Terça-Feira, 26 de novembro de 2024

Postado às 08h45 | 15 Set 2023 | Após pandemia, 47% das famílias recusam a doação de órgãos

Crédito da foto: Edilberto Barros / CMM Vereador Paulo Igo, autor da inicativa de debater doação de órgãos em Mossoró

Por Amina Costa/ Repórter do JORNAL DE FATO

A necessidade de ampliar as discussões sobre a importância da doação de órgãos foi o principal assunto debatido durante a audiência pública que tratou sobre a temática e ocorreu nesta quinta-feira, 14, na Câmara Municipal de Mossoró (CMM). A audiência foi proposta pelo vereador Paulo Igo e contou com a presença de representantes de instituições que defendem a causa.

Representantes da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), participaram da audiência e fizeram um alerta importante. Segundo os dados da CIHDOTT, embora o Brasil venha aumentando os números de doações de órgãos, a taxa de recusa familiar ainda é alta.

Nos últimos anos, após a pandemia, o número aumentou e, ano passado, atingiu 47% de recusa familiar. Trata-se do maior índice dos últimos dez anos, conforme relatório anual da Associação Brasileira de Transporte de Órgãos (ABTO). De acordo com a Comissão, a grande parte da negativa é porque a doação de órgãos ainda enfrenta muitos tabus, muito por falta de informação.

Para mudar essa realidade, a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes tem feito um trabalho ativo, segundo a assistente social da CIHDOTT, Telma de Oliveira Medeiros. Conforme a assistente social, uma das iniciativas é a entrevista familiar para doação, realizada após o protocolo fechado de morte encefálica (confirmada). “É feita em local reservado pela equipe capacitada da CIHDOTT e/ou OPO (Organizações de Procura de Órgãos)”, informa.

A comissão também identifica potenciais doadores no HRTM; viabiliza o diagnóstico de morte encefálica, quando necessário; em caso de doação consentida, articula-se com profissionais de saúde para organizar a captação de órgãos e realiza educação em saúde que facilitem a compreensão sobre o processo de doação de órgãos.

Doador, o vereador Paulo Igo considerou positiva a reunião, por lançar mais luzes sobre o tema, e conclamou: “Converse com a sua família. Seja um doador de órgãos e tecidos. Doação de órgão é um ato de amor, porque, embora não saiba a quem doar, há a certeza que salvará uma vida”. Ele acrescentou que uma pessoa pode salvar até oito pessoas.

Também participaram da audiência pública os vereadores Ozaniel Mesquita (UB), Lucas das Malhas (MDB), Tony Fernandes (SD); representantes do vereador Omar Nogueira (Patriota) e do deputado estadual Ivanilson Oliveira (UB); enfermeira coordenadora do CIHDOTT Susana Cantídio Mendes; enfermeira Tathiane Paloshi Assunção (CIHDOTT), paciente transplantado Ricardo Frota, entre outros participantes.

Na última quarta-feira, 13, durante sessão realizada na Câmara, a popular Erana Benaia defendeu a aprovação do Projeto de Lei que equipara os pacientes renais crônicos às Pessoas com Deficiência (PCDs). Erana Benaia, que é transplantada do rim, iniciou seu discurso relembrando a aprovação do projeto que institui a Campanha de Conscientização sobre Doação de Órgãos e Transplantes em escolas da rede municipal.

O texto, aprovado na Câmara Municipal em abril deste ano, estabelece que a campanha poderá ser realizada nas escolas pela Secretaria Municipal de Educação, anualmente no mês de setembro, por meio de palestras com especialistas, vídeos educativos, folders informativos e/ou quaisquer mecanismos que o Executivo Municipal entender importantes para o enriquecimento da atividade.

No dia 27 de setembro ocorre o Dia Nacional da Doação de Órgãos. A doação de órgãos e tecidos somente é possível com o consentimento da família, e deve ser autorizada por parentes de primeiro e segundo graus, na linha reta e colateral, ou do cônjuge. Antes de 2001, a doação de órgãos no Brasil era presumida e consentida, ou seja, todas as pessoas eram doadoras, a não ser que expressassem vontade contrária em seu documento de identificação.

 

Saiba mais sobre o trabalho que a CIHDOTT desenvolve

É atribuição da comissão:

• Realizar busca ativa dos pacientes graves, com diagnóstico de AVC, TCE e outras situações que evoluam para coma.

• Articular-se com a Equipe Médica do Hospital para a abertura de Protocolo de Morte Encefálica.

• Acompanhar e orientar a família dos potenciais doadores durante a realização do protocolo de Morte Encefálica.

• Após fechamento do protocolo de ME, realizar entrevista familiar para doação de órgãos, em ambiente adequado e de forma humanizada.

• Articular-se com a OPO - Organização de Procura de Órgãos e CET- Central Estadual de Transplante, após consentimento familiar, para a realização da captação de órgãos no Hospital.

• Organizar toda a logística, dentro do Hospital, para a realização da captação de órgãos.

• Acompanhar a equipe de captação de Órgãos e orientar familiares dos doadores, durante todo o processo de doação de órgãos.

• Realizar atividades de orientação/treinamento com os profissionais das diversas categorias, que estiverem no plantão.

• Fazer palestras com os profissionais do Hospital sobre a temática Transplante e Doação de Órgãos.

• Desenvolver atividades educativas para a comunidade sobre a temática doação de órgãos.

 

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