Por Edinaldo Moreno / Repórter do JORNAL DE FATO
No próximo dia 31 de maio, ocorrerá a primeira soltura de peixe-boi-marinho no Rio Grande do Norte. A iniciativa será do Projeto de Monitoramento de Praias do Litoral dos estados do Rio Grande no Norte e Ceará (PMP-BP), estruturado pela Petrobras, em parceria com o Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PCCB-UERN) e a Fundação para o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio Grande do Norte (FUNCITERN).
O peixe-boi Gabriel será o primeiro peixe-boi-marinho a ser solto pelo Projeto Cetáceos da Costa Branca/Uern no litoral do Rio Grande do Norte. A etapa de monitoramento pós-soltura será realizada por cerca de um ano, a depender do comportamento do animal pós-soltura. Ele encalhou ainda filhote, com poucos dias de vida, no dia 12 de julho de 2017, na Praia de Quixaba, no município de Aracati/CE.
O animal foi resgatado pela equipe da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS) e após uma série de exames, foi mantido em recinto de quarentena com água salgada. Após estabilização clínica e alta médica, o animal tornou-se apto para ser translocado e dar continuidade ao processo de reabilitação em cativeiro, no Centro de Reabilitação de Fauna – Areia Branca (PCCB/UERN). Esta atividade ocorreu no dia 28 de julho de 2017, conforme planejamento, sem eventualidades e intercorrências.
Durante esse período, Gabriel esteve em reabilitação, recebendo todo acompanhamento médico veterinário, sendo submetido a manejos e exames de rotina, além de alimentação baseada em composto lácteo, fornecido por meio da mamadeira subaquática, bem como itens naturais, tais como capim agulha e algas marinhas.
De acordo com a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), a soltura acontecerá às 10h, no Recinto de Aclimatação de Peixes-bois-marinhos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão, localizada na comunidade de Diogo Lopes, distrito de Macau, na Costa Branca potiguar.
TRANSLOCADO
No dia 29 de abril de 2022, o animal foi translocado para o Recinto de Aclimatação situado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão em Macau/RN, espaço projetado em ambiente natural para que os animais possam se adaptar aos movimentos e oscilações das marés, correntes marinhas e temperatura das águas, antes do retorno definitivo para natureza.
Durante esse período, o animal demonstrou-se bem ativo e sociável com os outros peixes-bois que chegaram posteriormente ao recinto. Foram observadas interações por contato direto com ausência de sinais de estresse. No que tange à alimentação, Gabriel nunca demonstrou distúrbios alimentares e segue se alimentando bem, mesmo na presença dos demais peixes-bois do Recinto. Durante o período de aclimatação, não foi observado nenhum tipo de estereotipia, alteração clínica ou comportamental. Atualmente, o peixe-boi Gabriel está com 5 anos e 10 meses, pesa 364,5 Kg e possui 262 cm de comprimento total.
Após a reabilitação e aclimatação, Gabriel será solto para o seu ambiente natural e, antes da soltura, receberá um número de identificação e um equipamento que permite localizá-lo. Este rastreador muitas vezes chama a atenção da população e dos pescadores que, em alguns momentos, podem tentar retirá-lo do animal. Por isso, a importância do trabalho educativo com as comunidades locais, para explicar a funcionalidade e importância deste rastreador, já que serve para acompanhar a adaptação, saúde e desenvolvimento do animal.
O resgate, reabilitação, estabilização, soltura e monitoramento de peixes-boi-marinhos são ações desenvolvidas no âmbito do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP), como condicionante do licenciamento ambiental federal exigida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), para a realização de atividades de exploração, produção e escoamento de petróleo e gás executadas pela Petrobras na região.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP) é executado pelo Projeto Cetáceos da Costa Branca-UERN, por meio de convênio firmado entre a PETROBRAS, UERN e FUNCITERN.
ALERTA
Em caso de encalhe ou alguma pessoa avistar peixes-bois com equipamentos de soltura, a comunidade pode entrar em contato com o PCCB-UERN por meio dos seguintes contatos:
• Natal e região: (84) 99943-0058
• Areia Branca e região: (84) 98843-4621
O que é o Projeto Cetáceos?
O Projeto Cetáceos Costa Branca (PCCB) é vinculado à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Seus projetos e ações são realizados em parceria com outras universidades, órgãos de governo e organizações não-governamentais (ONGs) e empresas.
?O PCCB-UERN atua principalmente no monitoramento de praias, resgate, reabilitação e soltura de animais marinhos.
?A sensibilização ambiental é feita por meio da execução de palestras, oficinas e materiais informativos voltados à comunidade.
?As pesquisas são voltadas à conservação da biodiversidade marinha e avaliação de impactos de atividades humanas sobre a fauna, destacando a pesca e exploração e produção (E&P) de petróleo e gás.
O PCCB-UERN foi fundado em outubro de 1998 por iniciativa de estudantes e professores do Curso de Ciências Biológicas da UERN. Inicialmente, o propósito do projeto era estudar o comportamento e ecologia de cetáceos na região da Costa Branca, motivo pelo qual foi denominado de Projeto Cetáceos da Costa Branca.
Desde dezembro de 2009, até o presente período, o PCCB-UERN executa e participa de projetos de condicionantes ambientais, por meio principalmente de Projetos de Monitoramento de Praias (PMPs) cobrindo hoje, diariamente, um trecho de, aproximadamente, 437 km de costa entre Rio do Fogo/RN e Aquiraz/CE. Essas atividades são vinculadas ao licenciamento ambiental federal exigido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, para as atividades de E&P.
Tags: