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Postado às 08h45 | 23 Jan 2023 | redação Órgãos ambientais alertam para preservação do caranguejo-uçá

Crédito da foto: Reprodução Caranguejo-uçá não deve ser capturado neste período do ano

Por Amina Costa / Repórter do JORNAL DE FATO

Os manguezais são de suma importância para o ecossistema da nossa região e deles é extraída a fonte de renda de muitas pessoas. Um exemplo é a captura do caranguejo-uçá, que é a atividade em escala comercial mais importante nos mangues do Brasil. Mas, é preciso manter atenção com o período que é permitido a captura desses animais.

Recentemente, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), por meio da Subcoordenadoria de Planejamento e Educação Ambiental (Spea), em parceria com a Superintendência Estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), alertaram para a proteção do caranguejo-uçá, espécie que inicia seu período reprodutivo nesta segunda quinzena de janeiro.

O caranguejo-uçá é um dos animais mais importantes da fauna do ecossistema de manguezal. Nas épocas de reprodução, os caranguejos saem das tocas e andam sobre a lama com o intuito de se reproduzirem. O comportamento é apelidado de andada, e nesses períodos, é proibida a coleta do animal para que a espécie possa ser preservada. Para a supervisora da Spea, Iracy Wanderley, é importante o papel da educação ambiental para sensibilizar a população sobre esse evento da fauna.

“Se não houver o período de defeso, as espécies estariam mais vulneráveis à pesca predatória, reduzindo o número de indivíduos e comprometendo a perpetuação do caranguejo-uçá. O papel da educação ambiental é justamente levar informação às pessoas para que elas tomem conhecimento do assunto e, através da sensibilização, busquem estar atentas à conservação da natureza. É fundamental essa mobilização entre o Idema e o Ibama nesse sentido, órgãos responsáveis pela execução da Política Ambiental no RN”, disse.

Nos períodos de andadas ocorrem competições entre os machos por causa das fêmeas que, depois de fecundadas, sobem nas raízes e troncos para liberar os ovos, que ficam presos ao abdômen. Nesse período, a coleta predatória pode causar grave prejuízo à população de caranguejos e torná-los um recurso pesqueiro escasso.

Outra característica biológica é que o mangue é um tipo de vegetação típica das regiões alagadiças denominadas de manguezal e habitam áreas de transição do mar para mata, e nestes locais onde ocorre o habitat da espécie uçá é registrado aumento do desmatamento e poluição causando grandes perdas de biodiversidade. Os manguezais desempenham um importante papel como exportador de matéria orgânica para os estuários, contribuindo para a produtividade primária na zona costeira.

O biólogo e membro do Núcleo de Gestão de Unidades de Conservação do Idema (NUC), Roney Paiva, comenta que a biodiversidade dos manguezais faz com que essas áreas se constituam em grandes berçários naturais, tanto para as espécies típicas desses ambientes como para animais, aves, peixes, moluscos e crustáceos, que encontram as condições ideais para reprodução, eclosão, criadouro e abrigo.

“Os ecossistemas de manguezal são ricos em biodiversidade porque apresentam características ambientais próprias. Os crustáceos estão entre os grupos de animais mais diversos dos manguezais com plasticidade reprodutiva e estratégias para melhor sucesso da reprodução. As populações de caranguejo vêm decaindo, progressivamente, devido à catação intensiva, então nós fazemos um apelo para que os ciclos sejam respeitados e que a preservação da espécie realmente aconteça”, afirmou o biólogo Roney Paiva.

Para que não corra risco do animal desaparecer, a sua captura, o transporte e a comercialização em época de reprodução são proibidos, em obediência à Portaria SP/MAPA Nº 325, de 30 de dezembro de 2020. A Portaria é válida nos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

 

Período de defeso ocorre em 3 fases

 

O caranguejo-uçá é um crustáceo encontrado ao longo de toda a costa brasileira. Ele se alimenta basicamente de folhas do mangue. O crescimento é caracterizado pela muda da carapaça. A reprodução é sexuada e ocorre em períodos de luas nova e cheia, caracterizados por marés de grande amplitude.

Na “andada”, os caranguejos saem das tocas e andam sobre a lama com o intuito de se reproduzir. Nesse período, eles não devem ser capturados, pois a cata pode causar grave prejuízo à população de caranguejos e torná-los um recurso pesqueiro escasso. Esse período é dividido em três fases, sendo a primeira em janeiro, a segunda em fevereiro e a terceira em março.

A espécie tem um papel fundamental para a renovação do manguezal, transformando as folhas em material que fornece nutrientes para outros organismos da cadeia alimentar. É uma importante fonte de renda para famílias que comercializam os caranguejos inteiros ou beneficiados, contribuindo com a economia da região.


Período de defeso:

1º período: 22 a 27 de janeiro

2º período: 21 a 26 de fevereiro

3º período: 22 a 27 de março

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