De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em março, Mossoró teve um saldo negativo de empregos de carteira assinada. A última vez que o município registrou saldo negativo de empregos foi em março de 2021
Mossoró perde postos de trabalho com carteira assinada
Por Amina Costa / Repórter do JORNAL DE FATO
Pela primeira vez em um ano, Mossoró registra queda no número de postos de trabalho formais. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em março, Mossoró teve um saldo negativo de empregos de carteira assinada. A última vez que o município registrou saldo negativo de empregos foi em março de 2021.
Os dados do Caged apontam que, no terceiro mês do ano, os setores econômicos da cidade admitiram 1.918 trabalhadores e demitiram 2.298 funcionários, totalizando 780 postos de trabalho perdidos. Em fevereiro, o município tinha ganhado 581 novos postos de trabalho, fruto do bom desempenho de setores como o comércio, a indústria e o setor de serviços.
Já os maus resultados do mês de março se deram em virtude do grande número de demissões que ocorreram no setor agropecuário. Esse cenário de demissões do setor já havia ocorrido no mês de fevereiro, porém o bom desempenho dos outros setores foi capaz de reduzir as perdas. Já em março, o setor da agropecuária realizou apenas 12 admissões ao mesmo tempo em que acabou com 931 postos de trabalho, registrando um saldo negativo de 919 empregos no setor.
Este é o pior saldo de empregos já registrado pelo setor desde fevereiro de 2020, quando foram perdidos 1.112 postos de emprego formal na agropecuária de Mossoró. O número deste ano ainda é maior do que o registrado em fevereiro de 2021, quando o saldo de empregos para o setor foi de -915. Março foi o 4º mês consecutivo que a agropecuária de Mossoró vem perdendo postos de trabalho. Historicamente, o período de chuvas contribui para a redução do número de postos de trabalho no setor.
Outro setor que teve um rendimento ruim no mês de março foi o da construção civil. Desde junho de 2021 o setor não encerrava um mês com o saldo negativo de empregos. Com exceção do mês de dezembro de 2021, quando o crescimento foi quase nulo, o setor vinha apresentando níveis satisfatórios em relação à geração de empregos de carteira assinada, a partir do mês de julho. Em fevereiro, a construção civil fechou o mês com a criação de 191 novos postos de trabalho em Mossoró.
O setor de serviços, apesar de ter apresentado um saldo positivo de empregos formais em março, registrou uma significativa queda em relação ao mês anterior. Em fevereiro, foram criados 654 novos postos de trabalho no setor de serviços de Mossoró. Em março, o saldo foi de 26 novos empregos, fruto de um cenário de 779 admissões e 753 desligamentos.
Ainda em relação ao setor de serviços, quando se faz um comparativo dos meses no decorrer do ano, percebe-se uma variação considerável na criação e na perda de novos postos de trabalho. O setor ainda não conseguiu manter por mais de três meses a constância positiva no saldo de empregos. Os dados do Caged apontam que o setor consegue aumentar o número de postos de trabalho por dois meses e, no mês seguinte, reduz significativamente o número de pessoas contratadas.
Mesmo diante da perda de postos de trabalho, o comércio mossoroense conseguiu criar novos postos no mês de março. Os números do Caged apontaram que, após dois meses seguidos de redução de empregos no setor, o mês de março foi marcado por um pequeno crescimento do setor. Diante de um cenário de 534 admissões e 467 demissões, o comércio de Mossoró registrou um saldo de 67 novos postos de trabalho criados em março.
Em fevereiro, o saldo já foi positivo, embora quase nulo, com a criação de 4 novos postos de trabalho formal. Em janeiro, o setor havia registrado o seu pior índice desde o início da pandemia, quando fechou o mês com o saldo negativo de 171 empregos. Desde agosto de 2020, quando o setor voltou a se recuperar dos impactos da pandemia, o saldo de empregos perdidos ou criados oscilava bastante, mas se mantinha positivo.
A indústria mossoroense, que sofreu significativos cortes de postos de trabalho nos primeiros meses de pandemia, é outro setor que vem apresentando uma recuperação frequente desde maio de 2021. Nos mês de março, o setor realizou 310 contratações e 218 demissões, totalizando um saldo de 92 empregos. Em janeiro e fevereiro, a indústria abriu 144 e 186 postos de trabalho, respectivamente.
RN perdeu mais de 1 mil postos de trabalho
O saldo positivo no número de postos de trabalhos formais não se resumiu apenas à cidade de Mossoró. De acordo com os dados do Caged, os dados gerais do Rio Grande do Norte apontaram uma redução de 1.069 postos de trabalho formais, no mês de março. Esse número é resultado de um cenário de 14.501 admissões e 15.570 demissões no período.
Assim como ocorreu em Mossoró, o setor da agropecuária também foi o grande responsável pela queda considerável no número de empregos. O setor empregou apenas 225 pessoas e realizou 2.371 demissões em todo o estado, totalizando a perda de 2.146 postos de trabalho. Março foi o 5º mês consecutivo de perdas de postos de trabalho no setor agropecuário do estado.
Embora os demais setores analisados (comércio, indústria, construção civil e serviços) tenham apresentado dados positivos de criação de novos empregos, o número não foi suficiente para suprir o alto número de demissões da agropecuária. O setor de serviços, por exemplo, que criou 2.093 novos postos de trabalho em fevereiro, teve saldo de apenas 291 novos empregos gerados, em março.
A perda de 1.069 empregos coloca o RN entre os quatro estados do Nordeste que tiveram saldo negativo de geração de trabalho. Além do estado potiguar, o Caged revelou que Alagoas (-10.029), Pernambuco (-6.091) e Sergipe (-2.502) tiveram mais demissões do que admissões em março. Os demais estados conseguiram ficar no verde e geraram novos postos de trabalho.
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