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Postado às 14h14 | 10 Fev 2017 | Cesar Santos Vaticano e China estão próximos de acordo histórico sobre nomeação de bispos

Desde a década de 1950 existe na China uma 'igreja cristã oficial' e a Igreja Católica de Roma

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Da Agência Ansa
Papa Francisco em celebração para lembrar o Dia Mundial da Paz (Agência Lusa/Direitos Reservados)

Segundo a doutrina católica, o Papa é a mais alta autoridade na nomeação de um bispoAgência Lusa/EPA/Giuseppe Lami/Direitos Reservados

O Vaticano e a China estão próximos de alcançar um acordo histórico sobre a nomeação de bispos, informou o cardeal de Hong Kong, John Tong Hon, em matéria publicada nesta sexta-feira (10) pelo jornal católico "Sunday Examiner", daquela cidade. De acordo com o religioso, as duas instituições conseguiram atingir um consenso inicial para a retomada das relações bilaterais que foram cortadas em 1951. Esse consenso teria definido que é o Papa da Igreja Católica quem dará a palavra final sobre a nomeação dos bispos na China. As informações são da agência de notícias italiana Ansa.

"Um grupo de trabalho foi instituído e, através dele, ambas as partes buscam resolver os problemas acumulados. [O principal] é a nomeação dos bispos e depois de uma série de conversas, chegou-se a um consenso preliminar que levará a um acordo sobre a nomeação dos prelados", informou Hon.

Desde a década de 1950 existe na China uma "igreja cristã oficial" e a Igreja Católica de Roma atua quase que na clandestinidade. Com isso, as nomeações de bispos para as dioceses chinesas são feitas pelo governo e não pelo Pontífice, como é tradicional em todas as partes do mundo.

"Segundo a doutrina católica, o Papa é a mais alta autoridade na nomeação de um bispo. Se o Papa tem a última palavra sobre a dignidade e a idoneidade de um candidato episcopal, as eleições da Igreja local e as recomendações da Conferência Episcopal da Igreja Católica na China serão simplesmente uma maneira de repassar informações", acrescentou o cardeal de Hong Kong.

A Conferência Episcopal da Igreja Católica na China, além de não ser reconhecida pelo Vaticano, comumente dá "conselhos" aos cristãos que nada tem a ver com a doutrina da Igreja Católica. Por exemplo: na última edição da reunião da entidade, em dezembro passado, um dos principais líderes do governo chinês, Yu Zhengsheng, discursou e pediu que os católicos chineses promovessem o "comunismo e o patriotismo" pela religião.

No entanto, desde que o papa Francisco assumiu o posto de líder da Igreja, ele vem tentando acelerar as negociações para por fim - ou amenizar - as divergências em prol dos católicos do país.     Sobre os sete bispos nomeados recentemente sem a autorização do Vaticano, o cardeal lembra que eles "escreveram para o Papa e disseram estar dispostos a pedir perdão". Questionado sobre os temores de um envolvimento do Vaticano com um Estado que limita a liberdade de culto, Tong disse que permitir que o líder da Igreja nomeie os bispos é "uma liberdade fundamental".

"A Igreja nos ensina a escolher o menor de dois males. Portanto, sob o ensinamento do princípio do realismo que o papa Francisco ensina, é claro qual o percurso que a Igreja Católica na China deve percorrer", finalizou o cardeal.

 

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