Terça-Feira, 26 de novembro de 2024

Postado às 07h15 | 09 Jul 2023 | Rio Grande do Norte registra mais de 200 óbitos por hepatites virais em 12 anos

Boletim publicado pela Secretaria de Saúde do RN mostra que entre 2012 e 2023 o Estado registrou 203 mortes

Crédito da foto: Reprodução Teste para hepatites virais

Por Edinaldo Moreno / Repórter do Jornal de Fato

A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) divulgou nesta semana o boletim epidemiológico hepatites virais, volume 1. O documento traz levantamento de óbitos e casos confirmados das Hepatites A, B e C em todo o Rio Grande do Norte de 2012 até o primeiro semestre de 2023.

De acordo com o boletim publicado pela Sesap, o RN registrou no período 203 mortes por causas básicas e associadas às hepatites virais. O ano com o maior registro de óbitos em decorrência da doença foi em 2012. O primeiro ano da série teve 24 óbitos. Já os anos de 2016 e 2017 registraram 23 mortes cada.

Em 2022, foram registrados 12 óbitos associados às hepatites virais, mostrando uma redução de 29,4% em relação ao ano de 2021. Já, entre os meses de janeiro a maio de 2023, ocorram três óbitos por hepatites virais, valor inferior ao registrado no mesmo período de 2022, quando foram identificados oito óbitos.

A maior concentração ocorreu na 7ª Região de Saúde (Metropolitana) com 51,5% do total de óbitos do estado. Desses, 127 (63,5%) ocorreram em homens e 73 (36,5%) em mulheres. A faixa etária predominante foi a de 60 anos e mais com 57,5% dos casos registrados.

A 2ª Região de Saúde, polarizada por Mossoró, registrou entre 2012 e 2023 o total de 33 mortes, sendo o ano de 2013 o de maior número de registros, com 6 óbitos. Os anos de 2018 e 2019 tiveram 5 mortes cada. Em 2014 foram 4. No ano de 2023, até a publicação do boletim, a região tinha 1 óbito registrado em decorrência das hepatites virais.

Quanto à classificação etiológica, no acumulado de 2012 a 2022, a maioria dos óbitos, 52,0%, foram associados à hepatite C. No período, verifica-se também um elevado percentual de óbitos relacionados a agente etiológico não especificado (28,0%), interferindo numa melhor avaliação dessa variável.

Os coeficientes de mortalidade por hepatites virais mostraram tendência de queda no período avaliado, entretanto, em 2022, percebe-se que, de forma oposta, a hepatite A e a hepatite B apresentaram aumento em comparação ao ano anterior.

Dados divulgados no último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mostram que, em 2020, o estado apresentou coeficientes de mortalidade de hepatite B e C semelhantes aos do Nordeste e inferiores aos apresentados pelo Brasil.

As hepatites virais são doenças causadas por diferentes vírus que provocam alterações no fígado. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é o menos frequente no Brasil.

Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas quando aparecem, estes se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

 

RN apresenta mais de 2,3 mil casos de hepatites virais no período

O Rio Grande do Norte registrou entre 2012 e 2022 o total de 2.399 casos confirmados de hepatites virais, sendo 582 (24,3%) de hepatite A, 653 (27,2%) de hepatite B, 1.147 (47,8%) de hepatite C e 17 (0,7%) casos com mais de uma etiologia.

No mesmo período, foram identificados, no RN, 200 óbitos por causas básicas e associadas às hepatites virais. Destes, 127 (63,5%) ocorreram em homens e 73 (36,5%) em mulheres. A faixa etária predominante foi a de 60 anos e mais com 57,5% dos casos registrados.

De janeiro a maio de 2023, foram notificados 69 casos de hepatites virais em todo o território potiguar, apontando uma redução de 4,1% nas notificações em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 72 casos de hepatites virais.

Segundo a coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap, Diana Rego, a comparação e análise dos dados dos últimos anos mostra que entre 2022 e 2023 houve uma diminuição na taxa de incidência das hepatites A e B e um aumento na incidência de hepatite C.

“Ao analisar a distribuição dos casos notificados em nossos territórios, percebemos que ainda temos municípios silenciosos, o que torna importante fortalecer a vigilância em relação às hepatites, especialmente nesse mês de julho, alusivo ao combate às hepatites virais em todo o Brasil, por isso é importante que a população procure as unidades básicas de saúde para realizar o teste e o diagnóstico precoce para receber o tratamento de forma adequada”, destaca a coordenadora.

 

Mossoró registra 25 casos de hepatites virais no primeiro semestre de 2023

O mais recente boletim epidemiológico de hepatites virais divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) mostra que Mossoró registrou no primeiro semestre deste ano o total de 25 casos de hepatites virais.

De acordo com o documento, o maior número de casos registrados é de Hepatite C. No total foram verificados 19 casos. Na sequência vem a Hepatite B, com o total de 5 casos e a Hepatite A, com apenas 1 caso no período.

CAMPANHA

Na última sexta-feira (7), o município de Mossoró realizou a abertura da campanha “Julho Amarelo”, que visa conscientizar a população sobre as hepatites virais. A abertura da campanha ocorreu no Ginásio de Esportes Pedro Ciarlini.

A ação contou com orientações, vacinação e testagem rápida. A atividade disponibilizou vacinas contra a Hepatite B, Covid-19 (monovalente e polivalente), Febre Amarela e Influenza.

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool ou drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.

O médico infectologista Antônio Araújo veio de Natal exclusivamente para a ação. Ele destacou que a prevenção é de fundamental importância para evitar essas doenças e também explicou a escolha do público-alvo para o início dessa campanha.

“As hepatites virais que mais nos preocupam são as B e C. Lá em Natal realizamos um trabalho com ex-atletas das décadas de 1970, 1980 e 1990 que se contaminaram. Uns trataram, outros não nos procuraram e outros faleceram. A Hepatite B tem vacina, enquanto a C não tem vacina, porém, estamos conscientizando esses ex-atletas de futebol ou outro esporte que se conscientizem sobre a importância de procurar uma unidade e prevenir essas doenças”.

 

Óbitos por hepatites virais segundo região de saúde de residência. Rio Grande do Norte, 2012 a 2023*

1ª - S. J. Mipibu

2023: 0*

2022: 1

2021: 1

2020: 1

2019: 3

2018: 1

2017: 1

2016: 3

2015: 1

2014: 1

2013: 3

2012: 0

2ª - Mossoró

2023: 1*

2022: 2

2021: 2

2020: 1

2019: 5

2018: 5

2017: 2

2016: 2

2015: 1

2014: 4

2013: 6

2012: 2

3ª – João Câmara

2023: 0*

2022: 1

2021: 2

2020: 2

2019: 1

2018: 2

2017: 1

2016: 2

2015: 1

2014: 0

2013: 0

2012: 5

4ª - Caicó

2023: 0*

2022: 0

2021: 2

2020: 1

2019: 0

2018: 0

2017: 2

2016: 1

2015: 1

2014: 0

2013: 2

2012: 1

5ª – Santa Cruz

2023: 0*

2022: 2

2021: 2

2020: 0

2019: 0

2018: 1

2017: 0

2016: 0

2015: 0

2014: 0

2013: 0

2012: 1

6ª - Pau dos Ferros

2023: 0*

2022: 0

2021: 1

2020: 2

2019: 2

2018: 1

2017: 0

2016: 0

2015: 0

2014: 1

2013: 2

2012: 1

7ª - Metropolitana

2023: 2*

2022: 5

2021: 6

2020: 9

2019: 11

2018: 4

2017: 17

2016: 13

2015: 12

2014: 7

2013: 7

2012: 12

8ª - Assú

2023: 0*

2022: 1

2021: 1

2020: 1

2019: 0

2018: 0

2017: 0

2016: 2

2015: 0

2014: 0

2013: 0

2012: 2

* Atualizados em 19.6.2023

Fonte: SINAN NET e SIM

 

Tags:

Rio Grande do Norte
Julho Amarelo
saúde
Sesap

voltar