Neste sábado (22) o Coletivo Independente Dependente de Artistas (CIDA) apresenta o espetáculo “Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão”, no teatro Lauro Monte Filho, às 19 horas. A entrada é gratuita e terá tradução para Língua Brasileira de Sinais e Audiodescrição.
Em única apresentação, o público mossoroense pode assistir ao espetáculo mediante retirada do ingresso no local 1 hora antes das apresentações. Escolas e instituições podem se cadastrar em: linktr.ee/coletivocida. Esta é a primeira vez que o CIDA apresenta um trabalho no Teatro Lauro Monte Filho. O grupo esteve na cidade em 2019 em uma apresentação coletiva junto ao projeto Conexão Elefante Cultural.
Para a co-fundadora e intérprete Rozeane Oliveira, retornar aos palcos de Mossoró é uma alegria muito grande. “Retornar aos palcos de Mossoró, cidade onde fomos tão bem recepcionados em 2019, em uma breve passagem com o projeto Conexão Elefante Cultural, é uma alegria muito grande. Após 4 anos retornamos à cidade com “Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão”, obra cênica que finaliza a nossa primeira trilogia e essa apresentação em Mossoró faz parte das comemorações dos 7 anos de existência do Coletivo CIDA”.
“Estar nos palcos dessa cidade linda e acolhedora, comemorando conquistas e levando essa obra que é muito significativa, sem dúvida, é um presente para nós. Teremos uma noite muito especial, onde partilharemos com o espectador mossoroense essa experiência em dança-tragédia”, completa.
TRIOLOGIA
O espetáculo já teve apresentações em Natal e um público de mais de 1.200 pessoas. O CIDA apresenta-se ainda nos dias 27 e 28 de abril no Teatro Alberto Maranhão, em Natal. Em junho, o grupo realiza temporada no Rio de Janeiro, no Sesc Copacabana.
Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão faz parte de uma trilogia que vem sendo pensada desde 2019. A primeira obra intitulada Corpos Turvos é um grito de socorro para que corpos pretos, pobres, periféricos, soropositivos, corpos pertencentes da ampla comunidade LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência deixem de ser números.
Na segunda parte, nomeada Reino dos Bichos e dos Animais, Esse é Meu Nome, o CIDA continua abordando coreograficamente sobre as individualidades, vivências e identidades de cada um dos intérpretes, mas agora com a presença de Stella do Patrocínio, mulher preta que viveu por quase 30 anos em ambiente manicomial.
O ato final é livremente inspirado na vida e obra de Arthur Bispo do Rosário, mais conhecido como Bispo do Rosário, o espetáculo conta as perspectivas desses seis diferentes indivíduos que convivem num porão e há anos reinventam todas as coisas da Terra. Cada um deles, uma história.
Nascido em Japaratuba, no estado de Sergipe, em 1909, Bispo do Rosário carregava todos os estigmas de marginalização social, ainda vigentes em nossa sociedade. Homem negro, pobre, louco para uns, viveu asilado em um manicômio por 50 anos. Sua obra propunha a ressignificação do universo para ser apresentado no dia do juízo final, e não era visto por ele como arte, era missão.
Os três espetáculos complementam-se, mas podem ser vistos, ouvidos e sentidos de modo independente ou em qualquer ordem.
Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão faz parte de uma criação cênica sequenciada assinada pelo coreógrafo René Loui, que conta com interlocução dramatúrgica de Jussara Belchior (SC), pesquisadora da dança. O projeto traz no elenco nomes que são referências para as artes cênicas norte-rio-grandense: Ana Cláudia Viana, Jânia Santos, Marconi Araújo, Pablo Vieira, René Loui e Rozeane Oliveira.
“As questões abordadas em ‘Insanos e Beija-Flores’ colocam em debate o pensamento eugênico, o preconceito, os limites entre a insanidade e arte na sociedade. Falamos também sobre o silêncio instaurado sem qualquer humanidade que inviabiliza, violenta e extermina a vida de diferentes indivíduos”, declaram Arthur Moura (produtor do CIDA) e René Loui (coreógrafo e intérprete).
Obra é contemplada pelo Prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro
Esta obra é uma iniciativa do Coletivo CIDA contemplada pelo Prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro - 2022 que conta com recursos do Ministério da Cultura e Governo do Brasil.
Criado com o objetivo de fomentar a criação artística de montagens inéditas no campo do teatro, o prêmio tem investimento de um milhão quatrocentos e trinta mil reais. Foram selecionados 10 projetos, entre eles o novo trabalho do Coletivo CIDA com nota máxima na Região Nordeste.
O grupo também acaba de ser contemplado no Edital Bolsa Funarte e Aliança Francesa de Residências Artísticas em Artes Cênicas Brasil/França - 2022. Com maior nota, o Coletivo CIDA irá remontar o espetáculo "Sucre", desenvolvido pela companhia francesa Ateka Compagnie em 2019. Em novembro, o grupo norte-rio-grandense passará uma temporada no Chaillot - Teatro Nacional da Dança, em Paris, França.
Apoiado pela “La Fabrique des Résidences” do Instituto Francês, o programa “Cruzamentos” é o primeiro programa de residência da Villa Tijuca. Dedicado às artes cênicas é fruto de uma geminação entre a rede de Allianças Francesas no Brasil com Chaillot - Teatro Nacional da Dança - Paris, França e o MC2: Casa de Cultura de Grenoble - Grenoble, França em cooperação com a Funarte - Brasil. A bolsa tem como foco incentivar ações de residências artísticas relacionadas às áreas de circo, dança, teatro e performance de artistas brasileiros e franceses.
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