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Postado às 20h00 | 08 Mai 2022 | redação Em duas semanas, dobraram as notificações de casos de dengue em Mossoró

Desde o mês de dezembro, quando começou o período chuvoso em Mossoró, a população precisou redobrar os cuidados com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão de doenças como a dengue, a chikungunya e o zika vírus

Crédito da foto: Arquivo Mosquito aedes aegypit, transmissor da dengue

Por Amina Costa / Repórter do JONAL DE FATO

Desde o mês de dezembro, quando começou o período chuvoso em Mossoró, a população precisou redobrar os cuidados com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão de doenças como a dengue, a chikungunya e o zika vírus. A junção das chuvas e das altas temperaturas desse período é perfeita para que os mosquitos ponham seus ovos em locais que estão com água parada.

Os mossoroenses precisam evitar o acúmulo de água parada, acabando com os criadouros do mosquito Aedes aegypti. Dessa forma, contribuirão para a redução dos casos notificados das arbovisores, especialmente os de dengue, que registraram um aumento considerável nas últimas semanas.

A reportagem do JORNAL DE FATO solicitou da Secretaria Municipal de Saúde os dados das últimas semanas sobre os casos notificados e confirmados de arbovisores. O recorte de tempo dos dados diz respeito ao período de 11 a 29 de abril (semanas epidemiológicas número 15, 16 e 17, respectivamente). Os dados foram colhidos com base nas informações repassadas pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e os hospitais.

Os números informados apontaram que, dentro do período de duas semanas, as notificações para os casos de dengue quase dobraram, saindo de 19 casos na semana 15 para 35 casos na semana 17. Ainda de acordo com os dados da Secretaria, o maior crescimento no número de casos notificados ocorreu na semana 16, quando o município notificou 33 casos de dengue. Nas 17 semanas epidemiológicas, o Município já notificou 630 casos de dengue, dos quais, apenas 26 foram confirmados.

O aumento no número de notificações também foi registrado para os casos de chikungunya. Na semana 15, o município notificou apenas um caso suspeito, enquanto que nas semanas 16 e 17 foram notificados quatro casos em cada uma. Em todo o ano de 2022, a Secretaria Municipal de Saúde notificou 105 casos de chikungunya. A Secretaria esclarece que nem todos os casos que são notificados no município são, necessariamente, confirmados.

Recentemente, o município informou que está realizando um novo Levantamento de Infestação Predial (Liraa). O primeiro levantamento do ano no município foi divulgado em fevereiro passado. A Secretaria de Saúde frisa que, comparado aos índices estaduais, Mossoró tem se destacado no combate ao mosquito Aedes aegypti e tem mantido o número dos casos bem abaixo da média estadual.

A principal maneira de se proteger da dengue é controlando os focos do Aedes aegypti. O popular mosquito da dengue se prolifera em água parada, em clima tropical ou subtropical – ou seja, com temperaturas médias acima de 16°C. Para evitar esses focos é preciso evitar que garrafas, pneus, vasos e outros recipientes possam acumular água da chuva ou vazamentos.

Além disso, é importante adotar medidas como colocar areias em vasos de plantas, limpar calhas, telar portas e janelas e, em caso de focos próximos, usar repelentes para evitar a presença desse mosquito que voa, no máximo, a 1 metro de altura.

Vale lembrar que os ovos do Aedes aegypti podem sobreviver por até 1 ano até que possam eclodir em condições favoráveis. Estamos vivendo um surto altíssimo de dengue. O Brasil chegou, em 4 meses, ao mesmo patamar de casos de dengue de todo o ano passado.

 

Enfermeira explica diferenças entre os tipos de dengue

A dengue é uma doença febril aguda, grande problema de saúde pública, e é causada por um vírus. A transmissão é feita pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. Existem quatro tipos de dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Ao contrair um deles, o indivíduo desenvolve imunidade para o sorotipo parcial ou temporário contra os outros tipos. Ambos são causados pelo mesmo vírus, transmitido pela picada do mosquito.

A enfermeira Luzia Cibele Maximiano conversou com a reportagem do JORNAL DE FATO e explicou os principais cuidados e sintomas entre os tipos de dengue, sendo um deles a dengue hemorrágica. A enfermeira é formada pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e já atuou como coordenadora de Vigilância à Saúde no estado do Rio Grande do Norte. Hoje, atua como pesquisadora na organização holandesa Netherlands Hanseniasis Relief Brasil e na UERN.

“A chamada dengue clássica, na maioria das vezes, não apresenta grandes problemas, além daqueles sintomas que já são bem conhecidos, como: febre, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, cansaço, náuseas e vômitos etc. Os sintomas iniciais da febre hemorrágica da dengue são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas e/ou instabilidade hemodinâmica e/ou choque. Os casos típicos da febre hemorrágica da dengue são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória”, explicou a enfermeira.

Luzia Cibele Maximiano informa que a dengue é uma doença dinâmica que pode evoluir rapidamente de uma forma para outra. “Assim, num quadro de dengue clássica, em dois ou três dias podem surgir sangramentos e sinais de alerta sugestivos de maior gravidade. É fácil confundir os sintomas da dengue clássica com a dengue hemorrágica, já que eles são semelhantes no começo”, explica.

A enfermeira esclarece que a principal diferença é que, na dengue hemorrágica, a febre diminui ou até mesmo pode desaparecer entre o terceiro e quarto dia, dando lugar a hemorragias de órgãos e pequenos vasos da pele. “Além desses sintomas da dengue hemorrágica, a doença pode fazer com que ocorra baixa circulação sanguínea, desencadeando o estado de choque nos pacientes. Caso não sejam tratados, os sintomas de choque decorrentes da dengue hemorrágica podem levar o paciente a óbito”, alerta.

Luzia Cibele informou também que na dengue clássica a duração média é de 5 a 7 dias. “Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga. Nos casos graves da febre hemorrágica da dengue, o choque geralmente ocorre entre o 3º e 7º dia de doença, precedido por um ou mais sinais de alerta. O choque é decorrente do aumento da permeabilidade vascular seguido de hemoconcentração e falência circulatória. É de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida após terapia adequada em ambiente hospitalar”, informa.

Não existe tratamento específico contra o vírus da dengue. Tomar muito líquido para evitar desidratação e utilizar medicamentos para baixar a febre e analgésicos são as medidas de rotina utilizadas para aliviar os sintomas. “Caso o paciente apresente sinais de alarme (sangramento de mucosas, vômitos persistentes, sonolência, queda abrupta das plaquetas etc.) ou sinais de choque (hipotensão, taquicardia, pulso rápido e fino etc.), apresentando disfunção orgânica grave ou sangramento grave, é necessário que haja um suporte em terapia intensiva para tentar a estabilização do quadro clínico”, finaliza a enfermeira, que é mestranda em Saúde e Sociedade pela Faculdade de Ciências da Saúde da Uern.

 

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