Por Fabiano Souza - Repórter do JORNAL DE FATO
Os dados sobre o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019, divulgados nesta terça-feira (15) mostram que embora tenha ocorrido uma pequena evolução da educação nos anos iniciais do Rio Grande do Norte, com superação de metas estipuladas, assim como a maioria dos demais estados brasileiros, ainda enfrenta graves desafios nos anos finais e no ensino médio, o que deixa o RN no ranking do Ideb como o 24º melhor índice entre os 27 estados do país. É o quarto pior resultado da nação. Os dados mostram que das escolas públicas que participaram do estudo, 30,1% tiveram índice abaixo de 3,1.
Consideradas as escolas públicas e privadas, o estado alcançou índice de 3,5 no Ensino Médio - um ponto abaixo da meta, que era de 4,5. O desempenho é igual ao da Bahia (3,5) e maior apenas que o do Pará (3,4) e Amapá (3,4). Goiás e Espírito Santo, que tiveram os melhores resultados do país, obtiveram Ideb 4,8 em 2019.
O Ideb é um índice que vai de 0 a 10, criado em 2005 pelo Ministério da Educação para avaliar o desempenho e estipular metas para a educação brasileira. O índice é divulgado a cada dois anos e calculado com base em dois fatores:
índices de aprovação/reprovação dos alunos e de abandono dos estudos, medidos no Censo Escolar;
notas em provas de português e de matemática no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).
Para ter um bom Ideb é preciso ter baixas taxas de reprovação e de abandono de estudos, além de resultados satisfatórios no Saeb. Essa avaliação é aplicada sempre no fim de cada etapa escolar: 5º e 9º ano do ensino fundamental, e 3º ano do ensino médio.
O Ensino Médio na rede pública estadual alcançou Ideb 3,2, quando a meta era 4,2. Já nas escolas privadas, o índice foi de 5,6, mas também ficou abaixo da meta de 2019, que era 6,5.
Questionada pela reportagem do Jornal DE FATO sobre os índices do Ideb, a ex-secretária de educação do RN, Cláudia Santa Rosa, que esteve à frente da pasta durante o período de avaliação, para ela o resultado está dentro do previsto. “Por mais que o estado não esteja bem no ranking, o aumento de 0,3 em relação a 2017 foi um resultado expressivo. Isso porque pela primeira vez, o estado cresceu 0,3. Se observarmos a partir de 2005, o resultado era praticamente estagnado entre 2,6, e 2,8. É preciso de que fique claro que em Educação, os resultados não aparecem de forma imediata. Precisamos respeitar as outras unidades da federação que começaram a fazer a tarefa de casa antes de nós”, afirmou.
Ela fez questão de ressaltar que o RN apresenta avanço nas três etapas do Ideb, embora nos anos finais e ensino médio não tenha atingido as metas, mas já havia essa previsão. “Considerando o histórico que nossa educação possui, não nos permite pensar que de uma hora para outra possamos apresentar saltos tão grandes. O que importa é a lição de que é preciso dar continuidade ao trabalho e as boas práticas adotadas para que possamos conseguir manter consolidada essa tendência de crescimento. Temos que parabenizar todas as escolas e os técnicos e profissionais que ao longo dos últimos três anos fizeram sua parte para que a educação do nosso estado melhorasse”, disse.
A discrepância entre ensino fundamental e anos finais
Assim como na maioria dos estados brasileiros, o RN conseguiu superar a meta estabelecida, dado os investimentos feitos na base da educação. Consideradas todas as escolas, o índice ficou em 5,2, quando a meta era 4,7. A melhora do resultado também é enxergada na educação pública, que tinha meta de 4,4 e alcançou 4,7. Ao todo, 50,6% dos municípios potiguares alcançaram as metas. Já as escolas privadas alcançaram Ideb 6,5, quando a meta era 6,7.
Já nos anos finais do ensino fundamental, o índice tem resultado baixo. Se consideradas todas as escolas, o índice foi de 4,1 (meta era de 4,6).
A discrepância é maior no ensino público, que obteve 3,6, quando a meta era de 4,3. “A principal explicação para isso é um "apagão" de investimentos para estas séries. Podemos observar que nos últimos anos vimos o aumento dos investimentos e das políticas públicas nacionais nos anos iniciais e no Ensino Médio; não houve isso nos anos finais do Ensino Fundamental” esclarece.
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