Edinaldo Moreno / Repórter do JORNAL DE FATO
A coleta de informações do Censo 2022 em Mossoró encerrou nesta sexta-feira (12) a sua segunda semana de trabalhos e os recenseadores estão com dificuldades de ingressarem a grande parte dos condomínios na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte.
O tema foi tratado em uma reunião ocorrida nesta semana entre representantes da Unidade Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e síndicos destes empreendimentos. No entanto, o encontro contou com a participação mínima destes administradores.
Hildebrando Mota, coordenador de área do Censo Demográfico no município, explicou que esta reunião teve o intuito de firmar uma parceria com os condomínios para que os recenseadores consigam acessar esses locais com maior facilidade e realizar o trabalho de coleta das informações do Censo Demográfico.
“Nós temos enfrentado muitos problemas para conseguir acessar alguns condomínios aqui em Mossoró. Essa dificuldade a gente acredita que está ocorrendo principalmente pelo motivo de sentimento de insegurança que alguns síndicos têm em receber uma pessoa de fora”, disse Mota que a dificuldade aumenta ainda com a resistência de muitos administradores não permitir nem mesmo o contato do recenseador com o morador e não responderam ao IBGE sobre a reunião.
“Outro problema que está agravando é que alguns síndicos sequer quiseram conversar com a gente. Eles não querem conversar com a gente de jeito nenhum. Para se ter uma ideia, nem o convite para a reunião que ocorreu na quinta-feira quiseram participar. Outros nem quiseram receber o convite. Eles (administradores de condomínio) estão barrando a entrada do recenseador, sendo que a pessoa (recenseador) nem consegue falar com os moradores por causa dessa barreira que alguns síndicos impõem”, comentou.
O coordenador da área do Censo Demográfico em Mossoró explica que a ausência de informações coletadas por conta desses problemas ocasionados pela resistência dos síndicos prejudica o município no tocante à chegada de políticas públicas e investimentos.
“A ideia do IBGE é sensibilizar essas pessoas (síndicos) que o Censo é uma pesquisa ampla, a maior da América Latina. Esse levantamento não é só sobre contar pessoas. A ideia do Censo é que conheçamos a realidade brasileira de como somos, onde vivemos e nós só conseguimos esse resultado através da resposta das pessoas”, iniciou.
“A entrevista é a única forma que temos para o resultado a nível de bairro, de município. Ele (Censo) influencia no Fundo de Participação dos Municípios, na quantidade de cadeiras nas Câmaras de Vereadores, na quantidade de orçamento para Saúde, Educação, além da quantidade de vacinas, que, por ventura o município venha precisar e também a quantidade de creches”.
“Esses números nós só teremos com a resposta dos moradores. A nossa ideia é que essa sensibilização faça com que os síndicos permitam a nossa entrada para assim possamos conhecer a realidade local. Caso não consigamos entrar nesses condomínios a perda a nível de município será muito alta porque é um extrato muito grande da sociedade que deixa de ser retratado na operação censitária. Será uma população que não estará retratada na realidade local e não é isso que queremos. Queremos conhecer a realidade de Mossoró como um todo e não só parte dela”, completou.
PENALIDADES
Hildebrando Mota cita que os síndicos que obstruírem o trabalho do recenseador na coleta das informações, como no exemplo de não permitir a entrada deles nos condomínios, podem ser enquadrados na lei que permite ao IBGE aplicar sanções ao infrator.
“Em termos legais, a lei número 5.534 permite que o IBGE aplique uma multa a quem recusar a entrevista do recenseador”, diz o coordenador que ressalta que o instituto não pretende chegar nesse ponto. “A gente não quer chegar a esse ponto. Queremos sempre ter uma política de cordialidade, bom relacionamento e que as pessoas prestem a informação ao IBGE e que o síndico permita a entrada do recenseador por uma questão de civilidade e favoreça o trabalho do profissional”.
