Por Edinaldo Moreno / Repórter do Jornal de Fato
A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) iniciou estudos voltados para o cultivo da Pera no Semiárido potiguar. A área de plantio comporta apenas 40 plantas, mas é o suficiente para iniciar as pesquisas sobre a viabilidade do cultivo da pera na região.
O estudo, além de verificar a viabilidade de produção, também vai analisar a qualidade da fruta e a resistência da planta a possíveis pragas e doenças. “Trata-se de uma pesquisa preliminar que deve ter os primeiros resultados concluídos no final de 2024”, adiantou. A ideia é que nesse intervalo de tempo a área do experimento no Pomar da UFERSA seja aumentada.
“É uma medida que ainda está sendo estudada. O desenvolvimento dela está numa fase inicial. A gente vai formar a cultura para daqui uns dois anos mais ou menos ter respostas em termos de produção e qualidade do fruto. Acreditamos, sim, que é viável para as nossas condições. Lá em Petrolina, se desenvolve muito bem e acreditamos que também vamos ter um bom resultado nas nossas condições”.
Nesta semana, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Paulo Roberto Coelho, grande incentivador da cultura da pereira no Nordeste brasileiro, proferiu uma palestra na universidade tratando sobre o tema.
O coordenador do Grupo de Pesquisa, professor Vander Mendonça, explicou que a pesquisa é uma iniciativa de Paulo Roberto Coelho. Ele desenvolveu de forma exitosa o experimento em Petrolina, Pernambuco.
“O pesquisador Paulo Roberto Coelho é um incentivador da cultura pereira. Ele já trabalha há bastante tempo com essa cultura lá em Petrolina, no estado do Pernambuco. Tempos atrás, visitamos essa pesquisa dele na cidade pernambucana e conversei com ele. Paulo Roberto disponibilizou algumas mudas de pereira e mandou para a gente. Instalamos essa cultura aqui no pomar”, disse.
Vander Mendonça destacou os principais pontos abordados por Paulo Roberto Coelho na palestra ocorrida na última quarta-feira (18). Ele ministrou uma palestra sobre a produção de peras no Semiárido Brasileiro e foi uma oportunidade de socializar conhecimentos relacionados com os estudos que vêm sendo conduzidos com a cultura.
“Ele falou sobre a cultura em si e como é o desenvolvimento dele lá em Petrolina, que é totalmente diferente da cultura na região Sul do país, que é onde se produz muita pera. Abordou também os principais tratos culturais que são indicados para a cultura aqui na região semiárida, que é um pouco diferente das nossas condições, pois temos muito calor e a planta precisa de um pouco de frio para induzir o florescimento”, emendou.
O plantio de pera deve ser realizado em regiões com clima temperado, pois a pereira depende do frio para a hibernação e da luminosidade para a frutificação. Entretanto, a frutífera não tolera geadas nem ventos fortes. Quanto ao solo, ele deve ser arenoargiloso e profundo, além de apresentar alta fertilidade e boa drenagem. Já o terreno deve apresentar baixa declividade.
No pomar da Ufersa haverá no turno da tarde, entre 15 e 17 horas, atividade prática com a poda das plantas com o objetivo de controle do porte e da forma das plantas, além de incentivar a floração e a frutificação. “A produção das mudas das cultivares Princesinha e Triunfo foram propagadas por enxertia em agosto do ano passado”, adiantou o professor.
Atualmente, alguns frutos prematuros já começam a aparecer, porém, Vander explica é necessário mais dois anos de condução da cultura para iniciar o processo produtivo e se verificar a viabilidade da cultura. A pera é uma fruta climatérica, ou seja, o amadurecimento continua acontecendo mesmo após ser colhida.
“O único local no Rio Grande do Norte atualmente que tem essa unidade demonstrativa é a Ufersa. Teve outro local no estado que plantaram a cultura, mas em função da pandemia da Covid-19 ficou dois anos sem cuidar direito e essa unidade se perdeu. Eles vão reiniciar de novo. Então, aqui no nosso estado a gente só tem aqui no pomar da Ufersa essa plantação do fruto”, disse Vander.
O maior produtor da fruta no Brasil é o Rio Grande do Sul, que concentra 55% da colheita nacional. No Brasil, as espécies de pera mais comercializadas são as europeias (as mais consumidas no país), as japonesas e as chinesas.
As peras costumam ser alimentos seguros, mas algumas pessoas podem ter alergia à fruta. Para quem tem diabetes, é preciso consumir com moderação, devido à frutose (açúcar natural). E para aqueles que precisam restringir a quantidade de potássio, é possível consumir a pera cozida para evitar problemas.
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