Entender o que representa o padre educador na vida das pessoas é preciso voltar ao tempo e fazer uma viagem por cada ponto que edificou a sua história de sacerdote de grandes virtudes, que se confunde com a própria história da Igreja Católica local
Por César Santos – Jornal de Fato
Finalzinho da manhã desta segunda-feira, 27, a Diocese Santa Luzia de Mossoró comunicou a morte de padre Sátiro Cavalcanti Dantas, aos 93 anos de idade. O religioso vinha lutando pela vida com agravamento de problemas de saúde e, na última sexta-feira, 24, sofreu um infarto em casa, sendo socorrido para o Hospital Wilson Rosado. Não resistiu e o seu coração parou de bater nesta segunda-feira.
A notícia silenciou o povo de Deus na terra de Santa Luzia, que aprendeu a respeitar, admirar e amar o Padre Educador. Momento seguinte, o padre Charles Lamartine deu voz ao sentimento da comunidade católica, em depoimento emocionado:
“Padre Sátiro é um homem que marca muitas gerações de mossoroenses e norte-rio-grandenses e um homem que, sem dúvida, tem um serviço prestado de forma longínqua à história da nossa cidade, do nosso povo, de um modo especial no serviço à educação.
Eu, Padre Charles, me sinto muito feliz de ter podido nos meus doze anos de padre, onze conviver ao seu lado.
Aprendi de Padre Sátiro muitas coisas, mas, talvez, uma das maiores lições que ele deixa na vida é de que não fazemos nada sozinho. Fazemos o que fazemos porque temos boas pessoas, boas equipes ao nosso lado. Esta é, de fato, a mensagem que ele deixa para cada um de nós em tantos lugares que ele passou na vida: no Diocesano, na Faculdade Católica, na Uern, no Santuário de Santa Clara, na Funsern como um todo, no seu legado como padre educador e como educador padre.
Agora neste momento, a gente une forças, une as mãos para, de fato, rezar e agradecer a Deus pelo legado que ele deixa em nossas vidas e em nossas histórias, e pedimos a ele que do céu não nos deixe desistir e continue a interceder por nós, pela nossa diocese, pela nossa igreja.”
O depoimento de padre Charles reflete exatamente o que pensa – e sente – a comunidade católica. O padre Sátiro foi reconhecido por Mossoró como o mestre de todos os tempos; apóstolo do conhecimento e ícone de nossa história. Nenhum exagero. Pelo contrário. O religioso foi muito além ao dedicar a sua vida para formação cidadã de gerações de mossoroenses.
Entender o que representa o padre educador na vida das pessoas é preciso voltar ao tempo e fazer uma viagem por cada ponto que edificou a sua história de sacerdote de grandes virtudes, que se confunde com a própria história da Igreja Católica local e da formação educacional e intelectual de várias gerações.
O começo de tudo data em 22 de janeiro de 1930, na cidade de Pau dos Ferros, região do Alto Oeste do Rio Grande do Norte. Nascia naquele dia Sátiro Cavalcanti Dantas, filho de João Fernandes Dantas e dona Erondina Cavalcanti Dantas. O nome, Sátiro, foi em homenagem ao seu avô materno.
De família simples, mas bem estruturada, Sátiro Cavalcanti teve uma infância tranquila, até que um fato triste mudou a sua vida, que foi a morte do pai com apenas 42 anos. Na época, com apenas 11 anos de idade, Sátiro viu a sua mãe Erondina enfrentar dificuldades depois que fechou o comércio deixado pelo marido. Tudo foi à falência em dois anos.
“Fui botador d’água”, recordou certa vez, comentando que seus instrumentos de trabalho eram “um burro com ancoretas de barril de vinagre”, onde colocava água nas residências. O dinheiro que ganhava ajudava na renda da família. A luta diária, apesar de árdua, não impediu os estudos no Grupo Escolar Joaquim Correia, na sua terra natal, nem a atividade de coroinha na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, sob as bênçãos do Monsenhor Manoel Caminha.
Foi o Monsenhor Caminha e dona Erondina que incentivaram a vida religiosa de Sátiro, e que serviram para ele superar críticas de irmãos e amigos. Aliás, pelo desejo de sua família, era o seu irmão mais velho, José Fernandes Dantas, que seguiria a vida religiosa. Para Sátiro era reservada a missão de ser doutor. A vida tratou de encaminhá-los de forma diferente. José Dantas (falecido em 5 de janeiro de 2013) teve uma trajetória vitoriosa no mundo jurídico, chegando ao cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), enquanto Sátiro seguiu o caminho da fé, esperança e caridade.
A sua vocação religiosa foi despertada aos 14 anos de idade. “Quando decidi me tornar sacerdote, somente minha mãe e padre Caminha acreditaram. Minhas professoras diziam que eu era um menino inteligente e queria só os estudos e depois não seguiria”, contou. Ele foi crismado no dia 15 de agosto de 1936, por Dom Jaime de Barros Câmara. Depois daí, entendeu que era preciso dar o passo mais importante para a sua vida religiosa.
No dia 9 de fevereiro de 1943, após seguir viagem de trem, desembarcou na cidade de Mossoró, junto com a mãe e os cinco irmãos; e naquele mesmo dia, Sátiro ingressou no Seminário Santa Teresinha, para continuar a formação de seus estudos, realizando o 1º Grau Menor. O reitor naquele tempo era padre Huberto Bruening, e o orientador espiritual era padre Miguel Nunes, e em seguida foi padre Gentil Diniz Barreto. Estes foram muito importantes para a formação religiosa do seminarista Sátiro Cavalcanti Dantas, e naquele seminário ele concluiu o curso ginasial e científico.
Estava pronto para avançar a sua caminhada. Foi estudar no Seminário em Fortaleza, logo após em Olinda-PE, e mais adiante cursou Filosofia, no Seminário Central Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo-RS, entre 1949 até 1951.
Sábio e estudioso, Sátiro Cavalcanti progrediu sua formação intelectual, na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, cursando Teologia Dogmática, até o ano de 1954. Em Roma, ele recebeu a tonsura no dia 26 de outubro de 1952, diaconato em 31 de outubro de 1954, ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1954, por ocasião dos 100 anos do Dogma da Imaculada Conceição, pelo Arcebispo de Puebla, México, que reuniu nesta celebração todos os ordenados da América Latina.
Sátiro ainda permaneceu mais um ano em Roma, para concluir os estudos de Teologia, ele foi ordenado um ano anterior por autorização do Santo Padre, Papa Pio XII. Retornou ao Brasil em 1955, voltando à cidade de Mossoró em 28 de novembro daquele mesmo ano. Estava pronto para cumprir a sua missão divina e sagrada, como sacerdote de Deus e educador por natureza.
Primeira missa em sua terra natal
Foi na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Pau dos Ferros, berço de sua família e de sua vocação religiosa, que o padre Sátiro Cavalcanti Dantas celebrou a primeira missa. Dia 8 de dezembro de 1955. Foi um momento de grande emoção. Em seguida, ele foi nomeado cooperador da paróquia da cidade de Areia Branca-RN, também Nossa Senhora da Conceição, viajando nos fins de semana para este município, auxiliando o pároco Cônego Ismar Fernandes.
Em 1956, o padre Sátiro recebia a primeira grande missão de educador, ao ser nomeado secretário geral do Colégio Diocesano Santa Luzia de Mossoró, onde também foi professor das disciplinas: História Geral e Moral e Cívica, no período de 1956 a 1973. Sátiro ainda lecionou na Escola Normal de Mossoró, ingressando naquele estabelecimento em 1º de março de 1956.
O grande momento, marcante em sua vida, aconteceu no dia 1º de janeiro de 1961, quando foi nomeado diretor do Colégio Diocesano Santa Luzia, pelo então bispo Dom Gentil Diniz Barreto, onde permaneceu até o dia 9 de junho de 2016, sendo substituído, a seu pedido, pelo padre Charles Lamartine.
Padre Sátiro ampliou seus estudos e conhecimentos com curso Licenciatura Plena, na Universidade Católica de Pernambuco, em 1970; Ciências Jurídicas, Na Fundação Padre Ibiapina, na cidade de Sousa entre os anos de 1974 a 1977; Técnico de Ensino – Didática Superior, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 1969; Curso de Administração Escolar, em 1970, em Natal-RN; e formou-se em Direito pela Universidade Federal da Paraíba.
Padre Sátiro também se especializou na área de Sociologia, curso de pós-graduação, promovido pelo MEC, DAU, CAPES, FURRN, em 1978, além de participar de cursos de aperfeiçoamento, de extensão universitária, Sempre buscou ampliar conhecimentos em seminários, congressos e simpósios. Era um sacerdote muito sábio, conhecedor das seguintes línguas estrangeiras: Inglês, Italiano, Espanhol, Francês e Latim.
Padre Sátiro, entre o jornalista César Santos e o radialista José Geraldo, anunciando a estadualização em 1985
O educador: a luta pela Educação, do Diocesano à estadualização da Uern
A incansável luta pela estadualização da Universidade Regional do Rio Grande do Norte (URRN), hoje Universidade do Estado do RN (UERN), marca a história de Sátiro Cavalcanti Dantas em defesa do ensino público para todos e consolida a marca de padre educador. Foi ele quem conduziu a luta dos mossoroenses, à frente de um grupo de notáveis, e que levou ao Governo do Estado a transformar a URRN na primeira – e única - universidade pública estadual do RN.
Padre Sátiro ocupava o cargo de reitor pro-tempore da URRN, entre agosto de 1985 a julho de 1987, quando a estadualização foi alcançada, fato ocorrido em 1986, na curta gestão do governador Radir Pereira de Araújo. Não havia desejo do Estado de assumir a instituição. A pressão da elite potiguar desconhecia a importância da Universidade. A resistência foi vencida pela posição destemida do padre Sátiro, na medida em que se a estadualização não fosse aprovada naquele momento, muito provavelmente a URRN deixaria de existir pela enorme dificuldade financeira que enfrentava.
A missão de educador do padre Sátiro foi exercida desde sempre, como professor do Ginásio Sagrado Coração de Maria (Colégio das Irmãs); diretor fundador da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mossoró (1967); professor de Direito da Uern; no exercício do magistério por 43 anos.
Padre Sátiro foi membro do Grupo Fundador da Universidade Regional do Rio Grande do Norte; membro do Conselho Universitário da FURRN. Foi o padre educador que fundou e dirigiu o Ginásio Centenário de Mossoró (hoje Escola Estadual Centenário), a Escola Treze de Junho, fundado em 13 de junho de 1974, e a Universidade Infantil de Mossoró.
Padre Sátiro foi professor de Sociologia da Faculdade de Economia, no período de 1966 a 1973; professor de Filosofia da Educação do Colégio Normal do Centro Educacional Jerônimo Rosado, entre os anos de 1956 a 1974; professor de Sociologia do Instituto de Ciências Humanas, entre 1967 a 1981; professor de Sociologia da Faculdade de Educação – URRN, entre 1966 a 1983; presidente da Escola Ambulatório Cardeal Câmara, a partir de 1º de março de 1966; coordenador do Seminário sobre “Agressão à Vida Humana”, promovido pela Campanha da Fraternidade de 1974; professor de História do 2° Grau do Colégio Diocesano Santa Luzia, entre 1975 a 1976; presidente da Comissão de Justiça dos JERNs 11° NURE, em 1979. Ele também lecionou a disciplina Moral e Cívica do 2° Grau do Colégio Diocesano Santa Luzia, em 1985.
O padre religioso fundou e presidiu a Fundação Sócio-Educativa do Rio Grande do Norte (FUNSERN); foi presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte (1991-1993); Presidente da Associação dos Colégios Diocesanos do Nordeste (ACODINE) – 2000/2001; dirigiu o Instituto de Ciências Humanas, entre maio a julho de 1974; membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; membro da Academia de Letras de Mossoró, sendo o primeiro ocupante da Cadeira N° 11, que tem como patrono Luís Ferreira Cunha da Mota.
Diocesano: “Eu tenho uma história de amor com essa escola”
Em 8 de junho de 2016, o padre Sátiro Cavalcanti Dantas anunciou a sua saída da direção geral do Colégio Diocesano Santa Luzia (CDSL) de Mossoró, depois de mais de cinco décadas à frente do tradicional “Colégio dos Padres”. Tomado pela emoção, Sátiro pediu ao bispo Dom Mariano Manzana que aceitasse a sua decisão e que nomeasse o padre Charles Lamartine para o cargo.
A sua saída da direção geral do colégio, porém, não o afastou do estabelecimento de ensino. Naquele momento, Sátiro também pediu que o colégio o abrigasse, deixando-o morar no que ele considera o seu próprio lar. Foi lá que ele respirou pela última vez.
A história de vida de Padre Sátiro se confunde com a história do Colégio Diocesano. Ele assumiu o cargo de diretor em 1961, nomeado pelo bispo Dom Gentil Diniz Barreto para suceder à gestão do cônego Francisco Sales, do qual era o vice.
Por 55 anos, padre Sátiro dedicou a vida ao Diocesano. Por suas mãos o “Colégio dos Padres” cresceu e se desenvolveu e gerações inteiras foram educadas sob o seu olhar zeloso. Nas comemorações dos 104 anos do colégio, em 2005, ele deu o seguinte depoimento:
“Na estrada existencial do Colégio Diocesano Santa Luzia, chamado anteriormente Gynasio Sancta Luzia; Colégio dos Padres, foram ficando na história marcos significativos não só na trajetória educacional, como também, na participação das iniciativas progressistas da terra potiguar.”
Padre Sátiro também confessou: “Eu tenho uma história de amor com essa escola. O meu sacerdócio é conjugado com a minha vida educacional, e sempre frisei isso. Eu dava uma aula com a mesma seriedade com que celebrava a missa.”
E acrescentou: “O Diocesano sempre teve a missão de educar. Quando você educa, leva os conhecimentos, o conhecimento leva à formação ética, moral e da alma dos estudantes. Imbuído no propósito de educar, reconheço que sempre tive uma visão muito clara sobre o futuro e sempre trabalhei com um pé no presente e outro no futuro.”
Padre Sátiro recordava-se de que nas salas do Colégio Diocesano surgiram encontros e debates sobre criação de instituições e movimentos empreendedores do progresso, como exemplos a erecção da Diocese de Mossoró, a oficialização da Faculdade de Ciências Econômicas de Mossoró, a fundação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Mossoró.
Em seu arquivo registro de matrículas encontram-se nomes expressivos que exerceram ou exercem funções públicas ou privadas no cenário nacional, estadual e municipal, governadores, senadores, deputados, prefeitos, desembargadores, juízes, vereadores, homens de letra, jornalistas, empresários, funcionários e outros cuja presença contribuiu para vida econômica e social do Rio Grande do Norte e do Brasil.
Durante o seu direcionamento neste colégio, ele edificou várias obras, tais como: a criação da Universidade Infantil (UNIFAM); construiu o Parque Poliesportivo (Ginásio Carecão), Salas de aula, Salas ambientais e a Capela ecumênica etc.
Até os últimos dias de sua vida, o padre Sátiro continuou pároco da Capela de São Vicente e diretor presidente da Fundação Sócio-Educativa do Rio Grande do Norte (FUNSERN), mantenedora do Mosteiro de Santa Clara e da emissora de rádio FM Santa Clara (105,1).
Santa Clara: Padre Sátiro transformou a pequena pastoral em um grande Santuário no bairro Dom Hélder Câmara
Pelas mãos santas e edificantes do padre Sátiro Cavalcanti Dantas, a pequena pastoral de Santa Clara, no bairro Dom Hélder Câmara, zona leste de Mossoró, transformou-se em um grande Santuário. Foi lá que o padre educador realizou um de seus maiores feitos em relação ao trabalho religioso: a construção do Mosteiro de Santa Clara.
Essa história começa na segunda metade da década de 90 quando a Comunidade do Mosteiro Santa Clara, de Campina Grande (PB), aprovou a fundação do Mosteiro Fraternidade São Francisco de Assis, em Mossoró.
