Sábado, 23 de novembro de 2024

Postado às 09h45 | 29 Jun 2021 | Redação Municípios serranos do Alto Oeste impulsionam produção de alhos nobres

Crédito da foto: Reprodução Produção de alho na região do Alto Oeste

Por Fabiano Souza/Repórter do JORNAL DE FATO

As cidades de Portalegre e São Miguel, na região serrana do Alto Oeste do Rio Grande do Norte, são responsáveis por introduzir o cultivo de alhos nobres no estado. Onze produtores são os precursores da plantação de variedades de aliáceas, família da qual também fazem parte a cebola, alho-poró e cebolinha. Graças a um projeto, que vem sendo desenvolvido desde 2018 pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -Embrapa/Hortaliças, Prefeitura de Portalegre e Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), a produção de alho roxo nessas serras já atinge as 27,5 toneladas por ano. A parceria também está dando condições para o processamento das espécies para o plantio e beneficiamento do produto.

Na última quinta-feira (24), os diretores do Sebrae-RN José Ferreira de Melo Neto (superintendente) e Marcelo Toscano (de Operações) foram conhecer de perto essa experiência, que já apresenta êxitos. Os executivos, juntamente com equipes técnicas do Escritório Regional do Sebrae no Alto Oeste, visitaram o prefeito de Portalegre, José Augusto de Freitas Rêgo e propriedades nas duas cidades para conhecer o trabalho que vem sendo executado. Pela parceria, o Sebrae oferece todo o suporte na área de gestão e articulação para abrir acesso a mercados para escoar produção. “O mérito desse projeto é inserir o cultivo de alhos no Rio Grande do Norte e criar alternativas de diversificação de culturas para gerar renda para pequenos agricultores”, ressalta o diretor superintendente, José Ferreira de Melo Neto.

O estado até então não tinha tradição no plantio de alho, cuja produção nacional fica basicamente concentrada nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, que respondem por 90% do abastecimento do país. Por isso, tudo o que é produzido por esses agricultores potiguares é completamente absorvido no mercado potiguar e regional.

Na semana passada, o projeto recebeu equipamentos via emenda parlamentar para fortalecer a cadeia produtiva de alho. Os produtores receberam um debulhador, um descascador, um classificador de alho comercial e um liquidificador industrial. A doação dos equipamentos foi feita à prefeitura local e visa aprimorar o plantio e, principalmente, a comercialização do alho produzido na região.

A hortaliça está sendo cultivada nos sítios Tibau, Jenipapeiro, Encruzilhada e Santo Antônio, além de uma área da Associação dos Produtores Rurais de Portalegre (APRUP), que mantém um telado (espécie de estufa) para cultivo das sementes que servem para a safra seguinte. Para se ter uma ideia do potencial da região, somente entre 2018 e 2019, foram produzidas e comercializadas aproximadamente 30 toneladas de alho.

 

Revitalização da cultura do alho busca espécies mais resistentes

 

O Rio Grande do Norte já atingiu o apogeu no cultivo de alho nas décadas de 70 e 80, principalmente na região de Mossoró e Gov. Dix-sept Rosado. Mas a cultura entrou em declínio e a busca pela revitalização da cadeia foi um dos desafios de pesquisadores da Ufersa, que vinham testando variedades mais adaptadas ao clima local e as regiões mais propícias. As primeiras análises da viabilidade ocorreram ainda em 2015, quando pesquisadores da universidade fizeram os primeiros plantios experimentais na região e confirmaram a possibilidade do cultivo em algumas áreas da serra, cujas altitudes chegam até 800 metros acima do nível do mar. O trabalho está sendo coordenado pelo professor do Departamento de Ciências Agronômicas e Florestais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Leilson Costa Granjeiro, que já fazia parte da equipe da professora aposentada, Maria Zuleide de Negreiros, também do Centro de Ciências Agrárias da Ufersa.

As espécies plantadas, mais resistentes a vírus, são o alho nobre – que se diferencia por ter um sabor incorpado, gourmet e, por isso, bastante apreciado por chefs de cozinha e proprietários de restaurantes – e o alho cateto roxo, que é precoce e destinado principalmente às indústrias de beneficiamento de temperos e também ao consumidor final. Essas variedades são comercializadas em média por R$ 20,00 cada quilo, valor que é mais elevado que o alho comum, importado da China.

Tags:

Portalegre
São Miguel
alho
produção
economia
RN

voltar