Último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontou que a cidade tem 296 pessoas indígenas. Mossoró fica entre os 20 municípios com o maior número absoluto de população indígena em cidades com mais de 100 indígenas
Por Edinaldo Moreno / Repórter do JORNAL DE FATO
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os primeiros resultados do Censo Demográfico 2022 da população indígena do Rio Grande do Norte. Analisando o número de indígenas no censo realizado no ano passado e o de 2010, houve crescimento da população indígena em Mossoró.
Segundo o último Censo, a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte conta com 296 indígenas. Este número coloca Mossoró entre os 20 municípios com o maior número absoluto de população indígena em cidades com mais de 100 indígenas. Na pesquisa realizada em 2010, a população indígena na cidade era de 176. No período, o crescimento foi de 68%. O IBGE explica que “os censos de 2010 e de 2022 têm diferenças metodológicas que não permitem a comparação direta desses totais de população”.
No Rio Grande do Norte foram contadas 11.725 pessoas indígenas distribuídas em 5.539 domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena. Esse número de moradores indígenas no estado representa 0,36% da população residente no RN, sendo o estado a 17ª unidade da federação com a maior proporção de pessoas indígenas na população residente.
Em 2010, o IBGE contou 2.597 pessoas indígenas no RN, o que correspondia a 0,08% da população residente no estado, denotando que a população autodeclarada indígena mais que dobrou em 12 anos, com variação positiva de aproximadamente 350 %.
O Instituto ressalta que como apresentado nos conceitos metodológicos ao final deste release, a comparabilidade com o dado de população indígena de 2010 precisa de alguns cuidados metodológicos e a variação de população entre os censos não pode ser explicada exclusivamente pelo seu componente demográfico.
Quando o total de pessoas indígenas é desagregado de acordo com o quesito de declaração indígena acionado pelo informante, para a declaração da autoidentificação indígena dele e dos demais moradores do domicílio, verifica-se que o quesito de cor ou raça foi responsável por 80% da população indígena do estado e o quesito “se considera indígena”, por 20%.
Pessoa Indígena é pessoa que se declara indígena ou índia. Essa classificação se aplica aos indígenas que vivem em terras indígenas e aos que vivem fora delas. Localidade Indígena é aquela que compõe o conjunto das Terras Indígenas oficialmente delimitadas, dos agrupamentos indígenas e das demais áreas de conhecida ou potencial ocupação indígena. Terras Indígenas são aquelas oficialmente delimitadas, ou seja, que contam com alguma delimitação formal da FUNAI.
Agrupamentos Indígenas são o conjunto de 15 ou mais indivíduos indígenas, em uma ou mais moradias espacialmente contíguas, vinculados por laços familiares ou comunitários. Outras localidades indígenas são aquelas com ocupação domiciliar dispersa em áreas rurais e urbanas, no entorno das terras e dos agrupamentos, onde foi constatada ou potencial ocupação indígena.
CONCENTRAÇÃO
A distribuição da população indígena pelo Rio Grande do Norte, que em 2010 se espalhava por 99 municípios, em 2022 apontou para 121 municípios potiguares com residentes indígenas. Nove deles concentraram 80% de toda população indígena residente no estado da data de referência do Censo 2022.
Essas cidades são João Câmara (20,6%), Natal (15,3%), Macaíba (10,1%), Ceará-Mirim (9,1%), Canguaretama (6,3%), Apodi (6,2%), Baía Formosa (4,8 %), Goianinha (4,4%) e São Gonçalo do Amarante (3.5%).
Em valores absolutos, João Câmara é o município com o maior quantitativo de população indígena do estado (2.421 pessoas indígenas), o que corresponde a 7,27% da sua população indígena recenseada. Natal é o município que apresenta o segundo quantitativo mais elevado de população autodeclarada indígena, concentrando 1.798 pessoas, seguido de Macaíba com 1.179 pessoas e de Ceará-Mirim com 1.064 pessoas. Embora não apareçam nas maiores posições no ranking de quantitativos absolutos de população indígena, os municípios de Baía Formosa, Jardim de Angicos e Canguaretama se destacaram como municípios com os maiores percentuais de pessoas indígenas no total de sua população residente, com 6,32%, 4,19% e 2,49% respectivamente, logo após de João Câmara (7,27%).
