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Postado às 21h45 | 19 Nov 2023 | redação Milei: quem é e quais são as propostas do presidente eleito da Argentina

Crédito da foto: REUTERS/Agustin Marcarian Presidente eleito da Argentina, Javier Milei

Por g1

O economista ultraliberal Javier Milei venceu a eleição presidencial na Argentina neste domingo (19). Candidato de oposição, ele foi eleito com 55,95% dos votos na disputa contra o governista peronista Sergio Massa (44,04%).

Aos 52 anos, Milei será o 52º presidente do país e terá que enfrentar a pior crise econômica em décadas, com a maior inflação em mais de 30 anos, dois quintos da população vivendo na pobreza e forte desvalorização cambial. Desafios agravados por uma dívida externa bilionária e pela falta de reservas internacionais.

A Argentina, segunda economia da América do Sul e um dos principais exportadores de grãos da região, passa ainda por uma seca histórica neste ano, que atingiu a última safra de milho, soja e trigo, derrubou a produção agropecuária e levou à morte de milhares de cabeças de gado.

Quem é Javier Milei

Economista de formação, Milei se promove como um nome de fora da política tradicional que diz querer combater o que chama de "casta política" da Argentina.

Antes de se aproximar da política, ele atuou no setor privado, trabalhando em banco e em uma empresa que administrava aposentadorias e pensões. Também chegou a atuar como economista-chefe da Fundação Acordar, ligada ao peronista e ex-candidato à Presidência Daniel Scioli.

Professor universitário, Milei só se tornou mais conhecido do público argentino ao passar a ser convidado para falar em programas de rádio e, especialmente, TV.

Em 2021, com um discurso inflamado "contra tudo e contra todos", venceu sua primeira eleição para o cargo de deputado federal por seu partido A Liberdade Avança, fundado no mesmo ano.

Costuma ser comparado por analistas políticos ao ex-presidente americano Donald Trump e ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

A vida pessoal de Milei se tornou assunto na campanha com a publicação de uma biografia não autorizada pelo jornalista Juan Luis González, que mostra a relação do economista com o esoterismo depois da morte do cachorro dele, Conan, em 2017.

Segundo a mídia argentina, Milei enviou amostras de DNA de Conan para uma empresa fazer clones do cão. A empresa já publicou textos no site dela em que confirma ter clonado o animal de estimação do político argentino.

Hoje, são quatro cachorros, todos mastins ingleses que pesam 90 quilos, segundo a imprensa argentina: Murray, Milton, Robert e Lucas. Milei costuma dizer que ele são "seus filhos de quatro patas" e ainda se refere a Conan, como quando discursou após vencer as prévias. "Obrigado, Conan, Murray, Milton, Robert e Lucas", disse Milei em 13 de agosto.

Os nomes dos cachorros homenageiam economistas que Milei admira: Murray Rothbard, Milton Friedman e Robert Lucas. Já o nome de Conan é uma referência ao filme "Conan, o Bárbaro", de 1982.

Governabilidade

No pleito legislativo deste ano, o partido de Milei, A Liberdade Avança, foi o que mais cresceu no Legislativo, saltando de três deputados e nenhum senador para 38 deputados e oito senadores.

No dia 22 de outubro, os argentinos votaram no primeiro turno das eleições presidenciais e também para renovar 130 cadeiras das 257 na Câmara dos Deputados, e 24 cadeiras das 72 no Senado.

Na nova legislatura, a sigla de Milei se tornará a terceira maior bancada do Congresso, atrás da coligação peronista de Sergio Massa, que conta com 108 cadeiras da Câmara, e da coalizão de centro-direita representada no primeiro turno pela ex-ministra Patricia Bullrich, que ficou com 93 deputados.

Somados, os partidos de oposição ao peronismo (Liberdade Avança e Juntos pela Mudança) têm mais deputados do que a bancada do União pela Pátria.

 

Propostas de Milei

 

"Não vim guiar cordeiros, vim despertar leões", afirmou Milei quando seu partido venceu as eleições primárias, em agosto.

A retórica inflamada é uma das características marcantes do economista ultraliberal, que fez de suas propostas econômicas suas principais bandeiras de campanha. Duas delas, em especial, são as consideradas mais polêmicas:

- Milei propõe a "dolarização da economia", que pretende levar à substituição da moeda nacional peso pelo dólar. O modelo já foi adotado por outros países da região, como o Equador.

- O presidente eleito também falou várias vezes que quer "dinamitar" o Banco Central, acabando com a instituição responsável pela política monetária da Argentina.

Durante a campanha eleitoral, ele também disse que quer promover uma desregulamentação para compra de armas pelos cidadãos e se colocou contra o aborto e à educação sobre questões de gênero nas escolas públicas.

No documento oficial enviado à Justiça Eleitoral, as principais propostas de Milei são:

Economia:

- Eliminar gastos improdutivos do Estado e diminuir o tamanho do Estado

- Cortar o gasto com aposentadorias e pensões, visando um "sistema de capitalização privado"

- Privatizar empresas públicas deficitárias

- Retirar "imediatamente" todas as restrições cambiárias, que limitam as compras de dólares pelos argentinos

- Eliminar o Banco Central e promover a dolarização da economia

- Promover uma reforma tributária que "elimine e diminua impostos para potencializar o desenvolvimento dos processos produtivos"

- Concessões para a exploração de recursos naturais

- Promover uma reforma trabalhista que elimine as indenizações, substituindo-as por um sistema de seguro desemprego, além de "promover a liberdade de filiação sindical" e "reduzir os impostos ao trabalhador"

- Eliminar as retenções a exportações e direitos de importação

Saúde, educação e tecnologia:

- Implementar soluções tecnológicas, como telemedicina, receita eletrônica

- Proteger as crianças desde sua concepção

- Criar um sistema de vouchers de cheques educativos

- Eliminar a obrigatoriedade da educação sexual integral em todos os níveis de ensino

- Investir na manutenção do sistema energético atual, mas também "promover novas fontes de energias renováveis e limpas (solar, eólica, hidrogênio verde)

Segurança:

- Construir estabelecimentos penitenciários com sistema de gestão público-privada

- Estudar a possibilidade de reduzir a idade de imputabilidade de menores

- Desregulamentação do mercado legal de armas de fogo, proteger o uso "legítimo e responsável por parte da cidadania"

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