PoR Edinaldo Moreno / Repórter do JORNAL DE FATO
Boletim epidemiológico publicado pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) mostra que a mortalidade por Aids na região de Mossoró caiu pelo terceiro ano consecutivo. Os dados são referentes a 2011 a 2021. Neste período, foram registradas 207 mortes em decorrência da doença.
De acordo com o documento publicado nesta semana, em 2021 a região polarizada por Mossoró registrou 16 mortes em decorrência da doença. No ano anterior, o número de óbitos chegou a 21. O maior número de mortes neste período aconteceu em 2019 com o registro de 24 óbitos.
Em 2018, a região de Mossoró teve 15 óbitos. Já em 2017 a região registrou o maior número de mortes pela doença. Foram, ao todo, 25. Em 2016 foram 19. No ano anterior 13 e em 2014 o menor com 10 mortes. Em 2013 foram 21, em 2012 houve 22 mortes e em 2011 o total de 21 registros de vítimas por Aids.
De janeiro de 2011 a dezembro de 2021 foram registrados 1.404 óbitos por AIDS no Rio Grande do Norte. Desses, 1.015 (72,3%) ocorreram em homens e 389 (27,7%) em mulheres. A faixa etária predominante foi a de 40 a 49 anos com 29,5% dos casos registrados.
A maior concentração de óbitos ocorreu na 7ª Região de Saúde com 54,2% do total do estado. Verifica-se, no período analisado, um aumento de 19,4% no número de óbitos relacionados à AIDS no estado. A 2ª Região de Saúde, que tem Mossoró como principal município, registrou pouco mais de 14% dos óbitos.
No ano de 2021, quando analisada a mortalidade por região de saúde, verifica-se que a 3ª, 7ª e 8ª região de saúde mostraram coeficientes de mortalidade superiores ao do estado (4,2 óbitos por 100 mil habitantes). O coeficiente de mortalidade de AIDS (por 100 mil habitantes) na 2ª Região de Saúde foi de 3,2 óbitos.
O coeficiente de mortalidade, no RN, em 2020, foi de 3,5 óbitos por 100 mil habitantes, valor inferior ao observado na região Nordeste (3,6 óbitos por 100 mil habitantes) e no Brasil, que apresentou um coeficiente de 4,0 óbitos por 100 mil habitantes.
CASOS
Ainda de acordo com o boletim, a região de Mossoró registrou entre 2014 e 2021 o total de 451 casos. O ano de 2021 foi justamente o que teve o maior número de ocorrências neste período, com 72 casos. Já o menor foi registrado em 2014 com o total de 25 casos.
O Rio Grande do Norte, entre 2011 e 2021, apresentou 6.470 casos de AIDS, sendo 64 casos de AIDS em menores de cinco anos, 1.057 gestantes infectadas pelo HIV, 1.068 crianças expostas ao HIV.
Nesse período, percebe-se um crescimento de 36,8% no registro de casos de AIDS, de 28,8% nos casos de infecção pelo HIV, de 74% no número de casos de gestantes infectadas pelo HIV, de 203,2% na identificação de crianças expostas ao HIV e de 19,4% na ocorrência de óbitos por AIDS.
A taxa de detecção de AIDS apresentou aumento no período avaliado, passando de 15,5 casos por 100 mil habitantes em 2011 para 19,1 casos por 100 mil habitantes em 2021, revelando um acréscimo de 23,3%. Com exceção do Seridó, que teve uma redução de 20%, as demais regiões apresentaram aumento na taxa de detecção, com variações de 94,4% no Agreste, de 17,4% no Oeste, de 43,4% no Mato Grande, de 30,7% no Trairi/Potengi, de 56,1% no Alto Oeste, de 9,9% na Região Metropolitana e de 71,9% no Vale do Açu.
Entre 2011 e 2021, foram registrados 4.650 (71,9%) casos em homens e 1.820 (28,1%) casos em mulheres. Nos homens, a taxa de detecção passou de 22,7 para 29,5 casos por 100 mil habitantes, representando um aumento de 30%. Entre as mulheres, a taxa passou de 8,7 para 9,3 casos por 100 mil habitantes, revelando um crescimento de 7% nesse grupo.
A maior concentração dos casos, entre 2011 e 2021, foi observada nos indivíduos com idade entre 30 e 39 anos (31,1%). Nos homens, a faixa etária que apresentou maior variação, no período, foi a de 13 a 19 anos (184%) e, nas mulheres, maior crescimento foi observado na faixa etária de 60 anos e mais (150%).
Os dados foram obtidos por meio do cruzamento do Sistema de Informação de Agravos Notificáveis (SINAN), do Sistema de Mortalidade (SIM), do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), do Sistema de Monitoramento Clínico das Pessoas Vivendo com HIV (SIMC) e do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL). O relacionamento destas diferentes bases de dados permite a identificação de casos que não constam em bancos de dados oficiais, proporcionando um incremento importante no número de casos identificados no estado.
Região de Mossoró não registra casos de Aids em crianças desde 2019
Dados do boletim HIV/AIDS emitido pelo Programa Estadual de IST, AIDS e Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) mostraram que nos últimos três anos a região de Mossoró não registrou caso em crianças (menores de 13 anos).
Os últimos casos foram registrados em 2018. Naquele ano foram 4 casos nesta faixa etária. O mesmo número de 2017. Já em 2016 não houve registro de casos. Em 2015, foram 2 casos. Já nos anos de 2013 e 2014 houve um caso em cada. Em 2012, foram 3 e no ano anterior um caso confirmado.
No período de 2011 a 2021, das 107 crianças registradas com AIDS (menores de 13 anos), 64 (59,8%) foram diagnosticados antes dos cinco anos de idade. A transmissão vertical é a categoria de exposição predominante com percentuais em torno de 76,6%.
A maior ocorrência foi na Região Metropolitana que apresentou 51,4% do total de casos identificados. Os municípios que mostraram maior concentração de casos foram Natal, Mossoró e Parnamirim.
A partir de 2019, observa-se uma tendência de diminuição dos casos de AIDS em crianças. Em 2020, o RN registrou 3 casos de AIDS em menores de cinco anos, conseguindo atingir a meta estabelecida que era identificar até 5 casos. Para 2021 esperava-se uma redução de 10% no registro de casos, o que corresponde a uma meta de até 2 casos, porém não houve registro de caso da doença e o estado conseguiu atingir a meta pactuada.
A taxa de detecção de AIDS em menores de cinco anos tem sido utilizada como indicador para o monitoramento da transmissão vertical do HIV e está diretamente relacionada à adoção ou não de medidas profiláticas como diagnóstico no pré-natal e parto, à utilização de antirretrovirais (ARV) pela gestante durante a gestação e parto, ao uso de ARV pelo recém-nascido após o parto, à disponibilização do inibidor de lactação (cabergolina) e ao fornecimento de fórmula infantil para as crianças até os 6 meses de vida.
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