Por g1
Na primeira manifestação após o fim de um motim, o líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse, nesta segunda-feira (26), que recuou para "evitar um derramamento de sangue de soldados russos".
Prigozhin afirmou ainda que a marcha em direção a Moscou, abortada após negociação com o governo russo, não tinha por objetivo derrubar o governo de Vladimir Putin, presidente da Rússia.
"O objetivo da marcha era evitar a destruição do 'Wagner' e responsabilizar os funcionários que, por meio de suas ações não profissionais, cometeram um grande número de erros", disse o paramilitar em uma mensagem de áudio de 11 minutos, divulgada pelo Telegram.
Desde o fim da mobilização não se sabe a localização exata de Prigozhin. O acordo feito com o governo russo previa que ele viveria em exílio em Belarus.
O que causou a rebelião?
Há meses, Prigozhin vinha tendo desentendimentos com o Ministério da Defesa russo por conta da falta de armas e suprimentos de guerra para suas tropas.
A relação entre o chefe da organização paramilitar e o governo russo estremeceu ainda mais após um suposto ataque da Rússia contra acampamentos do grupo, que teria matado diversos integrantes do Wagner.
Na última sexta-feira, depois de meses de cobranças e críticas ao Ministério da Defesa russo, Prigozhin decidiu subir o tom e chama a versão do Kremlin para a guerra na Ucrânia de "mentiras inventadas". O líder também acusou o ministro da pasta, Serguei Shoigu, de ter ludibriado Putin para a guerra.
"O Ministério da Defesa está tentando enganar a sociedade e o presidente e nos contar uma história sobre como houve uma agressão louca da Ucrânia e que eles planejavam nos atacar com toda a Otan (...) A guerra era necessária ... para que Shoigu pudesse obter uma segunda medalha (...) A guerra não era necessária para desmilitarizar ou desnazificar a Ucrânia (o principal argumento de Putin à época da invasão)."
No início do mês, o Ministério da Defesa da Rússia disse que tropas voluntárias e grupos militares privados seriam obrigados a assinar um contrato com o governo. A medida não agradou os membros do Wagner.
Acordo com o Ministério da Defesa
Na mensagem divulgada por Prigozhin nesta segunda-feira, o líder do grupo Wagner afirma que nenhum dos seus homens concordou com o acordo previsto.
O russo disse ainda que sua marcha para a capital Moscou revelou diversos problemas na segurança do território russo.
Participação de Belarus
Segundo a rede britânica BBC, o líder do grupo Wagner disse na mensagem de 11 minutos que o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko teria ajudado na negociação: "(...) ele estendeu a mão e se ofereceu para encontrar maneiras de Wagner continuar seu trabalho legalmente".
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, informou que as negociações foram facilitadas após a participação de Lukashenko, que conhece Prigozhin há mais de 20 anos.
Ainda segundo Peskov, os esforços ajudaram a resolver a situação sem o aumento das tensões e sem derramamento de sangue.
Leia mais sobre a crise na Rússia clicando AQUI
Tags: