Os estudantes estão com os freezers e geladeiras completamente vazios e pedem a doação da sociedade
Amina Costa/Da Redação
Para muitos jovens, a principal meta da vida é concluir o ensino superior e trabalhar na profissão que escolheu. Este também o maior sonho dos 40 jovens que moram atualmente na Casa do Estudante de Mossoró (CEM), que saíram de suas cidades para conquistar os objetivos na segunda maior cidade do Estado.
Além de ter que sair das suas cidades e do convívio familiar para estudar em Mossoró, os jovens que moram na Casa do Estudante também passam dificuldades em relação à alimentação. Com a chegada recente de 10 novos alunos do ensino médio, a demanda por alimentos no local aumentou consideravelmente e o estoque não conseguiu ser mantido.
A reportagem do JORNAL DE FATO conversou com Francisco Lucivio dos Santos, diretor executivo da Casa do Estudante, sobre a atual situação do local. Lucivio dos Santos informou que os freezers e geladeiras estão completamente vazios. Já em relação aos mantimentos da despensa, ele informou que os estudantes só estão comendo arroz e cuscuz.
“A parte da mistura como ovos, salsicha e mortadela, acabou na quinta-feira, 24. Na despensa, só temos arroz, cuscuz e sal. Chegaram 10 novos alunos na Casa e o estoque que a gente tinha não foi suficiente para esse aumento da demanda. Por isso, nós pedimos a ajuda da sociedade para que nos doe esses alimentos que fazem parte da mistura para que os estudantes possam se alimentar”, disse.
Lucivio dos Santos comenta que os 10 novos estudantes que chegaram no local têm idade entre 15 e 18 anos e estão cursando o ensino médio. Ao todo, a Casa do Estudante tem, atualmente, 40 moradores que estão matriculados no ensino médio e em faculdades como a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), e universidades particulares.
“Os 10 novos alunos que chegaram são do ensino médio. Além deles, temos outros estudantes de 15 a 18 anos, e os que fazem faculdade na Uern, Ufersa e nas universidades particulares. Nós temos alguns alunos que, para poder frequentar as aulas, precisam ir e voltar a pé. Tem estudante que percorre 10 km por dia para poder estudar. Eles precisam estar bem alimentados para poder ter rendimento nas escolas e faculdades”, aponta Lucivio dos Santos.
O diretor executivo da Casa do Estudante explica que a última campanha para arrecadar alimentos que foi feita pela instituição ocorreu há quatro meses. De lá para cá, todo o estoque vinha sendo mantido, conforme o número de estudantes que tinham no local. “A nossa última campanha foi há cinco meses e a gente vinha conseguindo manter a quantidade de alimentos. Mas com a chegada desses novos estudantes não conseguimos mais. Nós pedimos doações de alimentos, não de dinheiro. Só queremos comer”, enfatiza.
A instituição pede que sejam doados alimentos perecíveis, as “misturas", como ovos, salsichas, mortadela, frango, entre outros, bem como alimentos não perecíveis, como feijão, macarrão e demais itens da cesta básica. Além disso, a Casa do Estudante também precisa da doação de itens de limpeza, como água sanitária, desinfetante, papel higiênico, entre outros.
“Nós vivemos diariamente alguns dilemas e um deles é a questão dos alimentos, principalmente quando eles chegam ao estoque zero. Quando isso acontece, a nossa única opção é pedir a ajuda da sociedade mossoroense e da região para que possam ajudar os estudantes”, aponta Lucivio dos Santos.
A Casa do Estudante fica localizada na Rua Dr. João Marcelino, nº 4000, Bairro Nova Betânia, ao lado do Sesc. Para mais informações sobre as necessidades dos estudantes do local, basta entrar em contato por meio do telefone 98185-7573 ou pelo Instagram da residência estudantil (@cemrn).
O diretor executivo enfatiza que as doações podem ocorrer todos os dias da semana, 24h por dia. “Nós recebemos doações 24h por dia. Quem deseja nos ajudar pode vir até a Casa do Estudante e tocar a campainha que nós vamos atender”.
Dívida trabalhista impede que casa do estudante receba recursos públicos
Devido a uma dívida trabalhista que existe há alguns anos, a Casa do Estudante de Mossoró (CEM) não pode receber recursos ou doações de instituições públicas. A dívida deixou o CNPJ da instituição negativado, o que tem dificultado ainda mais a manutenção das atividades do local.
O diretor administrativo da CEM, Wilder Araújo, informou à reportagem que o valor da dívida é de aproximadamente R$ 30 mil, referente a irregularidades no contrato de trabalho de uma funcionária que atua na instituição há 18 anos. “Essa questão trabalhista vem preocupando bastante a gestão atual porque o valor é muito alto e a Casa não tem condições. Com isso, não tem como ficar arrecadando doações externas, porque o CNPJ está negativado”, aponta.
Wilder Araújo afirma que a Casa do Estudante de Mossoró conta com um parceiro muito fiel, que colabora com a instituição há mais de 10 anos, ajudando a reduzir os problemas da instituição. “O senhor José Maria de Oliveira é o nosso parceiro há mais de 10 anos e ele nos ajuda bastante com a parte estrutural. Ele fez a estrutura nova da Casa e informou que vai realizar a pintura novamente. Agradecemos muito a ele, que é empresário do ramo agrícola, e aos advogados Marcos Araújo e Naerton que ajudam nas questões jurídicas, por contribuir com a gente”, conclui.
Tags:
