Segunda-Feira, 06 de maio de 2024

Postado às 12h00 | 25 Fev 2024 | redação Estudo mostra que estoque de “capital social” ajuda a melhorar salários em mais de 100%

Crédito da foto: Reprodução / UERN Fábio Lúcio Rodrigues, do Departamento de Economia

Pesquisa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) mostra que bons relacionamentos interpessoais e redes de amizade ativas ajudam a melhorar salários e a reduzir a diferença de remuneração entre homens e mulheres. O trabalho, fruto da tese de doutorado do professor do Departamento de Economia, Fábio Lúcio Rodrigues, publicado na revista Pesquisa e Planejamento Econômico, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ainda apresenta evidências de que o impacto do capital social sobre os rendimentos das mulheres acaba sendo maior, especialmente para aquelas que estão nas faixas salariais mais baixas.

O estoque de capital social, que é como o professor denomina o bom relacionamento interpessoal, aumenta os salários das mulheres em cerca de 196%, enquanto que, para os homens, o aumento é de cerca de 140%. “Isso significa que o impacto do capital social sobre a composição dos salários das mulheres é aproximadamente 56 pontos percentuais a mais em relação aos homens”, explica Fábio Lúcio, que também é professor do Programa de Pós-Graduação em Economia, ambos da UERN.

A hipótese central para justificar o porquê de as mulheres serem melhor beneficiadas por este comportamento social é, de acordo com o pesquisador, porque elas têm mais facilidade em construir e manter relacionamentos. “Isso as levam a aproveitar melhor os benefícios do capital social, influenciando a velocidade de elevação dos seus salários e, portanto, reduz a diferença salarial em relação aos homens”, completa o cientista.

Fábio avaliou a situação de 38 mil pessoas, a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, para construir a variável representativa do “capital social”, então compreendida como uma rede de relacionamento (amigos) por parte do indivíduo. O trabalho utilizou uma estratégia empírica com diferentes aplicações econométricas para testar a hipótese formulada. Os modelos matemáticos utilizados levaram em consideração a decomposição dos efeitos do capital social por sexo, assim como a desagregação por grupo de sexo.

De acordo com o professor, o trabalho fornece evidências empíricas de que o capital social pode ser um fator importante para reduzir as diferenças salariais entre homens e mulheres e melhorar a composição da remuneração em geral. “Isso pode ter implicações significativas para a promoção da igualdade de gênero e a redução da desigualdade social. Esses resultados podem ser úteis para a formulação de políticas públicas que visem promover a inclusão social e a redução das desigualdades. A pesquisa também contribui para a literatura sobre capital social, fornecendo novas evidências empíricas sobre a relação entre capital social e desigualdade salarial”, esclarece.

Com o título de “Os amigos dos meus amigos são meus amigos?: as consequências do capital social para as diferenças salariais entre homens e mulheres no Brasil”, o trabalho de Fábio Lúcio foi orientado pela professora Mércia Santos da Cruz e coorientado pelo professor Wallace Patrick Santos de Farias de Souza, ambos do Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGE) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Texto: Sala de Ciência

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