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Postado às 09h00 | 18 Ago 2023 | redação Sensor é capaz de detectar necessidade de água com maior precisão

Crédito da foto: Eduardo Mendonça / Ufersa Fórmula criada pelos pesquisadores para a interpretação dos dados do sensor

Por Edinaldo Moreno / Repórter do Jornal de Fato

Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) desenvolveram, com reaproveitamento de resíduo de mármore, um sensor de umidade capaz de detectar a necessidade de água em solos com maior precisão, especialmente em solos típicos do semiárido brasileiro.

A inovação resultou na terceira patente obtida pela Ufersa, com apoio da assessoria prestada pelo Núcleo de Inovação Tecnológica da Universidade (NIT). De Acordo com a Ufersa, atualmente, os sensores disponíveis no mercado não estão adaptados aos solos em que se pratica a fruticultura.

Para conseguir atender produtores que trabalham com solos que necessitam de uma umidade quase permanente, os pesquisadores da Ufersa tiveram a ideia de utilizar o pó de mármore para aumentar a porosidade dos sensores e obter leituras mais precisas. O objetivo foi conseguir medir a umidade nas faixas de tensões menores, facilitando o manejo da água de irrigação.

“Esse é o aspecto mais inovador no nosso sensor”, diz Nildo Dias, professor do departamento de Ciências Agronômicas e Florestais do campus Mossoró. “Nós usamos o pó de mármore, que é um resíduo da indústria, juntamente com o gesso, que é o material padrão. E pelo fato de o pó de mármore ter uma maior porosidade, ele pode fazer leituras a baixas tensões, o que o sensor tradicional não consegue fazer”.

“Os sensores tradicionais fazem leituras em uma faixa de tensão que, para a cultura do melão, por exemplo, não se consegue identificar com precisão a umidade crítica do solo, ocasião em que a irrigação deve ser iniciada para atender a necessidade hídrica dessa cultura”, completa Nildo Dias.

De acordo com o pesquisador Francismar de Medeiros, docente dos Programas de Pós-graduação em Fitotecnia e de Manejo de Solo Água, os sensores tradicionais respondem melhor em solos de clima úmidos e nos sistemas de irrigação por aspersão. “Hoje a maioria das áreas irrigadas no semiárido utiliza a irrigação localizada, em que se opera com umidade muito alta e com baixa tensão no solo”.

Fazem parte da equipe responsável pela obtenção da patente os pesquisadores Francisco Aécio de Lima Pereira; José Francismar de Medeiros; Nildo da Silva Dias; Cleyton dos Santos Fernandes; Suedêmio de Lima Silva; Francisco Vanies da Silva Sá; Miguel Ferreira Neto; Francisco Valfisio da Silva; e Silvanete Severino da Silva. Boa parte das pesquisas foi realizada no Laboratório de Análise de Solo, Água e Plantas do Semi-Árido (Lasapsa).

Confira abaixo patente:

Pesquisa teve início em 2007

 

A pesquisa que resultou na primeira patente por inovação do Departamento de Ciências Agronômicas e Florestais teve início em 2007, sob orientação do professor José Francismar de Medeiros. Naquele ano, o então estudante de graduação Aécio de Lima Pereira começou a pensar em uma alternativa para contemplar produtores de solos típicos do semiárido.

“Nossa intenção era desenvolver um sensor para as plantas e definir o momento de irrigar e quanto irrigar para evitar desperdício de água”, lembra Aécio, que desde 2013 é professor efetivo da Ufersa.

“Por isso começamos a pesquisar tentando criar um sensor que funcionasse em umidade alta do solo, já que nos solos com pouca água os sensores com gesso já atendiam”, seguiu.

O depósito da patente só foi feito em 2021, em um processo que contou com o acompanhamento do Núcleo de Inovação Tecnológica da universidade (NIT).

“Foi um incentivo fundamental”, lembra o professor Nildo Dias. “Sem esse apoio tudo ficaria mais difícil, mas a equipe do NIT nos acompanhou, fez reuniões e esclareceu muitos pontos”, avalia.

 

Primeiras patentes na Ufersa saíram em maio e julho deste ano

Em maio deste ano, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido conquistou sua primeira patente. O enfermeiro Ismael Vinicius de Oliveira desenvolveu uma pesquisa que resultou numa armadilha para insetos de baixo custo e com materiais reciclados, que pudesse capturar o vetor de uma doença ainda comum no município de Marcelino Vieira, que é a Doença de Chagas, transmitida pelo barbeiro.

O local escolhido para os testes foi uma área rural de Marcelino Vieira, onde há histórico de contaminação pelo mosquito barbeiro. O volume de insetos capturados, sendo a maior parte deles barbeiros, mostrou que a pesquisa estava no caminho certo.

O trabalho em campo durou um ano – de setembro de 2019 a setembro de 2020 – mas foi suficiente para reunir dados sobre a capacidade de captura da armadilha, seu funcionamento e possibilidades de aplicação em larga escala.

Já a segunda patente saiu em julho também deste ano. A preocupação ambiental em torno do resíduo do malte de cevada gerado no processo cervejeiro motivou um grupo de pesquisadores do Departamento de Ciências Exatas e Naturais, do Campus Pau dos Ferros, a encontrar uma alternativa para o seu descarte.

A iniciativa resultou na utilização do resíduo do malte chocolate como ingrediente na produção de barras de cereais, acrescido do fruto Tamarindo. Os pesquisadores defendem que a barra de cereal à base de resíduo de malte de cevada com adição de tamarindo traz uma proposta de potencial inovador ao mercado, por se tratar de um alimento saudável e com propriedades benéficas ao organismo.

A pesquisa foi desenvolvida pelos professores Shirlene Kelly Santos Carmo e Lino Martins de Holanda Jr.; juntamente com a egressa Denise Kauanny de Araújo Rosendo. O consumo de barras de cereais é crescente em todo o mundo, devido a sua praticidade, fácil consumo, transporte e pelas propriedades funcionais.

 

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