BRASIL
De acordo com a pesquisa, a população indígena residente no Brasil é de 1.693.535 pessoas, correspondendo a 0,83% da população total do país recenseada em 2022. A Região Nordeste é a segunda maior em concentração da população indígena com 31,22% (528.800 pessoas indígenas) que, junto à Norte, que concentra 44,48% dessa população (753. 357 pessoas indígenas), reúnem 75,71% da população indígena residente no País.
Os resultados do Censo Demográfico 2022, segundo o IBGE, privilegiam as informações geográficas e estatísticas das pessoas indígenas residentes no País, independentemente do quesito utilizado para afirmar seu pertencimento étnico indígena. Desde 1991, os povos indígenas do país passaram a ser sistematicamente investigados pelo IBGE, nos censos demográficos, com base na identificação dos respondentes que se classificam como “indígena” na pergunta sobre “cor ou raça".
A partir do Censo Demográfico de 2010 a pergunta passou a constar do questionário do Universo. Enquanto em 2010 ela era restrita às Terras Indígenas, em 2022 essa pergunta de cobertura foi realizada à população residente do conjunto de localidades indígenas representadas pelo IBGE na cartografia censitária de base para o censo, mantendo-se a regra de abertura: aquelas pessoas que, no quesito cor ou raça, não se declarassem indígenas respondiam à pergunta de cobertura Você se considera indígena?.
A pesquisa contou com uma série de inovações operacionais e metodológicas, que passaram pelas fases de cartografia censitária colaborativa, abertura espacialmente controlada de quesitos, adaptações de redação nos questionários, planejamento, treinamento, sensibilização, consulta às lideranças indígenas, coleta, monitoramento durante a operação censitária e divulgação.
Mais de 5 mil domicílios particulares no território potiguar têm pelo menos um morador indígena
O último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que domicílios potiguares como moradores indígenas apresentam grande heterogeneidade étnica.
Segundo o IBGE, do universo de 1,1 milhão de domicílios particulares permanentes ocupados recenseados no Rio Grande do Norte, 5.539 têm pelo menos um morador indígena, correspondendo a 0,49% dos domicílios do mesmo tipo no estado. A média de moradores em domicílios particulares ocupados onde reside pelo menos uma pessoa indígena é de 3,13 para o RN, um pouco acima da média nacional que foi de 2,67.
Este valor também está acima da média de moradores em domicílios particulares ocupados no país, que é de 2,79 pessoas e de 2,88 para o RN. São indígenas 66,85% dos moradores em domicílios particulares ocupados no RN onde reside pelo menos uma pessoa indígena, ou seja, a população indígena do RN reside em domicílios com mais heterogeneidade étnica entre os moradores.
Em relação ao percentual de moradores indígenas em domicílios particulares ocupados onde reside pelo menos uma pessoa indígena, sete municípios potiguares aparecem com percentuais acima de 75%.
Tabela dos 20 municípios do RN com maior número absoluto de população residente indígena
JOÃO CÂMARA – 2.421
NATAL – 1.798
MACAÍBA – 1.179
CEARÁ-MIRIM – 1.064
CANGUARETAMA – 739
APODI – 731
BAÍA FORMOSA – 558
GOIANINHA – 520
SÃO GONÇALO DO AMARANTE – 409
PARNAMIRIM – 343
MOSSORÓ – 296
ASSÚ – 135
EXTREMOZ – 109
JARDIM DE ANGICOS – 102
SÃO JOSÉ DE MIPIBU – 69
OURO BRANCO – 68
TIBAU DO SUL – 67
Fonte: IBGE
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