Batizado de Centro Comercial, a estrutura reeberá um investimento de R$ 10 milhões e será erguida na rua Bezerra Mendes, ao lado do Mercado Público Central “Manoel Teobaldo dos Santos”, uma das mais movimentadas do comércio popular de Mossoró
Por César Santos – Jornal de Fato
A Prefeitura de Mossoró iniciou o processo de construção de um “camelódromo” para retirar os vendedores ambulantes das ruas do centro da cidade. Batizado de Centro Comercial, a estrutura será erguida na rua Bezerra Mendes, ao lado do Mercado Público Central “Manoel Teobaldo dos Santos”, uma das mais movimentadas do comércio popular de Mossoró.
O anúncio feito pelo prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) em suas redes sociais e confirmado no site oficial do município chega um ano após a Justiça, por meio da 3ª Vara da Fazenda Pública, ter dado um prazo de 90 dias para a Prefeitura retirar os obstáculos das calçadas e criar faixas livres para pedestres nas ruas e avenidas do centro da cidade.
A decisão data de 31 de janeiro de 2023, mas não foi cumprida até agora. No entanto, com recursos do empréstimo de R$ 200 milhões feitos junto à Caixa Econômica Federal, a obra finalmente será realizada. O prefeito agendou para o dia 15 deste mês a solenidade de assinatura de contrato e autorização para o início da obra.
A ideia é oferecer aos pequenos comerciantes um camelódromo bem estruturado e com dimensão capaz de acolher todos os vendedores ambulantes que atuam nas ruas, principalmente aqueles que ocupam a calçada da Coronel Gurgel, principal artéria do centro comercial de Mossoró.
A Prefeitura já cadastrou todos os ambulantes e, a partir da lista, elaborou o projeto do comelódromo. O prefeito Allyson garantiu que nenhum vendedor ficará de fora do novo espaço, uma vez que o sentido da obra é justamente garantir um ambiente seguro e bem estruturado para que todos possam explorar as suas atividades econômicas.
A obra
Segundo consta no site da Prefeitura, um cronograma foi elaborado para esvaziar a área onde será erguido o Centro Comercial. O primeiro passo, com início hoje, será a montagem de tendas em ruas alternativas para retirar os camelôs da Praça da Independência, que fica de frente para o Mercado Público Central e ao lado da rua Bezerra Mendes.
Está definido que a estrutura provisória, que funcionará durante a construção do novo comelódromo, será distribuída nas ruas Meira e Sá e Francisco Peregrino, que ficam próximas ao Mercado Público Central, e a Travessa Martins de Vasconcelos, que fica ao lado do Teatro Estadual Lauro Monte Filho.
Para receber os vendedores ambulantes nessas áreas, o setor de serviços públicos do município está realizando o trabalho de poda e, em seguida, será feita a marcação dos locais onde cada comerciante terá o seu espaço. No dia 9, as áreas serão isoladas e, no mesmo dia, serão concedidas autorizações provisórias para instalação de energia e disponibilizados veículos para realocação dos vendedores. Um dia antes, a Prefeitura reunirá os ambulantes para novas orientações.
Problema se arrasta há décadas no centro comercial de Mossoró
Há pelo menos três décadas se discute sobre a mobilidade urbana no centro de Mossoró. Ao longo desse tempo, mais do que triplicou o número de barracas nas calçadas de ruas e avenidas, sobremaneira da Coronel Gurgel, que é a artéria mais concorrida no centro comercial da cidade.
Além da Coronel Gurgel, chama a atenção a ocupação dos vendedores ambulantes na Praça da Independência, que devido à invasão deixou de ser um dos cartões postais da cidade. A praça fica de frente ao Mercado Público Central “Manoel Teobaldo dos Santos”, influenciando a passagem de pedestres para a Santos Dumont, Augusto Severo, Bezerra Mendes e o acesso à área da Catedral de Santa Luzia.
A discussão ganhou força na década passada, quando o Ministério Público Estadual patrocinou uma ação na Justiça pedindo a retirada de obstáculos das calçadas e criação de faixas livres para pedestres nas ruas e avenidas do centro da cidade.
Em 2014, na gestão do ex-prefeito Silveira Júnior, a Justiça chegou a determinar a retirada dos camelôs, mas a Prefeitura não cumpriu, diante da enorme pressão popular. Daí foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que nunca foi cumprido.
Já em 2019, na gestão da ex-prefeita Rosalba Ciarlini, o MPRN recomendou que a Prefeitura elaborasse um plano de acolhimento institucional dos ambulantes/camelôs, para garantir um local adequado para que eles possam instalar seus negócios, mantendo esses pequenos comerciantes no mercado de trabalho. Também não foi cumprido.
A 3ª Vara da Fazenda Pública, em 31 de janeiro de 2023, abriu prazo de 90 dias para a Prefeitura adotar providências. A partir daí se iniciou o processo de discussão entre a gestão municipal e os pequenos vendedores, no sentido de buscar uma solução definitiva, o que pode ocorrer com a construção do Centro Comercial.
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