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Postado às 14h30 | 25 Out 2023 | redação Bullrich e Macri anunciam apoio a Milei para derrotar kirchnerismo

Crédito da foto: Juan Mambrota/AFP Patricia Bullrich declarou apoio a Javier Milei

Por O Globo, com agências internacionais

Terceira candidata mais votada no 1º turno das eleições presidenciais da Argentina, Patricia Bullrich declarou apoio ao candidato ultraliberal Javier Milei para a continuidade da disputa, nesta quarta-feira. Após uma noite de tratativas, que incluiu reuniões com o próprio Milei e com o ex-presidente Mauricio Macri, as lideranças políticas da direita argentina chegaram a um acordo para uma frente antikirchnerista contra o candidato do governo, Sergio Massa.

— Com Javier Milei, temos diferenças. Por isso competimos, não as ocultamos. No entanto, nos encontramos diante do dilema da mudança ou continuidade mafiosa para a Argentina e terminar com a vergonha do presente. A maioria dos argentinos elegeu uma mudança. Nós representamos parte dessa mudança. Temos a obrigação de não sermos neutros. — disse Bullrich a jornalistas reunidos em Buenos Aires. — Como dizia San Martín, quando a Pátria está em perigo, tudo é permitido, a não ser não defendê-la.

Bullrich ficou em terceiro lugar na luta pela Presidência, com 23,83% dos votos no primeiro turno. Analistas apontam que o impacto do apoio de Bullrich poderia ter um efeito decisivo na disputa entre Massa ou Milei.

A decisão de declarar apoio ao candidato antissistema pegou de surpresa aliados de Bullrich na coalizão Juntos pela Mudança, pela qual concorreu à Presidência. Uma reunião do partido Proposta Republicana (Pro), de Bullrich, havia convocado uma reunião de cúpula para a manhã desta quarta, mas o encontro foi suspenso após a conversa entre a candidata, Milei e Macri, afirmaram fontes próximas ao partido ao jornal La Nación.

O cerne do alinhamento parece ter sido a oposição ao kirchnerismo.

— O kirchnerismo é um limite e dar liberdade de ação não seria apropriado — alertou ontem Federico Angelini, homem de confiança de Macri e que estava no comando interino do Pro, criticando a possibilidade de liberar partidários para escolherem o lado que melhor os convém.

No anuncio desta quarta, Bullrich falou mais contra o kirchnerismo do que o a favor de Milei. Antes mesmo de mencionar o ultraliberal, a ex-candidata reafirmou suas tendências liberais antes de começar a atacar Sergio Massa e seus apoiadores peronistas.

— Ratificamos nossa defesa dos valores da mudança e da liberdade. A urgência do momento nos interpela a não sermos neutros frente ao perigo da continuidade do kirchnerismo por meio de Sergio Massa — disse aos jornalistas. — Faz 20 anos que Cristina Fernández Kirchner, Alberto Fernández, Sergio Massa e muitos outros nos jogam nesta decadência. A Argentina não pode reiniciar um novo ciclo kirchnerista liderado por Sergio Massa. Isso implicaria, para o nosso país e nosso povo, uma nova etapa histórica sob o domínio de um populismo corrupto que condenaria a Argentina a uma decadência final e significaria a continuidade do pior governo da história.

Ao mesmo tempo em que a aproximação entre Bullrich e Milei possa ter impacto direto na votação do ultraliberal, a declaração de apoio provavelmente acaba de fato com a coalizão Juntos pela Mudança, que levou Macri a Presidência em 2015. Partidos aliados, como a UCR e a Coalizão Cívica, anteciparam que não declarariam apoio a nenhum dos candidatos no segundo turno.

A crise, contudo, não deve ficar restrita a coalizão macrista. Assim que as primeiras notícias sobre o acordo surgiram, deputados eleitos pelo partido de Milei, o Liberdade Avança, afirmaram que deixariam a sigla e criariam um novo bloco no Congresso, apontando uma "traição" do candidato à Presidência, ao se aliar com alguns dos alvos de suas críticas até pouco tempo.

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