Sexta-Feira, 17 de maio de 2024

Postado às 07h30 | 17 Fev 2024 | redação Três objetivos nortearam dom Mariano na Diocese de Mossoró

Crédito da foto: Jornal de Fato Dom Mariano Manzana, agora Bispo Emérito

Jornal de Fato

Em 17 de outubro de 2004, dom Mariano Manzana assumia a Diocese de Santa Luzia de Mossoró, a maior missão de sua vida religiosa. Sucessor de dom José Freire de Oliveira Neto, que renunciou por idade após 20 anos no cargo, o religioso italiano tinha pela frente a tarefa, urgente, de fortalecer os principais pilares da Diocese e conduzir projetos importantes como a ampliação do complexo educacional.

Com o lema episcopal “Cristo para Todos”, dom Mariano priorizou três objetivos para nortear o seu mandato de pastor:

1 – Impregnar com espírito pastoral ordinário a Diocese de Mossoró

Dom Mariano conseguiu com as “Santas Missões Populares” em todas as paróquias, com a sua presença, de vários padres e de muitos missionários leigos. Momento de verdadeira graça, vivenciando o encontro com as pessoas nas comunidades, o revigoramento dos ministérios laicais.

2 – União para formação presbiteral

Ele olhou para a Formação Presbiteral. A Igreja vinha de uma forte crise no Presbitério Diocesano. Foi preciso um trabalho incansável para reverter a situação. Hoje, tendo ordenado, ao longo de duas décadas, 52 padres e instituído o Diaconato Permanente também com diploma de Teologia, a Diocese partilha o que tem com outras situações eclesiais mais necessitadas.

3 – Autossustentabilidade econômica da Diocese

A terceira linha de ação pastoral foi um grande desafio pelo contexto econômico instável do País. Além de organizar as Paróquias, sobretudo as novas (eram 20 em 2004, hoje são 39), a encontrar no dízimo, nas coletas, nas Festas de padroeiros e em outras iniciativas o próprio sustento econômico para as atividades religiosas e sociais, a preocupação foi unir as várias administrações paroquiais em uma única prestação de conta como um todo, junto com a da Diocese. Hoje, a Diocese de Mossoró vive uma situação econômica estável.

Esses três objetivos foram destacados por dom Mariano Manzana em sua carta renúncia, apresentada em outubro de 2022, quase duas décadas depois de ter assumido a grande missão como pastor da Diocese de Santa Luzia de Mossoró, e da certeza do dever cumprido. Veja nessa página a íntegra da carta renúncia, acolhida pelo papa Francisco.

 

Carta de Renúncia de dom Mariano Manzana

Querido Papa Francisco,

Neste dia 13 de outubro 2022, Deus me concedeu a alegria de completar 75 anos de vida e, em cumprimento ao que determina o Código de Direito Canônico, venho entregar o mandato de Pastor desta porção do povo de Deus que é a Diocese de Santa Luzia de Mossoró, recebido há 18 anos. Hoje, agradeço a Deus, de todo coração, o dom da vida, o chamado ao sacerdócio e a vocação à atividade missionária, cuja ênfase faço, aos 17 anos como sacerdote “Fideidonum” no Nordeste do Brasil, os 11 anos como responsável pela dimensão missionária na minha Igreja de origem em Trento (Itália) e, enfim o Serviço Episcopal ao amado povo de Deus que peregrina em Mossoró a partir de 2004. Como não reconhecer e agradecer a abundante graça e misericórdia que Deus derramou em toda minha vida e, de um modo tangível, nestes últimos anos!

Revendo estes 18 anos de pastoreio, percebo que três objetivos bem definidos nortearam, desde o início, o nosso serviço episcopal: o primeiro foi impregnar com espírito missionário a pastoral ordinária da Diocese. Isso realizamos, nos primeiros anos, com as “Santas Missões Populares” em todas as paróquias, com a presença do Bispo, de vários padres e de muitos missionários leigos. Foi um momento de verdadeira graça, vivenciando o encontro com as pessoas nas comunidades, o revigoramento dos ministérios laicais.

Logo depois, foi a “Visita Pastoral” em todas as comunidades, preparada e realizada para conhecer e ser presente nos recantos mais longínquos e pequenos da Diocese, contribuindo para o nascimento e fortalecimento das pequenas Comunidades Eclesiais Missionárias. A Covid-19 nos atingiu, com todas as suas restrições, quando estávamos realizando, pela segunda vez, as “Santas Missões Populares: 10 anos depois”.

Dessa forma, tivemos que nos adaptar à nova realidade, na qual a pandemia não apagou, mas transformou o modo de viver, o Espírito Missionário diluído em tantas outras atividades igualmente missionárias.

A segunda prioridade olhou para a Formação Presbiteral: nossa Diocese sofreu depois do Concílio, talvez por uma apressada interpretação do mesmo, uma forte crise no Presbitério Diocesano, a qual, obrigou o Bispo, para prover às Paroquias, a pedir ajuda de outros Padres, seja às Congregações Religiosas como a outras Dioceses do Brasil e no exterior. Hoje, tendo ordenado, ao longo destes 18 anos, 52 padres e instituído o Diaconato Permanente também com diploma de Teologia, a Diocese se prepara para partilhar, em espírito missionário, o que tem com outras situações eclesiais mais necessitadas.

São frutos peculiares desta preocupação em nossa Diocese a implantação do Seminário Maior, hoje, com mais de 40 Seminaristas e um intenso trabalho vocacional em toda Diocese. Destaco ainda, a criação da Faculdade Católica do Rio Grande do Norte, fundada inicialmente como Faculdade Diocesana de Mossoró, a qual nos garante o curso de Teologia reconhecido pelo MEC.

A Instituição possui ainda os cursos de Psicologia, Fisioterapia, Nutrição, Direito, Gastronomia, Administração e Ciências Contábeis, e prepara-se para em breve tornar-se Centro Universitário. O crescimento da Diocese no campo educacional e pastoral exigiu uma maior qualificação do clero nas Ciências Eclesiásticas: hoje a Diocese conta, nas disciplinas teológicas, com 22 Mestres, 2 Doutores e 3 que estão terminando Doutorado em Roma. Ademais, A Faculdade contribui também na formação dos leigos na “Escola Diocesana de Catequese Dom José Freire” e na “Escola Missionária Pe. Dário Tórboli.”

A terceira linha de ação pastoral visa a autossustentabilidade econômica e nasce da preocupação pelo contexto econômico instável que vivemos hoje em nosso País. Além de organizar as Paróquias, sobretudo as novas (eram 20 em 2004, hoje são 39), a encontrar no dízimo, nas coletas, nas Festas de padroeiros e em outras iniciativas o próprio sustento econômico para as atividades religiosas e sociais (inclusive contribuir um pouco para a Diocese), nossa preocupação foi unir as várias administrações paroquiais em uma única prestação de conta como um todo, junto com a da Diocese.

Foi um trabalho constante, metódico, paciente e teimoso com o suporte constante do setor contábil e jurídico diocesano. Quanto ao patrimônio, fomos guiados pelo desejo de “transformar algumas áreas ociosas da Igreja em imóveis úteis e rentáveis; construir algumas salas comerciais e outros ambientes que se prestem para aluguéis e, com a receita arrecadada, custear parte das despesas da Diocese. São altos os custos da Igreja, por mais econômica que Ela se porte: manter um grande Seminário com dezenas de seminaristas em sua dependência, permanecer com a Rádio Rural exercendo a mesma linha pastoral de fidelidade evangélica, sem se vender, superando o tempo, preservar residências para padres e bispos, conservar o patrimônio físico de vários prédios e igrejas da cidade e do interior, manter a Cúria e outros órgãos funcionando normalmente, inclusive remunerando funcionários de acordo com a lei trabalhista, assistir, na hora da dor, seus dependentes, não é tarefa fácil”, conforme escreveu Dr. Milton Marques (2011).

Hoje, a Diocese, agradecendo a Deus, vive uma situação econômica estável, inclusive sustentando algumas obras sociais que lhe pertencem como a Rádio Rural de Mossoró, a Cáritas, o Abrigo Amantino Câmara e o Lar da Criança Pobre de Mossoró.

Somos reconhecedores de nossos limites, fragilidades e também decisões tomadas que muito nos fizeram sofrer. Logo, não há dúvidas que permanecem muitos desafios os quais se abrem para a Igreja enfrentar a partir dos sinais dos tempos.

Por fim, muito obrigado pela confiança em mim depositada. Continuarei a serviço da Igreja de uma nova forma que se abre a partir de agora.

Dom Mariano Manzana.

Perfil

Dom Mariano Manzana nasceu em 13 de outubro de 1947, numa pequena cidade chamada Mori, na região de Trentino-Alto Ádige na Itália. No dia 26 de junho de 1973 foi ordenado padre na Catedral de Trento, passando a servir como sacerdote na Paróquia Pio X até 1976. Mariano Manzana, na época padre, veio ao Brasil após serem identificadas dificuldades para encontrar padres que atuassem no Brasil, bem como na Diocese de Mossoró.

Em 1977, o então Pe. Mariano Manzana chegou ao país para assumir a Paróquia de Umarizal, como vigário paroquial até o ano de 1993. Foi também professor de ensino religioso, no período de 1978-1993, na rede estadual de ensino de Umarizal (RN) e de 1991 a 1993 foi professor de História Eclesiástica, no curso de Teologia, do Centro Superior de Iniciação Teológica da Diocese de Mossoró.

Além de sacerdote no município, o Pe. Mariano foi Diretor Espiritual no Seminário Maior de João Pessoa (PB), com o objetivo de acompanhar todos os seminaristas que eram encaminhados pela Diocese. Também assumiu as paróquias de Alexandria e Caraúbas.

Em 1994, retornou à Itália para assumir a função de Diretor do Centro Missionário Diocesano de Trento. Cargo em que permaneceu até sua nomeação para ser bispo da Diocese de Mossoró, após receber o convite para assumir como sexto bispo. Em 15 de junho do mesmo ano, foi nomeado Bispo da Diocese de Santa Luzia de Mossoró.

Em 5 de setembro de 2004, Pe. Mariano recebeu, na Itália, a Ordenação Episcopal pelas mãos de Dom Luigi Bressan. Em 17 de outubro do mesmo ano, tomou posse durante cerimônia realizada na Catedral de Santa Luzia em Mossoró.

Dom Mariano também é o bispo referencial pela segunda vez da Comissão para Animação Bíblico-Catequética do Regional Nordeste II da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e Chanceler da Faculdade Católica do Rio Grande do Norte.

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