Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024

Postado às 08h45 | 24 Jun 2023 | redação Entenda o que o confronto entre o Grupo Wagner e o governo russo pode representar

Crédito da foto: Reprodução Presidente russo Waldimir Putin

Por Wesley Bischoff, g1 — São Paulo

A guerra na Ucrânia ganhou mais um episódio nesta sexta-feira (23) após o líder de um grupo de mercenários ligado ao governo de Vladimir Putin acusar o Ministério da Defesa da Rússia de promover um ataque contra a própria organização.

O "Grupo Wagner" vem apoiando a Rússia durante a invasão na Ucrânia e chegou a ser extremamente importante em conquistas de territórios do país invadido, como na batalha de Bakhmut. Integrantes do grupo também ajudaram a reforçar a linha de frente russa.

Mas a relação entre o chefe da organização, Yevgeny Prigozhi, e o governo russo estremeceu após um suposto ataque da Rússia contra acampamentos do grupo, que teria matado diversos integrantes do Wagner.

O desentendimento fez com que Prigozhi prometesse retaliação. Por outro lado, as autoridades russas afirmaram que vão investigar o líder do grupo por suspeita de organizar uma rebelião armada.

Segundo Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen, afirmou que as críticas de Prigozhi ao Ministério da Defesa russo não começaram agora, mas que o desentendimento atual pode ter repercussões dentro da própria Rússia.

"Em um momento em que a contraofensiva ucraniana ocorre, você ter uma rachadura explícita entre o exército oficial do país e aquele contratado (Wagner), mostra mais do que nunca, de maneira sutil, a fragilidade dos argumentos oficiais pela invasão russa", afirmou.

"Talvez haja agora uma guerra de narrativas que poderá expor aos cidadãos russos um lado da guerra até então ocultado pelo governo."

Fancelli também acredita que a briga entre o líder da organização e o governo russo pode marcar um sinal positivo para Ucrânia e uma virada de página no conflito.

"A Ucrânia já tem aproveitado disso pra inclusive tentar recuperar Bakhmut, que foi a única cidade que a Rússia conseguiu conquistar esse ano", disse.

 

E agora?

Neste sábado (24), Prigozhi disse que seus homens atravessaram a fronteira da Rússia, deixando a Ucrânia. O líder do Grupo Wagner afirmou que os paramilitares iriam destruir quem se colocasse no caminho.

"Este não é um golpe militar. É uma marcha por justiça. Nossas ações não interferem de forma alguma nas tropas", disse.

Poucas horas depois, o líder afirmou que o grupo derrubou um helicóptero do Exército da Rússia e que seus homens chegaram à região de Rostov.

O governador da região de Rostov, Vassily Golubev, pediu para que a população mantivesse a calma e permanecesse em casa.

Além disso, a agência de notícias russa Tass informou que a segurança foi reforçada em Moscou, concentrando-se em edifícios ligados ao governo e em pontos de infraestrutura da capital considerados importantes.

Apesar de haver o início de uma escalada de tensões entre Prigozhi e o Ministério da Defesa da Rússia, o mestre em relações internacionais Uriã Fancelli afirmou que ainda é muito cedo para avaliar a possibilidade de uma guerra civil.

Já em relação aos ataques registrados recentemente em territórios russos, como os de maio, Fancelli explica que outros grupos extraoficiais podem estar por trás dessas movimentações, inclusive vindos da própria Rússia.

"O conflito já começou a respingar em território russo há algum tempo, com ataques às cidades fronteiriças e Moscou por conta dos drones. Contudo, vale ressaltar que nem todo ataque quer dizer um ataque proveniente do governo ucraniano."

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