O mosteiro foi idealizado pelo padre Sátiro, que contou com doações de seus paroquianos para construção, como também da ajuda das benfeitoras chamadas de “Filhas de Santa Clara” e de vários segmentos da sociedade, além do Governo do RN e da Prefeitura de Mossoró. A obra ficou pronta em 1998.
Quando seminarista que, após concluir o curso de Filosofia, o bispo diocesano de Mossoró, Dom João Batista P. Costa, mandou-o cursar Teologia em Roma. Ele ficou hospedado no Colégio Pio Brasileiro, estudando na Universidade Gregoriana. O bispo recomendara que entrasse em contato com o Mosteiro das Carmelitas. “Falou-me que procurasse uma irmãzinha do mosteiro, o que fiz realmente, sendo minha primeira experiência com a vida contemplativa, visitando-a mensalmente nos cinco anos de Roma”, recorda.
Padre Sátiro Cavalcanti Dantas com as Irmãs Clarissas
Segundo o padre Sátiro, era uma espécie de amizade espiritual, “ao ponto de ter celebrado minha segunda Missa no Carmelo. Informei-me também sobre a vida dos monges trapistas”, lembra.
Ao completar 25 anos de sacerdote, padre Sátiro evitou toda comemoração, optando por iniciar uma obra de assistência aos necessitados na periferia de Mossoró, conhecida como “Forquilha”, fazendo surgir, daí, a Fundação Sócio-Educativa do Rio Grande do Norte (FUSERN), mantenedora de várias unidades e responsável pela construção do Mosteiro Fraternidade São Francisco de Assis.
O pedido de fundação mosteiro foi formalizado pelo padre Sátiro e acolhido pela Madre Cecília. No dia 8 de agosto de 1999, chegaram as irmãs fundadoras: Francis Clara, Maria Anchieta, Maria Guadalupe e Mariana Clariana (à frente do grupo).
A inauguração ocorreu em 11 de agosto de 1999, com a Santa Missa celebrada pelo bispo diocesano de Mossoró Dom José Freire de Oliveira Neto, com participação de Dom Jaime Vieira Rocha (então bispo de Caicó) e ainda de padres, religiosos da região e das irmãs externas de Caicó.
Do início da Fundação até o ano de 2005, a Comunidade passou por várias mudanças, inclusive o retorno de algumas Irmãs ao Mosteiro Fundador e em setembro de 2005.
A pedido das Irmãs, vieram algumas Irmãs do Mosteiro Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe das Américas (Caicó), colaborar em espírito de unidade e em maio de 2008 o Mosteiro de Caicó assumiu a jurisdição desta Fundação.
No dia 24 de outubro de 2010, foi promulgado o decreto da Ereção Canônica do Mosteiro, durante a Celebração Eucarística presidida pelo nosso Bispo Diocesano Dom Mariano Manzana e concelebrada pelo Padre Sátiro, Padre Guimarães e Padre Augusto. O documento da Santa Sé tem data de 17 de julho de 2010 (providencialmente este dia, é tido como a data do nascimento de nossa Mãe Santa Clara).
Aos 28 de janeiro de 2011, realizou-se o primeiro Capítulo Eletivo, elegendo como primeira Abadessa a Madre Maria Auxiliadora do Pai Eterno que ainda continua no governo do mosteiro, sendo reeleita com postulação em 2017 para mais um triênio.
FM Santa Clara, de padre Sátiro, transmite conhecimento
A primeira emissora de rádio educativa de Mossoró foi conquistada pela visão de futuro do padre Sátiro Cavalcanti Dantas. Certa vez, ele disse que via a comunicação social como ferramenta responsável por transmitir conhecimento e desencadear desenvolvimento. Pouco tempo depois, a Fundação Sócio-Educativa do Rio Grande do Norte (FUSERN), fundada e presidida por ele, colocava no ar a FM Educativa Santa Clara (FM 105,1).
Colocar no ar a primeira emissora FM de Mossoró, com perfil educativo, foi uma iniciativa audaciosa, mas que estava alicerçada por um projeto bem elaborado pelo padre educador.
A 105 FM, como é mais conhecida dos ouvintes, foi inaugurada em 18 de maio de 1988. Ela foi a primeira emissora a operar em Frequência Modulada (FM) em Mossoró. Além de cobrir a Capital do Oeste, a FM educativa alcança os municípios de Areia Branca, Tibau, Grossos, Serra do Mel, Governador, Upanema, Felipe Guerra, Apodi, Baraúna; entre outros.
O maior diferencial da FM 105 é o formato de sua programação, a emissora é também a primeira, e única, emissora local a adotar uma programação com padrão Adulto/Contemporâneo. A opção por esse formato de programação também faz parte de uma estratégia de mercado, cujo intuito é atingir um público-alvo qualitativo com maior poder de compra.
A programação bem elaborada povoada pelos grandes clássicos da MPB e música internacional, a comunicação objetiva, as notícias, são elementos que favorecem a sua retransmissão em ambientes variados, sempre agradando a todos os segmentos da sociedade e todos os que buscam no rádio uma ruptura com o paradigma do rádio convencional.
O sucesso da 105 FM, capitaneado pela sua programação, é uma realidade, atualmente pode-se afirmar que a emissora é a rádio mais ouvida pelas classes A e B adulta.
Padre Sátiro disse “não” ao ser convidado para a política
O trabalho religioso e em defesa da Educação chamou a atenção de grupos políticos, que tentaram inserir o padre Sátiro Cavalcanti Dantas na política partidária. Nas eleições municipais de 1972, o padre educador foi tentado a ser candidato a prefeito. Era nome forte, embora ele não entendesse assim, para enfrentar uma das alas da tradicional família Rosado.
O governador Aluízio Alves, maior liderança política do Rio Grande do Norte, veio a Mossoró fazer o convite a padre Sátiro. Acompanhado de lideranças locais, Aluízio argumentou que o religioso estava pronto para administrar Mossoró e que, naquele momento, era o melhor.
Antes de Aluízio Alves concluir o discurso, padre Sátiro pediu a palavra para agradecer a lembrança, mas não aceita o convite. “Não iria discursar em palanque com a mesma seriedade com que rezava uma missa”, justificou.
Padre Sátiro, se tivesse aceitado o convite, disputaria as eleições com Jerônimo Dix-huit Rosado Maia. Naquele ano, Dix-huit foi eleito pela primeira vez prefeito de Mossoró. Depois, Dix-huit ganharia mais duas eleições para prefeito, em 1982 e 1992.
Tempos depois, padre Sátiro, ao abordar o assunto, disse: “Não aceitei o convite porque tinha consciência que tinha poucas chances de ser eleito, mas se tivesse ousado e fosse eleito, tentaria resolver o problema da saúde de Mossoró.”
Apesar de dizer “não” ao convite feito por Aluízio Alves, o padre Sátiro não repudiou a política, pelo contrário, ele tinha raízes políticas na família. Seus tios, Israel Nunes foi, por cinco vezes, deputado estadual, e Licurgo Nunes foi prefeito de Pau dos Ferros-RN por duas vezes.
Homem das letras: Do Conselho Estadual de Educação à imortal de academia
Padre Sátiro Cavalcanti Dantas, “homem das letras”, tem diversas obras publicadas, o que lhe rendeu a cadeira número 11 da Academia Mossoroense de Letras (AMOL), que tem como patrono monsenhor Luiz Ferreira Cunha da Mota. Ele também é membro do Instituto Histórico do Oeste Potiguar (ICOP) e do Conselho Estadual de Educação.
