Por Edinaldo Moreno / Repórter
No Rio Grande do Norte, cerca de 11 mil pacientes realizam tratamento para HIV/Aids nos 14 Serviços de Assistência Especializada espalhados municípios de Natal, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu, Santa Cruz, São Paulo do Potengi, Caicó, Mossoró e Pau dos Ferros, informou a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) em virtude do início da campanha “Dezembro Vermelho”, iniciada no último dia 1º deste mês.
A coordenadoria do Programa IST/Aids/Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que no SAE instalado no Hospital Rafael Fernandes (HRF) estão em tratamento contra as doenças 1.574 pacientes. Já no SAE do município, instalado no PAM do Bom Jardim, o número chega a 211.
“No SAE do município a gente tem hoje 211 pacientes em tratamento, entretanto, a gente informa que grande parte dos nossos pacientes também está no SAE do Hospital Rafael Fernandes. Lá tem um contingente de 1.574, sendo que, provavelmente, 70% desses pacientes são de Mossoró”, disse Maria da Conceição, coordenadora do programa no município, na abertura da campanha em Mossoró no último dia primeiro.
“Na época que foi criado o SAE na cidade como esses pacientes já estavam sendo tratados lá, ficaram no local mesmo. Esses novos casos ficaram todos no SAE do município que trata esses mais de 200 atualmente. Estimamos que são uns 800 pacientes de Mossoró em tratamento”, completou.
A articuladora do Programa de ISTs/AIDS e Hepatites Virais da II Unidade Regional de Saúde Pública (II Ursap), Valéria Duarte, explicou que Mossoró vem registrando diminuição no número de casos.
“Mostrei um pouco do cenário epidemiológico em Mossoró nesses últimos anos e com base no boletim divulgado pela Sesap na última quarta-feira a gente vê que está acontecendo uma redução em Mossoró desde 2019 no número de pessoas infectadas com HIV/Aids”, disse Valéria.
A articuladora informou ainda que Mossoró representa 16,7% dos casos totais no Rio Grande do Norte. O último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde mostra que entre janeiro e outubro, a segunda maior cidade do estado registrou 68 casos de Aids e 67 de HIV, totalizando 135 casos atualizados até o último dia 17 de novembro.
No mesmo período, a cidade registrou 12 casos de HIV em gestantes. Valéria Duarte mostra preocupação devido à subnotificação de casos nesse grupo.
“No entanto, a gente vê que há uma subnotificação ainda em relação ao número de gestantes com HIV, então isso é um dado que preocupa a gente, mas não é somente exclusividade de Mossoró, é no Estado e no Brasil”, ressaltou.
CENÁRIO NO RN
O Rio Grande do Norte, entre 2011 e 2021, apresentou 6.483 casos de AIDS, 65 casos de Aids em menores de 5 anos, 1.057 gestantes infectadas pelo HIV, 1.068 crianças expostas ao HIV, 6.967 casos de infecção pelo HIV e 1.404 óbitos por Aids. Nesse período, percebe-se um crescimento de 39,5% no registro de casos de AIDS, de 39,3% nos casos de infecção pelo HIV, de 74% no número de casos de gestantes infectadas pelo HIV, de 203,2% na identificação de crianças expostas ao HIV e de 19,4% na ocorrência de óbitos por AIDS. No entanto, a notificação de casos de AIDS em menores de 5 anos apresentou uma redução de 75%.
Em 2021, foram notificados 693 casos da doença, representando um aumento de 17,9% em comparação ao ano anterior (Tabela 01). Os maiores percentuais de casos foram identificados nos municípios de Natal (39,5%), Mossoró (9,4%), Parnamirim (8,9%), São Gonçalo do Amarante (4,4%) e Canguaretama (2,9%).
No intervalo de janeiro a outubro de 2022, foram registrados 590 casos de Aids, valor superior ao observado no mesmo período de 2021, quando foram identificados 457 casos, mostrando um aumento de 29,1%.
