Jornal de Fato
As famílias que dependem do Programa de Acessibilidade Especial de Mossoró (PRAEM) estão reclamando da ineficiência do transporte de pacientes, que é responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde. As falhas iniciadas há algum tempo se intensificaram nos últimos dias, prejudicando as pessoas que precisam de tratamento especial.
O programa faz o transporte de pessoas que precisam de atendimento na rede municipal de saúde, residentes na periferia da cidade e que não têm condições de arcar com as despesas. O PRAEM é responsável por 13 diferentes serviços de transporte de pacientes acamados e não acamados para tratamentos de saúde em Mossoró, Natal e Fortaleza.
Só que a frota de veículos do programa não está garantindo o devido atendimento. Um grupo de mães de pacientes procurou a reportagem do Jornal de Fato para denunciar o descaso, uma vez que o município sequer está recebendo as reclamações das famílias prejudicadas.
A dona de casa Lúcia Geiza, residente do bairro Sumaré, zona leste de Mossoró, é uma das prejudicadas. Mãe de duas filhas especiais, ela precisa do transporte do PRAEM para se deslocar até o Centro de Reabilitação (CER), que fica no outro lado da cidade, no bairro Santo Antônio, zona norte. Há vários dias que o transporte do programa não cumpre a atividade diária, deixando os pacientes sem assistência.
“A nossa situação é delicada porque dependemos do serviço público. Não temos condições de pagar um Uber, que cobra 50 reais pelo transporte, por isso, dependemos do PRAEM para transportar nossas crianças aos locais de tratamento”, disse Geiza. As suas duas filhas precisam de acompanhamento, duas vezes por semana, por psicólogo, fonoaudiólogo e fisioterapia.
Dona Geiza conta que a Van do PRAEM, por diversas vezes, faz o transporte superlotada, uma vez que leva pacientes dos bairros Sumaré, Odete Rosado, Ilha de Santa Luzia, Nova Mossoró e até da Maisa, na zona rural. “Teve dia de as crianças irem na parte da frente porque a Van estava superlotada”, afirmou.
Sem informação
As famílias prejudicadas tentaram reclamar o problema na Secretaria de Saúde, mas não obtiveram êxito. Daí, fizeram contato com um responsável pelo transporte identificado como “Roberto”, mas ouviram dele que não existe previsão de quando o carro do PRAEM passará para levar os pacientes. Em áudio, do qual a reportagem teve acesso, a pessoa respondeu: “Hoje é terça-feira (ontem) e não temos como prever se amanhã, quinta ou sexta-feira o carro estará à disposição.”
Segundo as famílias prejudicadas, o transporte está comprometido devido à falta de manutenção dos veículos. Há poucos dias, a Van do PRAEM teve que voltar porque o motorista não conseguiu abrir as portas. “As crianças que aguardavam o carro tiveram que voltar para casa”, disse Lúcia Geiza, que há dois anos leva as suas filhas para acompanhamento especializados no CER.
As famílias pedem ao prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) medidas urgentes para resolver o problema. Se nada for feito, o grupo vai organizar uma mobilização para pressionar a gestão municipal. “Não vamos ficar de braços cruzados, porque o acesso à saúde pública é um direito de todos nós”, concluiu.
A reportagem tentou colher a explicação do município, mas a gestão do prefeito Allyson não responde aos pedidos de informações do Jornal de Fato.
PRAEM recebeu novos veículos há dois anos, mas não fez manutenção
Em maio de 2022, o prefeito Allyson Bezerra montou palanque para propagar que estava realizando o maior investimento para garantir transporte aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Programa de Acessibilidade Especial de Mossoró (PRAEM). Naquele momento, o programa estava renovando a frota com duas ambulâncias, um ônibus e seis vans.
Foi anunciado que as duas ambulâncias beneficiariam mensalmente mais de 400 pacientes que são transportados para tratamento de saúde em Mossoró e Natal.
Os ônibus seriam utilizados por 756 pessoas que precisam ir a Natal para tratamento de saúde.
E as vans atendem aos serviços de hemodiálise realizados no Centro de Diálise de Mossoró – CDM com 35 pacientes; hemodiálise no Hospital do Rim com 33 pacientes; fisioterapia infantil no Alto de São Manoel e adjacência com 32 pacientes e fisioterapia infantil nos bairros Abolição e adjacências com 30 pacientes.
As vans também seriam utilizadas por pacientes da zona rural até a sede do município para tratamento de fisioterapia, contemplando moradores da Maísa, Assentamento Olga Benário, Assentamento Montana, Assentamento Agrovila Apodi, Sítio Barrinha, Sítio Riacho Grande, Sítio Coqueiro, Assentamento Pau Branco, Sítio Passagem de Pedra d Agrovila Oziel Alves.
Só que, pouco mais de dois anos depois, o serviço está totalmente comprometido. As reclamações surgem diariamente, mostrando o sucateamento do transporte e falhas no cronograma de atendimento. As famílias, todas de menor poder aquisitivo, não têm condições de pagar despesas com transportes para o deslocamento até os locais de tratamento. Por isso, a necessidade é urgente, segundo elas, de a gestão municipal investir para recuperar a frota do Programa de Acessibilidade Especial de Mossoró.
A população necessitada pode solicitar os atendimentos do PRAEM presencialmente, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, na Secretaria de Saúde ou por meio do telefone 3315-4955.
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