O Censo Demográfico é a única pesquisa que vai à casa de todos os brasileiros. De acordo com o IBGE, o objetivo não é apenas a contagem da população, mas coletar dados essenciais sobre educação, condições de moradia, cor ou raça, trabalho e renda e outros temas. Os resultados são apresentados, por exemplo, em nível municipal e de bairro. Dessa forma, é possível observar como o perfil da população e as suas necessidades mudam no decorrer do tempo.
COMO IDENTIFICAR O RECENSEADOR
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) explica para toda a população como identificar um recenseador ou uma recenseadora que estiver coletando os dados para o Censo Demográfico 2022 iniciado nesse mês de agosto e que se estenderá até outubro próximo.
Segundo o órgão, o recenseador deverá estar vestido de colete azul marinho com logomarca do IBGE nas costas; telefone (0800 721 8181) e o portal do IBGE no peito; crachá com nome, documento de identidade, número da matrícula no IBGE e QR Code; nas mãos, o dispositivo de coleta com capa azul semelhante a um celular; e boné do Censo.
Ainda de acordo com o instituto, no outro lado das linhas do 0800 721 8181, haverá servidores, das 8h às 21h30, todos os dias para tirar dúvidas da população a respeito do trabalho dos profissionais. Isso porque o recenseador pode ir às casas fora do horário comercial, nos fins de semana e feriados, uma vez que o objetivo é encontrar a população em casa.
O IBGE também destaca que dentro do portal do órgão qualquer pessoa pode consultar a página Respondendo IBGE para saber se um documento de identidade (CPF ou RG) ou matrícula é realmente de um servidor do instituto. Nos condomínios residenciais, o IBGE distribuirá cartazes, para serem usados em áreas comuns, com a foto e nome do recenseador.
RETRANCA
Em duas semanas, IBGE visitou mais de 30 mil domicílios em Mossoró
A Unidade Regional do IBGE informou que nas duas primeiras semanas de trabalhos do Censo Demográfico 2022 já visitou 31.370 domicílios. O coordenador de área do Censo Demográfico no município, Hildbrando Mota, explica que a coleta evolui de forma satisfatória na segunda maior cidade potiguar.
“A coleta vem fluindo tão bem que já passamos de mais de 31 mil domicílios visitados nessas duas primeiras semanas de trabalho da equipe aqui no município. Essa é uma quantidade muito expressiva”, disse Mota que se os trabalhos continuarem nesse ritmo a supervisão dos dados será feita de forma mais adequada.
“Se continuarmos nesse ritmo e tivermos o apoio dos síndicos que possam permitir a nossa entrada esse trabalho será realizado de maneira mais célere e teremos tempo de fazer uma supervisão adequada para que todo o resultado saia de uma maneira mais satisfatória possível, com a maior quantidade de domicílios coletados e todos teremos um bom resultado do Censo”, finalizou.
A Unidade Regional de Mossoró estima visitar no período do censo por volta de 120 mil unidades, incluindo estabelecimentos, casas, apartamentos, entre outros. Deste total, 105 mil são de domicílios. O IBGE explica que neste ano todos os endereços visitados terão a localização registrada via satélite.
O georreferenciamento dos endereços com coordenadas geográficas vai facilitar também a solução de disputas territoriais entre municípios. O IBGE destaca que todo o processo é com o sigilo de cada domicílio garantido.
No Rio Grande do Norte, a estimativa do IBGE é visitar cerca de 1,1 milhão de domicílios, em zonas urbanas e rurais, dos 167 municípios até o fim de outubro. O lançamento do processo de coletas teve início na manhã da última segunda-feira (1º), no bairro de Mãe Luiza, em Natal.
O estado conta com 2.931 recenseadores, 284 agentes censitários supervisores, 151 agentes censitários municipais, 37 agentes censitários de administração e informática, 32 coordenadores censitários de subárea. Todo esse número, segundo o IBGE, é para fazer o mais amplo e preciso perfil da população brasileira e potiguar.
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