso ao ensino superior. Esses estudantes são os mais prejudicados. O governo não admite

Crédito da foto: Arquivo Deputado estadual Kelps Lima propôs a criação do 4o ano do ensino médio

Por Amina Costa - Repórter do JORNAL DE FATO

Os efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus têm afetado a qualidade do ensino ofertado por escolas públicas, em todo o país. No Rio Grande do Norte, as aulas remotas não beneficiam todos os estudantes matriculados na rede pública, dificultando a aprendizagem de muitos alunos.

São milhares de alunos prejudicados com esta situação, principalmente os que estão no 3º ano do ensino médio, em preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Pensando nestes alunos que buscam uma vaga em universidades públicas, o deputado Kelps Lima (SDD) propôs ao Governo do Estado a criação do 4º ano.

A proposta prevê a criação, excepcionalmente em 2021, do 4º ano do ensino médio, onde os estudantes que cursam o 3º terão acesso a mais um ano de estudos, para poder realizar a prova do Enem. O deputado lembra que a adesão ao 4º ano não é uma obrigatoriedade, e embasa a proposta no fato de que muitos alunos estão sendo prejudicados com a falta de aulas.

“Quem estuda em escola particular está tendo aula por meio de videoconferência e devem voltar a ter aula presencial antes das escolas públicas. Aí aquela vaga na universidade, que já era difícil, agora vai ficar mais difícil ainda. A sugestão que apresentei à governadora foi para ela ajudar o estudante de escola pública a entrar na universidade, a escolher uma profissão, a vencer na vida e ajudar as famílias”, informou o deputado em vídeo divulgado pelas redes sociais.

Kelps Lima comenta ainda que esta proposta tende a beneficiar os estudantes de ensino médio que não têm acesso à internet e que não têm condições de pagar cursos preparatórios. “A proposta é opcional e voltada para o aluno que não for bem no Enem desse ano e que ele possa se preparar com aula presencial para o Enem de 2021, para alunos sem condições de pagar cursinho”, informou o deputado estadual.

A reportagem do JORNAL DE FATO entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação (SEEC), para saber qual a possibilidade de adesão à proposta do deputado estadual. A Secretaria informou que não está discutindo a ampliação do ensino médio, em mais um ano, na rede estadual. “A pasta tem priorizado a organização dos anos letivos de 2020 e 2021 de forma inter-relacionada com a construção de ciclos de aprendizagem”, informa.

Questionada sobre o rendimento escolar dos alunos, a Secretaria de Educação informou que reconhece que o ano letivo está prejudicado, mas trabalha para reduzir os efeitos provocados pela pandemia. “A SEEC trabalha para que os efeitos da pandemia sejam os menores possíveis na rede estadual, reconhecendo que o ano letivo está prejudicado, mas não perdido, uma vez que 82% das escolas estaduais estão realizando atividades não presenciais”.

A SEEC informou ainda que o trabalho de minimização dos efeitos da pandemia e em benefício dos alunos do 3º ano é feito por meio de um estudo de implantação de aulões preparatórios, com atividades virtuais e entrega de material para os estudantes. Segundo a Secretaria estas estratégias são um complemento das aulas remotas.

Nesta semana, a governadora Fátima Bezerra anunciou a prorrogação das aulas presenciais na rede estadual de ensino. A nova previsão é que as aulas da rede estadual sejam retomadas no dia 14 de setembro. No anúncio, a governadora informou que a decisão de manter a suspensão das aulas se baseia na orientação do comitê científico que auxilia o Governo do enfrentamento à covid-19.

 

 

Governo estuda unir anos letivos de 2020 e 2021

Como medida para diminuir os impactos provocados pela pandemia na educação, a Secretaria Estadual de Educação (SEEC) informa que vem estudando a possibilidade de unir os anos letivos de 2020 e 2021. Esta medida também é pensada como forma de reduzir a evasão escolar.

Os ciclos de aprendizagem estão em discussão na SEEC e, caso criado, deve entrar em execução entre os anos letivos de 2020 e 2021. Todos os estudos de impacto estão sendo feitos. “A pasta está atenta a qualidade do ensino e aprendizagem ofertada, sempre buscando as melhores condições para a rede estadual”, informa a Secretaria.

A proposta é de uma unificação de dois anos letivos, onde os alunos seriam avaliados em ciclos até o final do período que se encerraria em 2021. Como exemplo, após a aprovação do retorno, um aluno do 4º ano seria avaliado recebendo também conteúdo didático do 5º ano, e ao final do processo de retomada, estaria apto para receber o certificado dessa etapa do ensino.

Professores consideram projeto do 4º ano importante para alunos

Os professores da rede estadual de ensino consideram a proposta satisfatória, diante dos efeitos provocados pela pandemia na vida de muitos estudantes. Eles reconhecem que a suspensão das aulas presenciais tem prejudicado muitos alunos, principalmente os que não têm acesso à internet.

O professor Neto Damasceno informou que, diante da excepcionalidade da proposta ser somente para 2021, ele concorda com a criação do 4º ano. “Se for excepcionalmente em 2021, concordo. Como vivemos uma situação atípica, seria uma proposta interessante”, comenta.

Outro professor da rede estadual, que pediu para não ser identificado, informou que a proposta foi bem colocada pelo deputado, tendo em vista que os alunos estão bastante prejudicados com a situação. Ele lembra que a culpa não é do Governo do Estado, mas que é necessário buscar estratégias para reduzir os danos aos alunos, principalmente os do 3º ano de ensino médio.

“A educação está sofrendo e vai sofrer muito com esse problema da pandemia, mas a proposta é muito pertinente mesmo, principalmente pra quem vai prestar o Enem ou está terminando o ensino médio”, relata o professor, que trabalha em duas escolas estaduais de Mossoró.

Ele afirma ainda que está tendo dificuldades com as aulas on-line, por questões de equipamento e de falta de intimidade com o equipamento eletrônico. “Realmente, as aulas remotas, elas são difíceis de atingir um percentual alto de alunos. Em geral, participa 30% a 40% dos alunos da turma. Então, é complicado, é uma questão muito difícil de ser trabalhada”, informa.

O professor lembra que, para tomar qualquer decisão sobre a estrutura de ensino, o Governo do Estado precisa estar em diálogo com alunos, sindicatos e professores. Desta forma, todos estarão cientes do que é melhor para a educação de nível médio.

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