Padre Sátiro publicou as seguintes obras e artigos:
- Contribuição de Leão XIII à Questão Social, 1966;
- Evasão Escolar – Coleção Mossoroense N° 159;
- Educação – Crônica – pela Coleção Mossoroense N° 167;
- O Fenômeno das Secas no Nordeste – Coleção Mossoroense N° 210;
- Evolução Histórica dos Pensamentos Sociais da Antiguidade até Augusto Comte – Coleção Mossoroense N° 216;
- O Perfil Psico-Social do Educador, publicado pelo Jornal O Mossoroense;
- Os Jesuítas no Brasil, publicado pelo “O Seminário”, Revista dos Seminaristas do Brasil, São Leopoldo, RS;
- De Collectiva Hominum Responsabilitate – trabalho apresentado para obtenção de Licenciatura na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma; Homenagem Póstuma ao Acadêmico Raimundo Nonato Nunes, 1990;
- Os Bastidores de uma Luta, 1991; Revista do Conselho Estadual de Educação – N° 10, dezembro de 1991 e além de outros.
Títulos, diplomas e honrarias que o Padre Sátiro recebeu:
- Troféu Educação, em 1966, pelo Centro Estudantil Mossoroense;
- Destaque no Setor de Educação e Cultura, em 1966;
- Destaque no Setor de Alfabetização de Adultos, em 1967;
- Medalha Centenária, em 1970, pela Prefeitura Municipal de Mossoró;
- Mérito Universitário em 1975, pelo ACEU; Medalha da Resistência, pelo transcurso do Cinquentenário da Resistência Cívica de Mossoró ao Bando de Lampião, em junho de 1977;
- Mérito Universitário em 1977; Amigo do Cantador – Conferido pela Associação Estadual de Poetas Populares;
- Medalha do Reconhecimento, pela Câmara Municipal de Mossoró, por meio do Decreto Legislativo N° 11/79, de 13 de novembro de 1979;
- Amigo do Escoteiro – Grupo de Escoteiro Professor Antônio da Graça Machado, em 3 de novembro de 1983;
- Medalha de Mérito Educacional Professor Solon Moura, pelo Decreto Legislativo N° 03/85, em 9 de abril de 1985, promovido pela Câmara Municipal de Mossoró, da autoria do então vereador José de Almeida Sobrinho;
- Diploma de Honra ao Mérito, outorgada pela Câmara Municipal de Mossoró, pelo Decreto N° 452/97, de 9 de setembro de 1997, da autoria do vereador João Newton da Escóssia Júnior;
- Concedido ainda pela Câmara Municipal de Mossoró, a Medalha do Mérito Religioso “João Paulo II”, pelo Decreto Legislativo N° 941/05, em 14 de setembro de 2005, da autoria da então vereadora Gilvanda Peixoto;
-Homenageado em sua cidade Natal, durante a inauguração da Praça Monsenhor Caminha, em Pau dos Ferros, em julho/2009.
- Homenageado pelo Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte, com a “Comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho Djalma Aranha Marinho”, sendo uma justa e merecida homenagem a esse pauferrense que muito contribui para a educação do nosso Estado.
- Diploma de Reconhecimento concedido pela Câmara Municipal de Mossoró, pelo Decreto Legislativo N° 1178/09, de 23 de junho de 2009, da autoria do vereador Flávio Tácito da Silva Vieira.
Padre Sátiro ocupou diversos cargos dentro da Igreja
O padre Sátiro Cavalcanti Dantas desempenhou vários cargos dentro da Igreja nos seus 66 anos de sacerdócio, sempre trabalhando para o crescimento do reino de Deus, como costumava falar. Veja os cargos que ele desempenhou, além dos citados em reportagens nesta edição especial.
- Cooperador da Paróquia Areia Branca;
- Capelão Eclesiástico da Juventude Estudantil Católica – JEC;
- Membro do Conselho Presbiterial da Diocese de Mossoró;
- Vice-Presidente da Fundação Santa Luzia 1985-1989;
- Vigário Cooperador da Paróquia do Alto São Manoel;
- Vigário Substituto no Município de Governador Dix-Sept Rosado;
- Assistente Espiritual Conferência Vicentina;
- Consultor do Conselho Administrativo da Diocese, da Fundação Diocesana Santa Luzia;
- Defensor do Vínculo na Câmara Eclesiástica;
- Assistente Espiritual e Fundador da Congregação das Filhas de Santa Clara;
- Capelão da Igreja de São Vicente de Paula, desde 30 de dezembro de 1956;
- Pároco da Paróquia de São Manoel, a partir de 22 de março de 1985.
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