A taxa de detecção de Aids apresentou aumento no período avaliado, passando 15,5 casos por 100.000 habitantes, em 2011, para 19,5 casos por 100.000 habitantes, em 2021, revelando um acréscimo de 25,8%. Com exceção da 4ª região de saúde, que teve uma redução de 20%, as demais regiões de saúde mostraram aumento na taxa de detecção, com variações de 105,6% na 1ª região, de 17,4% na 2ª região, de 43,4% na 3ª região, de 37,4% na 5ª região, de 56,1% na 6ª região, de 12,2% na 7ª região e de 76,6% na 8ª região. As maiores taxas de detecção de Aids, em 2021, foram identificadas na 7ª região (28,5 casos por 100 mil habitantes) e na 8ª região (21,9 casos por 100 mil habitantes).
As taxas mais elevadas foram observadas nos municípios de Canguaretama (1ª região de saúde), Tibau (2ª região de saúde), Parazinho e Pedra Preta (3ª região de saúde), Bodó (4ª região de saúde), Presidente Juscelino (5ª região de saúde), Frutuoso Gomes e Rodolfo Fernandes (6ª região de saúde), Extremoz (7ª região de saúde) e Paraú (8ª região de saúde), conforme apresentado na Figura 01. Dos 167 municípios, 37 (22,1%) apresentaram taxa superior a do estado e 76 (45,5%) não registraram casos da doença.
Entre 2011 e 2021, foram registrados 4.659 (71,9%) casos em homens e 1.824 (28,1%) em mulheres. Nos homens, a taxa passou de 22,7 para 30,0 casos por 100 mil habitantes, representando um aumento de 32,2%. Entre as mulheres, a taxa variou de 8,7 para 9,5 casos por 100 mil habitantes, revelando um crescimento de 9,2% nesse grupo.
Verificou-se aumento na razão de sexos, expressa pela relação entre o número de casos de Aids em homens e mulheres. Em 2011, a razão era de 2,5 casos em homens para cada 1 caso em mulheres, passando para 3,1 casos em homens para cada 1 caso em mulheres no ano de 2021.
Secretaria de Saúde recomenda aos municípios realizarem ações alusivas ao “Dezembro Vermelho”
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio do Programa Estadual de IST, Aids e Hepatites Virais, emitiu uma Nota de Alerta aos municípios potiguares com recomendações sobre o “Dezembro Vermelho” e ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, comemorado no último dia 1º dezembro.
O documento recomenda que os municípios realizem ações de mobilização, adotando estratégias para facilitar o acesso da população aos preservativos (feminino e masculino) e ao diagnóstico precoce da infecção pelo HIV, oferecendo a testagem rápida para detecção do vírus.
"As atividades de prevenção devem ocorrer durante todo o ano em um processo contínuo e o Dia Mundial é um momento oportuno para a intensificação das ações, quando é possível fazer uma grande mobilização social para relembrar a importância do combate à doença e despertar na população a consciência da necessidade da prevenção, reforçando que a resposta à epidemia é responsabilidade de todos", diz a nota da Sesap.
Mossoró contará com ações do “Dezembro Vermelho” durante o mês
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizou na última quinta-feira (1º) a abertura da campanha “Dezembro Vermelho” em Mossoró. A coordenação do Programa IST/AIDS/Hepatites Virais organizou cronograma de ações nos cinco distritos de Mossoró.
A programação terá inicio amanhã (5) com uma ação da equipe do CTA, no Centro Clínico Professor Vingt Rosado, mais conhecido como PAM do Bom Jardim. Na terça-feira (6), a ação será realizada na UBS Hipólito, na zona rural. Já no dia 9 será realizada na UBS Mário Lúcio. As ações continuarão no dia 12 na UBS Joaquim Saldanha. No dia 14 será a vez da UBS Moisés da Costa e por fim no dia 15 na UBS Caic. Nelas serão realizadas ações de prevenção/promoção.
A campanha é instituída pela lei nº 13.504/2017 e marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, chamadas de ISTs. Ela chama a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas, como o HIV.
O nome está relacionado à cor que simboliza a luta contra a doença e o respeito às pessoas soropositivas. A campanha é constituída por um conjunto de atividades e mobilizações relacionadas ao enfrentamento ao HIV/Aids e às demais ISTs, em consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde, de modo integrado em toda a administração pública, com entidades da sociedade civil organizada e organismos internacionais.
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